Folha de S. Paulo


"O que devo fazer?"

Tenho recebido muitos pedidos de conselho de homens que foram traídos, de maridos que não sentem mais desejo por suas mulheres, de apaixonados que querem voltar com a ex etc. Todos revelam um enorme sofrimento e querem encontrar alguma saída para amenizar a própria dor, como um músico de 57 anos:

"Sou completamente apaixonado pela minha mulher, mas ela está sempre insatisfeita, reclama de tudo, se irrita por qualquer bobagem. Ela não me valoriza, não me admira, não me respeita. Fala o tempo todo que quer se separar, mas eu sempre faço tudo para isso não ocorrer. Só que estou chegando no meu limite. Na próxima vez que ela falar em separação, vou concordar. Não quero viver a vida toda como um mendigo implorando por uma migalha de amor. Você acha que tem outra solução?"

Um professor de 42 anos disse: "Há dois anos minha ex-mulher disse que não estava feliz e decidiu se separar. Esperei por mais de seis meses que ela se arrependesse e voltasse para mim. Quando vi que ela já estava com um novo namorado percebi que não tinha mais volta. Comecei a namorar uma mulher bacana, mas não consigo esquecer minha ex. Penso nela todos os dias. Sei que ela é o verdadeiro amor da minha vida. O que devo fazer para superar esta sensação de fracasso?"

Eles demonstram muito sofrimento e o desejo de descobrir o que podem fazer para corrigir seus erros, como um engenheiro de 37 anos:

"Sempre fui muito infantil e imaturo nos meus relacionamentos. Fantasio que é possível uma relação sem brigas, sem conflitos, sem faltas. Fujo correndo cada vez que aparece um problema. Não consigo enfrentar as dificuldades por meio de conversas, como imagino que fazem os casais mais maduros. Acabei perdendo um grande amor por não saber como dizer o que estava me machucando e não conseguir escutar o que ela estava precisando me dizer. O que posso fazer para ela me perdoar?"

Fico muito angustiada cada vez que respondo que sou apenas uma antropóloga e que só posso falar sobre os resultados das minhas pesquisas sobre amor, casamento, infidelidade, sexualidade etc.

Será que devo confessar também que, apesar de pesquisar tanto sobre estas questões, não encontro respostas para os meus próprios sofrimentos?


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