Folha de S. Paulo


Candidata transexual vai disputar eleição em SP na cota de mulheres

Arquivo pessoal
Valeria Rodrigues, primeira transexual a conseguir oficializar candidatura à Câmara Municipal de São Paulo dentro da cota de candidaturas femininas estabelecida pela legislação eleitoral
Valeria Rodrigues, que vai disputar uma cadeira na Câmara Municipal

Valeria Rodrigues, 36, é a primeira transexual a conseguir oficializar sua candidatura à Câmara Municipal de São Paulo dentro da cota de 30% de candidaturas femininas estabelecida pela legislação eleitoral.

No último dia 22, na véspera da convenção do PCdoB, partido pelo qual sairá candidata, Valéria obteve na Justiça paulista o reconhecimento de sua identidade de gênero feminino, mesmo sem operação de mudança de sexo.

Além das políticas voltadas a mulheres transexuais e travestis, Valeria, que comando o Instinto Nice, em prol da inclusão social de pessoas trans, terá como bandeira em sua campanha na disputa eleitoral deste ano o combate à intolerância religiosa, principalmente as religiões de matrizes africanas (ela é do Culto a Ifá).

"Chega de mulheres transexuais e mulheres travestis estigmatizadas e reduzidas às migalhas que sobram", diz ela.

As advogadas de Valeria, que conseguiram a decisão inédita na Justiça paulista, acreditam ter aberto um precedente para casos semelhantes. Luiza Coppieters, que também disputará uma vaga na Câmara de São Paulo pelo PSOL, já procurou Tereza Cristina Zabala, Ana Carolina Camargo de Oliveira e Laís Prado.

"É um grande passo na Justiça, pautado sobretudo na dignidade da pessoa humana", disse Laís, lembrando que na sentença a favor de Valeria, dada em apenas 17 dias, também ficou estabelecido que, a partir de agora, todos os documentos dela estarão com o nome feminino. O nome masculino ficará em segredo de Justiça.

Segundo a advogada, a medida evitará situações discriminatórias.


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