Folha de S. Paulo


As forças que vocalizam o Fora-Temer precisam de um projeto para o país

Bruno Santos/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 28-04-2017: Manifestantes em frente ao vão do MASP, na Avenida Paulista, protestão contra a reforma da Previdencia. (Foto: Bruno Santos/ Folhapress) *** FSP-XXXX *** EXCLUSIVO FOLHA***
Manifestantes em frente ao vão do Masp, na Avenida Paulista, protestam contra a reforma da Previdência

A construção de um programa de desenvolvimento nacional, democrático e progressista é o grande desafio a ser enfrentado pelas forças que vocalizam o sentimento anti-Temer, majoritário na sociedade.

É relativamente fácil se unir em oposição a um governo ilegítimo e impopular; difícil é formular, com unidade, um projeto alternativo e inovador, que estimule os investimentos, com geração de empregos, e garanta a soberania, a democracia e a justiça social, com direitos humanos, diversidade cultural, proteção ambiental e combate à intolerância.

O Datafolha mostrou que 65% dos eleitores rejeitam Temer, enquanto que 61% avaliam seu governo como péssimo ou ruim. Se fosse candidato, teria 2% dos votos. Ele tenta se manter com uma agenda liberal radical, não submetida às urnas, acreditando que seu legado seria o desmonte da Previdência e das leis trabalhistas, imposto de cima para baixo com o apoio do mercado.

Mas as propostas têm a oposição de, respectivamente, 71% e 64% dos brasileiros. As ruas se mobilizam, como mostrou a greve geral, a maior da história para quem conhece a trajetória e as fragilidades das greves no Brasil. Sua eventual aprovação será creditada à degradação de um Congresso formado por parlamentares governistas contemplados com cargos e emendas.

Reformas estruturais são necessárias; a Previdência e a legislação trabalhista precisam de ajustes. Mas elas devem ser debatidas com a sociedade, no âmbito de um projeto de desenvolvimento que tenha a democracia e a justiça social como valores fundamentais, incluindo outras reformas estruturantes, como a política, a tributária e a urbana.

Esse é o sentido do manifesto do Projeto Brasil Nação, liderado pelo ex-ministro de FHC, Bresser Pereira, articulação suprapartidária que já conta com o apoio de mais de dez mil cidadãos brasileiros.

Baseado em pilares como a autonomia nacional, pluralidade nas comunicações, política fiscal e cambial socialmente responsável, estímulo ao investimento público e privado, impostos progressivos, Estado de bem-estar amplo, com prioridade para saúde e educação, o projeto lança inicialmente propostas voltadas para a economia.

A inclusão da agenda da reforma urbana no Brasil Nação é estratégica. Nas metrópoles, os trabalhadores chegam a perder mais de 24 horas semanais (50% da jornada de trabalho) no deslocamento; a falta de saneamento, a insalubridade da moradia e o stress do trânsito comprometem a saúde e a vida dos cidadãos.

Temas como o combate à especulação imobiliária e à financeirização da habitação, a democratização do espaço público e viário, a função social da propriedade e a retomada do investimento em habitação e saneamento são estruturantes em um projeto para o Brasil.


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