Folha de S. Paulo


Por que temos medo de dizer não?

Parabéns pelo Dia da Mulher, Mirian. Quero que você saiba que as suas colunas têm provocado uma profunda transformação na minha vida.

Descobri que as principais causas do meu sofrimento são: o medo, a vaidade, a culpa e a vergonha. Fiz muitas escolhas equivocadas em função destes quatro inimigos da felicidade: casei com um homem egoísta porque tinha medo de ficar sozinha, fui a muitos eventos sociais por medo das pessoas ficarem chateadas com a minha ausência, participei de inúmeras reuniões improdutivas só porque não conseguia dizer não.

O início da minha libertação foi quando, lendo a sua coluna "A arte de dizer não", descobri que devo seguir a minha própria vontade. Aprendi com você que não devo dar ouvidos ao medo, à vaidade, à culpa e à vergonha, pois estes sentimentos são péssimos conselheiros.

Foi uma verdadeira revolução na minha vida quando aprendi a dizer não e a valorizar a liberdade de ser "eu mesma". Não vou mais a festas de gente que eu não gosto, não aceito mais participar de eventos que não me interessam, não faço mais nada só para agradar os outros. É um exercício muito difícil, mas, com o tempo, estou cada vez mais conectada com a minha vontade e com muito menos medo de dizer não.

Até hoje, quando os convites são muito sedutores, tenho muita dificuldade para dizer não. Prefiro até que os convites sejam feitos por email: acho muito mais fácil recusar por escrito do que quando falam diretamente comigo e tentam me convencer a aceitá-los mexendo com a minha culpa ou com a minha vaidade.

Mas, sinceramente, cheguei a uma fase da minha vida que não preciso mais fazer nada só por obrigação. Não tenho mais tempo para desperdiçar. Se vou fazer algo só para deixar os outros felizes, e que vai ser um sofrimento ou uma chatice para mim, lembro que a vida é muito curta.

Penso que posso morrer em breve e que quero aproveitar o tempo que me resta realizando projetos de vida que tenham algum significado e que me façam feliz e não tentando agradar a todo mundo. Prefiro agradar, em primeiro lugar, a mim mesma.

Muito obrigada por me lembrar da importância de dizer não e também por me ensinar a "ligar o botão do foda-se" para tudo o que não quero mais na minha vida.


Endereço da página: