O prêmio nobel da Paz e ex-presidente do Timor Leste, Jose Ramos-Horta, escreveu uma carta aberta pedindo aos brasileiros "trégua" durante o Mundial. "Em vez de boicotes e greves, poderiam fazer vigílias noturnas, acendendo velas, cantando canções de protesto contra a escandalosa corrupção, a desigualdade que fere", diz ele. "Só um mês!", afirma ainda, dizendo que países pobres "muito ou tudo investiram" para participar da Copa.
TOMBO FEIO
Ele lembra ainda que apoiou a candidatura do Brasil para ser sede do evento, e que agora vê o país "que todos admiramos tombar de repente de um efêmero pedestal internacional para ocupar manchetes (...) com reportagens dramaticamente negativas". Ramos-Horta finaliza dizendo não querer "ver o Brasil que admiro ser enxovalhado e humilhado perante todo o mundo".
PARA CONHECIMENTO
A carta deve ser enviada hoje por um emissário a Lula e a Dilma Rousseff.
Por e-mail, Ramos-Horta explicou à coluna as razões da iniciativa:
Por que o senhor resolveu escrever uma carta aberta?
Fiquei preocupado e triste com as notícias que me chegam com os grandes atrasos nas obras da Copa-2014. Isso em si já e um grande embaraço. Segundo lugar, as notícias da corrupção e péssima gestão por quem de direito. Terceiro, preocupado com as possibilidades de greves, manifestações a somar a todos os outros problemas.
Ficou surpreso ao ver tanto pessimismo justamente no país do futebol?
Amigo do Brasil, um grande amigo e admirador que eu sempre fui, alguém que sempre sonhou ver o Brasil finalmente erguer-se e ficar igual a todos os outros grandes do mundo, fico muito preocupado, triste, com o que está a acontecer.
O senhor torce pelo sucesso do Mundial?
A Copa tem que correr bem! Não pode correr mal! Façamos uma trégua! Depois da Copa se façam investigações muito sérias sobre a corrupção e má gestão que está a causar tanta revolta entre os cidadãos brasileiros e tão má publicidade ao Brasil.
Pretende vir ao Brasil para os jogos?
Infelizmente, não irei. Tenho muitos outros compromissos. Mas vou rezar por Portugal e a seguir pelo Brasil. Se nem Portugal nem Brasil ganhar, que Deus ajude então uma seleção africana a ganhar!
O que o senhor espera que aconteça após o Mundial?
A Fifa tem que ser investigada e todos os responsáveis pela corrupção deviam ser julgados. O desporto está sendo corrompido. Desde a dopagem de Lance Armstrong aos negócios sujos da Fifa estão a subverter todos os valores do desporto.
#VEMPRATELA
Os cineastas Fernando Meirelles e Beto Brant foram à pré-estreia do documentário "Junho - O Mês que Abalou o Brasil", realizado pela Folha, anteontem. O evento, no Espaço Itaú de Cinema de SP, reuniu convidados como o diplomata Paulo Sérgio Pinheiro, o músico Paulo Miklos e a atriz Maria Ribeiro. A primeira exibição do filme, dirigido pelo fotógrafo e editor João Wainer, também contou com a presença do empresário Facundo Guerra e da cantora Tiê.
A COPA É NOSSA
Os brasileiros, e não os estrangeiros, vão lotar os estádios na Copa de 2014: 80% dos ingressos da abertura, no Itaquerão, em São Paulo, foram distribuídos ou comprados no país. Destes, 51% estão nas mãos de paulistas e 15,6%, nas de cariocas.
CADEIRA CATIVA
No jogo da Holanda contra o Chile, também em São Paulo, 49% dos ingressos foram comprados por paulistas, 24%, por holandeses, 6,6%, por chilenos, e 5,5%, por pessoas que vivem nos EUA. Na partida do Uruguai contra a Inglaterra, 12% estão nas mãos de uruguaios, 12%, nas de ingleses, e 6% foram comprados nos EUA.
CADEIRA CATIVA 2
Na semifinal, o maior público, depois dos brasileiros, será de alemães (7,8%) e de argentinos (7,7%).
NA TORCIDA
Joaquim Barbosa, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), comprou ingresso para um único jogo: o de Gana contra Portugal, no dia 26, em Brasília. Em março, o ministro visitou o país africano e ouviu que seus ascendentes provavelmente saíram de lá para serem escravizados no Brasil.
TURNÊ NACIONAL
E Gilberto Gil cancelou a turnê que faz todos os anos, há três décadas, pela Europa, em julho. Decidiu rodar o Brasil para assistir aos jogos da Copa com o neto Bento, 10. Vai inclusive às partidas em que a seleção canarinho não estará em campo.
SEM BANQUINHO
Um sofá de 1950 será a peça principal do show "No Osso", de Marina Lima. O móvel de jacarandá sobre uma rede de pesca foi emprestado pelo colecionador Teo Vilela Gomes para as apresentações no Tom Jazz, em SP, nos dias 5 e 19. "Minhas composições nasceram no sofá, abraçada ao violão e com os pés para cima", diz a cantora.
SE ESSA RUA FOSSE MINHA
A cineasta Tata Amaral lançou a série de documentários "Rua!", ao lado da filha, a também diretora Caru Alves de Souza, na Cinemateca Brasileira. O secretário municipal de Direitos Humanos, Rogério Sottili, a atriz Rita Batata, o produtor cultural Leandro Pardí, o superintendente de comunicação do Sesc, Ivan Giannini, e o cineasta Ícaro Martins foram ao evento.
EM CIMA...
Fiscais do Conselho Regional de Medicina de São Paulo verificam hoje a estrutura para atendimento no Itaquerão. Eles avaliam se o estádio tem condições de dar encaminhamento a casos de urgência. A entidade recomenda que haja ambulâncias e equipes médicas e que fique claro quais são as rotas de fuga e os leitos de hospital disponíveis perto da arena.
...DA HORA
As blitze, coordenadas pelo Conselho Federal de Medicina, ocorrem nas 12 cidades-sede e devem ser concluídas na semana que vem. "Tentamos fazê-las antes, mas os comitês estaduais da Copa pediram prazo maior para dar tempo de concluírem as instalações", diz Emmanuel Cavalcanti, do departamento de fiscalização da entidade.
CURTO-CIRCUITO
Walter Feldman lança o livro "Vitamina D e Esclerose Múltipla", nesta quarta (4), a partir das 19h, na Livraria Cultura do shopping Iguatemi.
Deco Farkas abre exposição nesta quarta (4), às 20h, na galeria Virgilio, em Pinheiros.
Viviane Senna recebe convidados no Lounge Ayrton Senna, nesta quarta (4), na Casa Cor.
O Mombojó lança disco com festa nesta quarta (4) no Bar Balsa.
O Itaú Cultural, na Paulista, inaugura nesta quarta (4), às 20h, a mostra "Oscar Niemeyer: Clássicos e Inéditos".
com ELIANE TRINDADE, JOELMIR TAVARES, MARCELA PAES e NICOLAS IORY