Folha de S. Paulo


Cassação de Dilma pelo TSE poderia ser vista como golpe, segundo ministro

A possibilidade de Dilma Rousseff e Michel Temer serem cassados por decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) é tida como extremamente complexa até por ministros tradicionalmente contrários à presidente e que integram a corte. Uma decisão tão drástica, tomada por um colegiado de apenas sete juízes, poderia ser encarada como um "golpe paraguaio", nas palavras de magistrado considerado crítico ao governo.

MANCHA
Em 2012, o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, foi afastado do cargo por votação do Legislativo endossada em poucas horas pelo tribunal eleitoral do país. A repercussão internacional foi péssima, com a condenação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização de Estados Americanos).

DAQUI NÃO SAIO
Uma cassação da chapa Dilma/Temer passaria o poder imediatamente ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), possibilidade que assusta até mesmo setores do PSDB que temem o perfil do parlamentar, considerado conservador e autoritário. Uma vez no comando direto do país, ele se movimentaria avidamente para nele permanecer, dando um "baile" nos tucanos pró-impeachment.

PLACAR
A tendência, portanto, é o TSE aumentar a temperatura da crise política, esquadrinhando as contas eleitorais de Dilma e Temer e dando visibilidade ao depoimento do delator Ricardo Pessoa, da UTC, que falará ao tribunal -sem, no entanto, chegar ao extremo do afastamento. Decisão tão drástica, como desenlace de eventual agravamento da crise, seria discutida no Congresso Nacional, de maior legitimidade democrática.

PLACAR 2
Entre os três ministros do TSE que são considerados alinhados com o governo, a posição é até mais rígida. Acham que o depoimento do delator deve ser relativizado ao máximo, caso ele não apresente provas cabais de que colaborou irregularmente para a campanha eleitoral de Dilma. Lembram que o empreiteiro deu recursos também para a chapa de Aécio Neves e do vice, Aloysio Nunes Ferreira, que foi inclusive citado na lista dos que receberam dinheiro irregularmente da UTC. Ele nega.

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TV pode mostrar tudo, mas com delicadeza, diz Jayme Monjardim

Em meio a uma das maiores crises de seu horário nobre –com "Babilônia" tendo audiência na casa dos 20 pontos na faixa das 21h e sofrendo boicote de evangélicos–, a Globo leva ao ar na sexta (10) o último capítulo de uma novela considerada internamente sucesso de público e crítica.

"Sete Vidas", da autora Lícia Manzo, tratou de temas como doação de sêmen e novas famílias no horário das 18h. O diretor da trama, Jayme Monjardim, falou à coluna.

Folha - Como avalia a novela?
Jayme Monjardim - É um texto incrível, com um tema que gera identificação com o público. Uma grande história sempre vai dar certo. Nunca vi um comentário contra essa novela. Se todo mundo tivesse a fórmula do sucesso, caraca, genial. Mas ninguém tem.

A audiência correspondeu?
Foi ótima. Acho que a gente fecha numa média nacional de 23 ou 24 [pontos].

Como foi sua participação no papel de diretor?
Foi um projeto que nasceu de ambos. Ela [Lícia] queria tratar de doação de sêmen, eu sonhava em fazer um projeto na Antártica. Não existe uma novela sem ter um casamento de autor e diretor. Impossível. [Em 2005, Monjardim deixou "América" no início, após divergências com Glória Perez.]

Que avaliação faz do trabalho do seu filho Jayme Matarazzo, um dos protagonistas?
Um trabalho lindo. Ele, a Isabelle [Drummond], o Domingos [Montagner] e a Débora [Bloch] realmente atenderam 100% aos nossos desejos. Foram perfeitos.

Sobre a personagem Esther (Regina Duarte), que é viúva de outra mulher, sempre foi comentada a sexualidade dela...
Mas sempre foi comentada para o bem.

Na reta final um ex-namorado dela se reaproximou. Por quê?
Tem que falar com a autora. A personagem foi colocada de uma forma tão bacana que não houve crítica.

Fala-se que o país vive uma onda conservadora. Essa discussão se aproximou da novela?
Não. Acho que todos os assuntos devem ser tocados. Não existem mais tabus. Só que tudo tem que ser tratado com delicadeza e certeza. Você não pode tratar de uma forma bruta assuntos que hoje mexem com a sociedade.

A história dos filhos com duas mães é um exemplo disso?
Total. Quantas famílias não vivem essa nova forma? A gente não pode fechar os olhos para o novo, para coisas que estão acontecendo. É totalmente real. Não é ficção.

Sua novela anterior, "Em Família" (2014), teve problemas de crítica, de audiência...
Isso é você que diz.

Para você não teve?
Não. A TV mudou. Hoje não tem mais audiência de 40, 50, 60. Isso já era. Agora varia de 30 a 35. Então considero que a última novela que fiz com o Maneco foi um grande sucesso [teve média de 30 pontos].

Acha que a televisão brasileira às vezes subestima a inteligência do público?
Repete... Como é que é? [pausa] De uma coisa tenho certeza: uma boa história não tem como dar errado, é infalível. Agora, se todas [as novelas] são assim, se umas têm os mesmos caminhos... Não sei. Falo por "Sete Vidas". Sei que tive um bom texto, diálogos incríveis... Uma novela que prendeu as pessoas.

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CARIOCAS DEMAIS
O grupo Melanina Carioca fez show de lançamento de seu primeiro CD e DVD, na quarta (8). Os atores Marcello Melo Jr., Roberta Rodrigues, Jefferson Brasil e Negueba são alguns dos membros da banda, que se apresentou no Carioca Club. Passaram por lá o comerciante Fábio André, a grafiteira Crica Monteiro e os músicos Vitin e Fábio Barroso.

NÃO SOU EU
Anitta, que vai participar como atriz de "Tomara Que Caia", diz esperar "pelo menos não dar trabalho" para a direção do humorístico da Globo. "Não acho que sou a Fernanda Montenegro, mas faço meu feijão com arroz", afirma a cantora, que já fez aulas de teatro, mas admite ser difícil viver um personagem.

MENINOS MALUQUINHOS
Wandi Doratiotto é um dos atores que se apresentam no espetáculo de humor "Homens Insanos", que teve estreia na terça (7). O músico Danilo Moraes e a cineasta Thais Cocca assistiram à apresentação, no Teatro Augusta. A direção é de Grace Gianoukas.

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CURTO-CIRCUITO

O ator Rodrigo Pandolfo estreia como diretor na peça "A Moça da Cidade", que inicia temporada nesta sexta (10), às 19h15, na Caixa Cultural São Paulo. Livre. Grátis.

O tenor brasileiro Thiago Arancam será jurado do festival de artes Slavic Bazaar em Vitebsk, na Bielorrússia.

A Cia. Físico de Teatro apresenta o espetáculo "Temporada de Verão", nesta sexta (10), às 21h30, no Sesc Belenzinho. 14 anos.

A Companhia de Teatro Manual encena o espetáculo "Hominus Brasilis", nesta sexta (10), às 20h, no Teatro Zanoni Ferrite. Grátis. 10 anos.

com JOELMIR TAVARES, MARCELA PAES e LETÍCIA MORI


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