Folha de S. Paulo


Família de Chatô quer impedir exibição do filme, diz diretor

Guilherme Fontes, diretor do longa "Chatô, o Rei do Brasil", diz que familiares de Assis Chateaubriand enviaram uma notificação extrajudicial para uma rede de cinemas que vai exibir o filme pedindo a retirada do longa-metragem da programação por representar calúnia à imagem do personagem principal.

"Eles alegam que o filme mostra Chatô como assassino e aliciador de menores por se relacionar com uma garota de 16 anos, mas na verdade ele casou com ela e isso era algo comum na época. Nunca tive a intenção de mostrá-lo como vilão. Minha ideia era humanizá-lo", diz Fontes. "Foi um grande homem, cheio de defeitos, as pessoas têm até me dito que o veem como herói."

Para o presidente da Comissão de Direitos Autorais, Imateriais e Entretenimento da OAB-RJ, Fábio Cesnik, não há razão para que o filme não seja exibido. "Não há censura prévia no Brasil", afirma.

O escritor Fernando Morais, autor do livro no qual no filme foi baseado, comentou o caso em seu perfil no Facebook:

"Não sei que filme os herdeiros de Chatô assistiram, mas certamente não foi o que eu e centenas de pessoas vimos anteontem em São Paulo. No filme (e no livro) Chatô não mata ninguém. É possível que eles estejam se referindo não à morte, mas à castração do industrial Oscar Flues –esta, sim, real e realizada por ordem de Chatô. Fato, aliás, fartamente noticiado pela imprensa da época. Quanto à menor, Chatô não seduziu nem estuprou. Ele, aos 42 anos, casou-se com a garota que tinha então 16 anos. Os herdeiros de Chatô talvez não saibam, mas a ditadura acabou há 30 anos. E, com ela, felizmente, a censura".

A Folha tentou entrar em contato com a família Chateaubriand, mas não obteve sucesso.


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