Folha de S. Paulo


'Quero minha arte democratizada', diz Romero Britto ao abrir nova loja em SP

Um homem corre pelo shopping Eldorado, em SP, com uma tela de Romero Britto recém-comprada nas mãos. "Cadê ele? Quero um autógrafo", diz, acompanhado da mulher e filha.

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Eram 21h30 de anteontem e o artista plástico acabara de sair da inauguração de sua nova loja -que vende desde canecas e gravatas até malas e poltronas, com preços entre R$ 75 e R$ 300 mil.

Durante uma hora e meia, mais de 200 pessoas se acotovelaram no espaço de 90 m². Recebido como popstar, o pernambucano que mora em Miami (EUA) foi seguido por dezenas de câmeras de celular —muitas com estampas dele na capinha.

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A vendedora Eliana Albuquerque mostrava emocionada ao ídolo a tatuagem de um desenho dele no braço. "As pessoas olham [para as peças] e podem achar que é só um gatinho. Não sabem que por trás tem um grande artista", dizia. Outra fã chorava e pulava após conseguir um autógrafo em um capacete colorido criado pelo artista.

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De pessoas conhecidas, compareceram Beth Szafir —que será "confinada" no reality "Aprendiz Celebridades"—, o ator Sebastian, das campanhas da C&A, e Fabio Arruda, ex-"A Fazenda".

Romero —que faturou US$ 80 milhões no ano passado— falou à coluna com seu sotaque americanizado:

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Folha - Quem é seu cliente?
Romero Britto - Todo tipo de gente. Desde quem compra obra de arte cara até quem compra objeto. Quero minha arte democratizada.

Esse é o motivo das críticas.
Quero minha arte vista e desfrutada por milhões de pessoas. Não é que eu vá fazer um parque, mas sempre admirei Walt Disney.

Como responde aos críticos?
Quando você faz uma coisa e faz muito bem, existe inveja. Artistas do passado foram criticados. Picasso, Andy Warhol... Tudo de novo, diferente e de sucesso as pessoas criticam.

Como embaixador da Copa, o que acha dos protestos?
[O futebol] É uma coisa tão bonita e tão nacional, mas alguns querem segurar. As pessoas deveriam abraçar.

E os problemas no país?
As pessoas têm que olhar separadamente. Não é que não vai ter esporte e vai ter saúde, não vai ter esporte e vai ter estrada ou aviação.

E sobre Dilma Rousseff?
Nem os Estados Unidos têm uma presidente mulher, e o Brasil tem. Então é uma grande coisa.

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AGÊNCIAS ENTRAM EM ATRITO COM MARCAS AO REAJUSTAR CACHÊS DE MODELOS

Às vésperas da SP Fashion Week, um reajuste na tabela de cachês dos modelos provocou uma queda de braço entre as maiores agências, de um lado, e as marcas contratantes e o mercado publicitário, do outro. Acusadas de cartel, as agências tentaram impor reajustes como no valor da participação em desfiles, que passou de cerca de R$ 600 para R$ 800.

TABELA
Segundo a Abrafoto (Associação Brasileira de Fotógrafos Profissionais), a nova tabela, que não era reajustada havia alguns anos, foi enviada ao mercado pelo Sated (Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos), que representa a categoria. "Isso é ilegal. A tabela deve ser referencial. Do jeito que foi feito, é imposição", afirma Cristiano Burmester, presidente da Abrafoto. "Se for aplicada, é mais barato contratar estrangeiras."

TABELA 2
Eli Hadadd, diretor da Mega, nega a formação de cartel entre as grandes agências. "Houve um reajuste da tabela, mas os valores são sugeridos. Tenho modelos de diversos preços. Não posso controlá-las, elas não são mercadoria." A tabela prevê suspensão do registro por cinco anos para modelos que trabalharem abaixo do valor estipulado.

MÃE NA ESCOLA
As mulheres em São Paulo estão dispostas a encarar tripla jornada para voltar a estudar. A conclusão é de levantamento da Secretaria de Estado da Educação com 70 mil alunos dos Centros de Educação de Jovens e Adultos: seis em cada dez estudantes são do sexo feminino, 43% têm emprego fixo e 44% têm um ou dois filhos. As 31 unidades dessa modalidade de ensino têm carga horária flexível para atender quem quer retornar à sala de aula.

Bruno Poletti/Folhapress

DA GRAMA À GRANA
Julio Cesar Casares, vice-presidente de comunicações e marketing do São Paulo e diretor da Rede Record, lançou anteontem seu livro "Transformando Grama em Ouro", na Livraria Cultura do Conjunto Nacional. Ele recebeu amigos e convidados ao lado da mulher, Debora Molinari Silva.

EM OUTRA
José Padilha não quer mais fazer filmes policiais nem de super-heróis. O desejo do diretor de "Tropa de Elite" e "Robocop" é rodar um longa de ficção científica. Diz ainda que "o Rio está expelindo as pessoas". Queixou-se com amigos, no restaurante Sushi Leblon, que leva 50 minutos do Jardim Botânico até a Gávea para levar o filho à escola.

ANOS NEGROS
Marcos Pires e Neno Rabello, as duas únicas testemunhas oculares do desastre que matou Zuzu Angel, chegam a SP na segunda-feira para a abertura da mostra "Ocupação Zuzu Angel", no Itaú Cultural. À Comissão Nacional da Verdade, eles sustentaram que a morte da estilista na ditadura não foi acidental.

HERMANOS
O longa "7 Caixas", maior bilheteria do Paraguai, será lançado no Brasil pela distribuidora Tucumán, em parceria com o canal Telecine. O diretor Juan Carlos Manegria usou só atores amadores.

CURTO-CIRCUITO

O cineasta Cristiano Burlan realiza hoje pré-estreia do filme "Amador", no CineSesc, às 17h. 12 anos.

Lygya Pinheiro lança hoje o livro "San e a Descoberta dos Símbolos Sagrados", às 16h, na Livraria da Vila da alameda Lorena.

O estilista brasileiro radicado em Nova York Geová Rodrigues apresenta amanhã prévia de sua nova coleção primavera/verão.

com ELIANE TRINDADE, JOELMIR TAVARES, MARCELA PAES e NICOLAS IORY


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