Folha de S. Paulo


Lula reloaded

É surpreendente ver até onde vai a imaginação de um petista descontente. Há teses de sobra, umas fantasiosas, outras deselegantes, elaboradas por quem alimenta o burburinho sobre o retorno do ex-presidente Lula à "cédula" eleitoral de outubro.

O assunto está presente nas bancadas do Congresso, nos convescotes políticos, nas perguntas dos jornalistas e em mesas de bar.

Com a intensidade do movimento "volta, Lula" forçando até fotografias com ele e sua sucessora sorridentes e de mãos unidas para mostrar que tudo vai bem, esta coluna resolveu indagar os insatisfeitos para saber como o petista preteriria sua criatura.

Uns disseram que Dilma Rousseff faria um pronunciamento à nação revelando que a delicada situação econômica do país exigiria sua devoção permanente ao governo. Ela abdicaria de disputar as eleições.

Lula, triunfal, voltaria como salvador.

Alguns, mais cruéis, vieram com uma tese impiedosa, para dizer o mínimo. A presidente se internaria em um hospital. Sairia de lá uma semana depois com um laudo médico atestando estafa.

Lula, então, voltaria como redentor.

Outros, não menos criativos, elaboraram a simulação de uma briga feia da "afilhada ingrata" com o padrinho. O desentendimento estamparia os jornais. Os lulistas, aqueles sentados nos gabinetes da Esplanada, inclusive, tomariam as dores do chefe. Dilma, sozinha, perderia seu lugar na cabeça de chapa.

Lula, irritado, voltaria como vingador.

A única tese menos ardilosa, e que não aposta em um desfecho, digamos, hollywoodiano, é aquela na qual o regresso do pai pródigo se daria sem traumas internos. Dilma traria o antecessor para a vaga de vice; fariam um governo bicéfalo.

Lula, fiador, voltaria como muleta.

Ao ouvir, com semblante sério, as hipóteses de tantos colegas, um petista calejado, amigo e conhecedor do personagem, saiu-se com esta: nenhuma ideia vinga. Lula até que gostaria. Mas sabe que, se o fizesse, "voltaria a ser humano".


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