Folha de S. Paulo


Aécio Neves: 'estou preparado para decisões impopulares'

No pequeno púlpito montado na sala de jantar de sua casa, tendo como fundo uma parede com quadros de Di Cavalcanti, João Doria Jr. chama Aécio Neves para falar à seleta plateia de empresários que foram ao encontro com o presidenciável tucano. "Um jovem amigo. Um dos mais valorosos nomes da política brasileira. Ele é o novo!"

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Os convidados, que já tinham aplaudido os governadores Geraldo Alckmin, de SP, e Antonio Anastasia, de Minas, voltam a bater palmas.

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Mas é quando Fernando Henrique Cardoso é anunciado que o público realmente se empolga.

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Empresários como José Luiz Cutrale, maior produtor de suco de laranja do mundo, André Esteves, do BTG Pactual, Guilherme Leal, da Natura, e Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco, se levantam para aplaudir aquele que, segundo Doria, é um "exemplo de homem público", "de ser humano", "de brasilidade", "de estadista". E o grande fiador da candidatura de Aécio.

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Antes de ceder o microfone, Doria fala dos 50 anos do golpe militar. "Viva a democracia!", afirma. E todos, em uníssono: "Viva!".

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FHC se diz "sem palavras". E inicia um breve discurso de apresentação de Aécio.

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Lembrando seu próprio governo, acena com a possibilidade de reformas numa eventual gestão do tucano mineiro. "O reformador só é aplaudido depois de muito tempo." O Brasil precisa de um novo rumo, segundo ele. "E não dá para mudar com as mesmas pessoas. O cachimbo deixa a boca torta."

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Antes de falar, Aécio chama Armínio Fraga, presidente do Banco Central no governo FHC, para ficar ao seu lado, sinalizando que ele terá papel primordial na condução da economia em seu eventual governo. "Ninguém tem o time que nós temos", diz o mineiro. "Vou anunciar aos poucos quem estará comigo. Esse time dará confiança ao mercado."

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Aécio segue: "Eu conversava com o Armínio e ele me perguntou: 'Mas é para [num eventual governo] fazer tudo o que precisa ser feito? No primeiro ano?'. E eu disse: 'Se der, no primeiro dia'".

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"Eu estou preparado para tomar as decisões necessárias", diz. "Por mais que elas sejam impopulares." Num outro momento, repete: "Se o preço [das medidas] for ficar quatro anos com [índices de] impopularidade, pagarei esse preço. Que venha outro [presidente] depois de mim". Sua ambição, diz, não é ser querido. E sim "fazer o maior governo da história do país".

O tucano não detalhou que medidas seriam essas. Um dos empresários disse à Folha: "Ele está querendo dizer que vai reajustar tarifas. Não dá mais para empurrar com a barriga, como o governo [Dilma Rousseff] está fazendo, por populismo".

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Começam as perguntas. O banqueiro André Esteves diz que o país vive numa "armadilha do baixo crescimento", em que se "esgotou a capacidade de crescer pelo consumo". "Temos que investir" e, para isso, o governo tem que despertar "a confiança".

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Horacio Lafer Piva, ex-presidente da Fiesp, pergunta como o presidenciável fará sua mensagem chegar "aos que votam com o estômago", referindo-se aos beneficiários de programas sociais do governo. Jorge Gerdau pede que ele se comprometa a não aumentar a carga tributária.

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Depois de responder a todas as perguntas, Aécio Neves se despede com uma brincadeira: "Se tudo der errado, eu tenho um craque para entrar em campo". Ele, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

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STJ mantém condenação de Dado Dolabella por agredir Luana Piovani

O Superior Tribunal de Justiça decidiu ontem que a Lei Maria da Penha se aplica, sim, no caso da agressão do ator Dado Dolabella à atriz Luana Piovani.

A corte reverteu, portanto, uma polêmica decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que tinha afastado a aplicação da lei pelo fato de Luana não poder "ser considerada uma mulher hipossuficiente ou em situação de vulnerabilidade", além de não manter relação considerada "estável" com Dolabella.

O TJ dizia ainda que a atriz não era "uma mulher oprimida ou subjugada aos caprichos de um homem".

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A decisão do tribunal do Rio preocupava feministas e movimentos de mulheres pois abria um precedente considerado perigoso, discriminando as mulheres que poderiam e as que não poderiam apanhar.

O STJ afastou esse entendimento, considerando que a lei vale para toda e qualquer mulher, independentemente de sua condição física ou social. E manteve, portanto, a condenação de Dolabella a 9 meses de prisão.

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Ele não deverá cumprir a pena porque ela prescreveu. Outra parte do processo, no entanto, condena o ator a dois anos de prisão por ter agredido, na mesma ocasião, a camareira Esmeralda de Souza, que estava perto do casal no momento da briga.

Divulgação/TV Globo/AgNews
Luana Piovani e Dado Dolabella; ator foi condenado a 9 meses de prisão por agressão, mas pena prescreveu
Luana Piovani e Dado Dolabella; ator foi condenado a 9 meses de prisão, mas pena prescreveu

CAIXA
A arrecadação de ICMS no Estado de São Paulo bateu a casa dos R$ 9,7 bilhões em fevereiro, crescimento de 6% na comparação com o mesmo mês do ano passado. No acumulado dos dois primeiros meses do ano, o resultado foi 6% maior em relação a igual período de 2013. Segundo análise do Sindicato dos Agentes Fiscais de Rendas, 20% da receita tributária prevista para o ano já entrou em caixa.

CAIXA 2
Para a entidade, a arrecadação acima da média histórica nos dois primeiros meses é reflexo de medidas do governo estadual, que estendeu prazos de recolhimentos do ICMS. Já a arrecadação com IPVA (que atingiu R$ 2,3 bilhões) tem a queda de 2,5% em relação a fevereiro de 2013 atribuída à antecipação do pagamento pelos contribuintes em janeiro.

GUERRILHA
Em encontro com cerca de 150 militantes do PSDB anteontem à noite, o secretário de Estado de Transportes, Jurandir Fernandes, disse que a repercussão dos casos de abuso sexual de mulheres no metrô e trens deu "uma impressão de que ali é terra de ninguém". "É justamente o contrário. [...] Como não tinha nada, nada, nada para falar talvez, entrou a história do assédio, assédio, assédio, estupro, estupro", afirmou.

GUERRILHA 2
Fernandes também chamou de "maracutaia" as denúncias de cartel no setor, atribuídas por ele aos "adversários políticos". "Realmente, arrumaram algo para nos dar bastante trabalho. Vamos ter que enfrentar de cabeça erguida." Acusou "a militância de certos partidos" de ser financiada por "Banco do Brasil, Petrobras, Caixa" para ficar "martelando noite e dia nas mídias sociais".

GUERRILHA 3
A reunião foi a primeira que o partido promoveu com secretários para incentivar os membros a "fazer a contracrítica e a defesa" do governo nas redes sociais, como disse ao microfone o presidente estadual da legenda, Duarte Nogueira. Milton Flávio, do diretório municipal, falou que a palestra ajudaria os tucanos a se "armar" para o "embate".

PÚBLICO E PRIVADO
Doze quilos mais magra após filmar "A Estrada do Diabo", Deborah Secco exibiu a boa forma em um macacão decotado e também o novo namorado, o ator Bruno Torres (foto ao lado), no desfile da Cavalera. Posaram juntos e ficaram de mãos dadas na primeira fila. Quando indagada sobre o nome dele, a atriz respondeu com o chavão: "Não falo de vida pessoal".

TAPETE VERMELHO
Os artistas da Globo que participam hoje do "Vem Aí" —a apresentação das novas atrações da emissora— terão seus figurinos detalhados por uma câmera 360º, semelhante às usadas nas transmissões do Oscar e Globo de Ouro.

PRIMEIROS FLASHES
A atriz Deborah Secco foi ao primeiro dia da SP Fashion Week acompanhada do namorado, Bruno Torres. A atriz Letícia Spiller e a consultora de moda Costanza Pascolato também estiveram no evento, no parque Candido Portinari. A modelo Isabeli Fontana levou o filho mais velho, Zion, para vê-la desfilar pela grife Tufi Duek.

CURTO-CIRCUITO

Gal Costa se apresenta hoje e na próxima quarta, na Terra da Garoa, no centro, às 21h. 16 anos.

A exposição "Trans Formed Society", do fotógrafo Thomas Baccaro, abre hoje, às 22h, no D4 Boteco Galeria, nos Jardins.

Nando Reis lança CD e DVD hoje, às 19h30, na Saraiva do shopping Eldorado.

A procuradora da República Karen Kahn faz palestra sobre cartel, amanhã, no auditório da Procuradoria da República em SP, às 16h. Inscrições no órgão.

com ELIANE TRINDADE, JOELMIR TAVARES, MARCELA PAES e NICOLAS IORY


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