Folha de S. Paulo


Antes tarde do que nunca!

Mladen Antonov/AFP

Perguntei para as mulheres o que elas mais invejam nos homens.

As mais jovens responderam, em primeiro lugar, liberdade. No entanto, muitas mulheres de mais de 60 anos disseram categoricamente: "É o melhor momento de toda a minha vida, nunca fui tão feliz. É a primeira vez que posso ser eu mesma, nunca fui tão livre!".

E como elas conquistaram a liberdade tão desejada?

Elas aprenderam a dizer não. As mulheres mais jovens têm muita dificuldade para dizer não, querem agradar e cuidar de todo mundo e reclamam que não têm tempo para elas. Mais velhas, elas passam a priorizar o tempo para cuidar de si. Essa mudança de foco é uma revolução.

Elas fizeram uma verdadeira faxina existencial. Tiraram das suas vidas não só as roupas velhas e cacarecos, mas também as pessoas destrutivas, que sugam a energia: os vampiros emocionais.

Elas falaram da importância das amigas para uma vida mais livre e feliz. São as amigas que cuidam, que escutam, que conversam, que levam ao médico, que telefonam para saber como elas estão. Elas falaram mais do papel das amigas nessa fase da vida, do que do marido, filhos e netos.

Elas descobriram um botão libertador, como disse uma atriz de 63 anos: "Minha vida mudou completamente quando descobri o botão do f###-se. Eu não fico dizendo f###-se para todo mundo, f###-se para o que os outros pensam. É muito mais uma atitude de não me preocupar com a opinião dos outros. Vão achar que eu sou uma velha ridícula porque vou à praia de biquíni? F*-se! Vão pensar que sou uma velha sem noção porque gosto de dar beijo na boca? F###-se! Vão dizer que sou uma velha baranga porque ainda uso minissaia? F###-se! Esse f###-se interno é libertador".

Elas aprenderam a rir e brincar muito mais. Dentre as mulheres mais jovens que pesquisei, 60% invejam a capacidade masculina de rir de qualquer bobagem. Perguntei: "Por que vocês não riem mais?". Elas responderam: "Porque eu não tenho tempo" ou "tenho medo do que os outros vão pensar".

A atriz concluiu: "Depois dos 60 resolvi não me levar tão a sério, passei a rir muito mais de mim mesma. Dou tantas gargalhadas que sempre faço xixi na calça. Agradeço a Deus todos os dias por me sentir tão livre e feliz. Mas será que precisava ter demorado tanto?"


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