Folha de S. Paulo


Delcídio prometeu falar de Lula e Dilma caso faça delação premiada

Nas conversas que tem tido com o Ministério Público Federal sobre a possibilidade de fazer delação premiada, o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) teria prometido falar de Lula, de Dilma Rousseff e também de ministros do governo dela.

CONEXÃO ATIBAIA
Delcídio do Amaral é próximo de José Carlos Bumlai, o fazendeiro amigo de Lula que já admite até ter participado da reforma do sítio frequentado pelo ex-presidente em Atibaia (SP).

CONEXÃO BRASÍLIA
O senador poderia revelar informações também sobre como o governo de Dilma Rousseff teria buscado nomear para tribunais superiores magistrados que seriam simpáticos às teses de defesa das empresas envolvidas na Operação Lava Jato. Dois ministros estariam na mira de Delcídio: José Eduardo Cardozo, da Justiça, e Edinho Silva, da Comunicação Social. Jaques Wagner também pode ser citado.

OLHA EU AQUI
Em janeiro, Delcídio enviou vários recados ao governo afirmando acreditar que a Justiça só não autorizava sua saída do cárcere porque Dilma, Cardozo e Lula não se moviam para que ele obtivesse o benefício. Citá-los na delação seria a revanche pelo menosprezo com que acreditaria estar sendo tratado.

PASSA BATIDO
Integrantes da equipe de Dilma que receberam os recados acreditavam que a história de que o governo tentou interferir nos tribunais não "colaria", especialmente por envolver Cardozo. O ministro é criticado justamente por não interferir nos trabalhos da Polícia Federal nem mesmo quando há queixas de excessos nas operações.

AMIGO RENAN
Há parlamentares também na explosiva lista de Delcídio. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), seria um dos poupados.

AMIGA DILMA
Antes de ter a prisão decretada, o marqueteiro João Santana repetia até aos mais próximos declarações de afeto e fidelidade à presidente Dilma Rousseff.

HISTÓRIA EM FAMÍLIA
A senadora Marta Suplicy e o secretário municipal de Direitos Humanos, Eduardo Suplicy, foram ao lançamento do livro "Supla: Crônicas e Fotos do Charada Brasileiro", do filho Supla. Os músicos João Suplicy e Kiko Zambianchi e a atriz e apresentadora Luisa Micheletti estiveram no evento, na livraria Saraiva do shopping Pátio Paulista, na sexta (19).

PÁREO DURO
Com os funcionários em greve e dívidas de mais de R$ 48 milhões, o Jockey Club de SP cancelou as corridas do fim de semana. Os trabalhadores estão há quatro meses sem receber. O "quadro de colapso iminente, praticamente insolúvel", como define a própria diretoria, inclui ainda atraso de R$ 9 milhões no pagamento de prêmios.

PÁREO DURO 2
E sócios se mobilizam para impedir a venda de três imóveis do clube. A medida seria votada hoje em assembleia, suspensa ontem por decisão judicial. O Jockey diz que o "enfraquecimento financeiro e institucional" é culpa "da progressiva e ininterrupta" queda da atividade turfística nos últimos 30 anos.

NEM TÃO BÁSICA
O cantor Johnny Hooker fez show com participação de Otto e Karina Burh na festa Sexta Básica, na Audio, na sexta (19). O produtor artístico Thiago Lopo, a fotógrafa Kenza Said e o rapper Rico Dalasam também passaram por lá.

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"É IMPOSSÍVEL CHEGAR AOS 60 SEM SABER O QUE É DOENÇA"

No Brasil para divulgar "Meu Amigo Hindu", o ator americano Willem Dafoe, 60, diz que perdeu 9 kg para atuar no filme inspirado na luta contra o câncer do diretor Hector Babenco. Dafoe também conversou com a coluna sobre a crise no cinema e sua experiência com doenças.

Folha - Como foi trabalhar com um elenco brasileiro?
Willem Dafoe - Cinema é uma arte internacional, então não senti muita diferença entre trabalhar com brasileiros e atores de Hollywood. Claro que português é a primeira língua deles, então o filme ser em inglês é mais desafiador. Mas na maioria dos casos não foi um problema. Eles foram muito doces comigo.

Qual sua experiência pessoal com doenças como a do filme?
É impossível chegar aos 60 sem saber o que é doença. Ainda mais tendo morado em Nova York nos anos 1980 [quando houve epidemia de Aids]. Uma das minhas irmãs teve câncer. E desde novo estou familiarizado com hospitais: meu pai era médico e a ideia dele de passar tempo comigo era me levar para o hospital. Às vezes eu limpava a clínica dele para ganhar um dinheiro. Isso faz você se acostumar com todo tipo de fluido corporal! [risos]

Você passou muito tempo com Babenco para se preparar?
Estive com ele todos os dias na gravação. É suficiente! [risos] Ele tem um jeito muito próprio, adoro sua companhia. Às vezes eu queria que ele me desse uma ideia: "Nessa situação, o quanto é real?". E ele me olhava como se não soubesse do que eu estava falando. Tipo "você é o ator, tá aqui o roteiro, se vira!".

Produtores do Brasil reclamam da crise aqui, como a que os EUA sofreram em 2008.
A crise ainda existe nos EUA. A indústria não investe mais na continuação da cultura de cinema, na formação de cineastas. É por isso que muita energia está indo para a televisão -eles sabem onde está o dinheiro, o que as pessoas querem e entregam para elas. Mas isso não impulsiona a comunicação mais além. É um conforto, mas a arte não progride.

O público americano está mais aberto a filmes estrangeiros?
Os EUA estão ficando menos "norte-americanos" [risos]! No sentido de que o país está mais miscigenado. Não sei se estamos mais abertos, mas agora há comunidades que aceitam ler legendas, ver um filme rodado fora.

O que você acha dos protestos contra a ausência de indicação de atores negros ao Oscar?
Não sei! Sinto empatia pelo que eles estão dizendo, mas é difícil porque não sei como corrigir. Não entendo profundamente do assunto. Para mim, é mais próximo a questão das cineastas mulheres [Dafoe é casado com a diretora Giada Colagrande], que são um percentual muito pequeno da indústria. O que eu mesmo posso fazer é trabalhar com cineastas mulheres e tentar contar todo tipo de histórias, incluindo as de minorias. Mas às vezes não sei como posso ser útil nesse tipo de assunto.

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CURTO CIRCUITO

Wolney Oliveira lança o livro "Soldados da Borracha: os Heróis Esquecidos", nesta terça (23), às 21h30, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.

A mostra sobre pós-impressionismo que estará no CCBB-SP de maio a julho segue depois para o CCBB-RJ, onde fica de julho a outubro.

O projeto Comité Cine Club estreia programação nesta terça (23) no Cinesala, com o curta "Dá Licença de Contar", de Pedro Serrano, às 21h.

O artista plástico Aurélio Martins abre nesta terça (23) a mostra "Série Esportes", às 19h, na 4Eat Burger, em Pinheiros.

Tati Bernardi lança nesta terça (23) o livro "Depois a Louca Sou Eu", na Livraria da Vila da Fradique Coutinho. Às 19h

O cantor Luiz Pié se apresenta nesta terça (23) no Tom Jazz, em Higienópolis, às 21h.

com JOELMIR TAVARES, MARCELA PAES e LETÍCIA MORI


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