Folha de S. Paulo


Cresce aposta na Mega-Sena e cai em premiação privada

Lucas Lacaz Ruiz/Folhapress
Movimentação em casa lotérica em São José dos Campos (SP)
Movimentação em casa lotérica em São José dos Campos (SP)

A arrecadação da Mega-Sena entre janeiro e novembro foi 14% maior neste ano que no mesmo período de 2016, segundo a Caixa Econômica.

Os apostadores desembolsaram R$ 572 milhões a mais nesse jogo de azar.

A receita das loterias é sensível a desemprego, renda e nível de endividamento da população, afirma, em nota, a Caixa. "Como em 2017 a economia mostra sinais mais concretos de retomada, ela acompanha o movimento."

O jogo havia perdido 26% da arrecadação em 2016, mas o banco atribui isso a uma base de comparação alta e fora do comum no ano anterior.

"A queda registrada na arrecadação se deu em razão de um avanço nas vendas da Mega-Sena acima do esperado em 2015 por força, sobretudo, da grande sequência de concursos acumulados."

Um fator que leva mais gente a apostar não tem relação com a economia: sorteios sem vencedores fazem os valores serem incorporados à premiação seguinte, e a receita do jogo sobe.

Premiações feitas por entidades privadas tiveram quedas nos últimos anos, de acordo com a Susep (superintendência de seguros).

Instituições fechadas, como shopping centers, que dão prêmios aos clientes usam um tipo de título de capitalização que não garante a devolução de valores pagos.

Desde o começo da crise, esses sorteios perdem força. A receita total dos nove primeiros meses de 2017 equivale a menos de 40% do valor no mesmo período de 2014.

VIRTÚ E FORTUNA - Arrecadação de loterias, em R$ bilhões

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Jogo de azar do bem

As entidades filantrópicas também usam sorteios ligados a títulos de capitalização para conseguir financiamentos. É uma versão regulamentada de rifas com prêmios.

Duas associações são responsáveis pela maior parte dos concursos: a ANSV, que tem entre seus membros o Hospital do Câncer de Barretos, e a Fenapaes, federação das unidades estaduais de pais e amigos de excepcionais.

Somadas, elas arrecadam mais de R$ 100 milhões por ano com esses sorteios. A receita subiu nos últimos três anos, mesmo com a crise.

As próprias entidades passaram a coordenar o concurso. Antes, empresas de capitalização eram responsáveis pela organização e depois repassavam os valores.

"As próprias entidades emitem os títulos, que são certificados de doações filantrópicas. Essa visibilidade deu mais segurança às pessoas", diz Sérgio Diuana, diretor técnico da ANSV.

SORTE NA FILANTROPIA
Soma das receitas de concursos

R$ 117 milhões
foi o valor arrecadado pelas filantrópicas com títulos de capitalização no ano passado

R$ 113 milhões
foi o montante que elas levantaram entre janeiro e outubro de 2017

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Pressão privada na OMC

A Coalizão Global Empresarial, entidade formada por representantes do setor privado de países do G20, enviou uma declaração com reivindicações à OMC e a negociadores dos países-membros.

A organização se reunirá em Buenos Aires na próxima semana, do dia 10 ao 13.

Entre os pontos destacados no documento estão o pedido para que os representantes flexibilizem negociações e destravem acordos plurilaterais de comércio, além da revisão de medidas consideradas protecionistas.

"O aspecto principal é que as principais entidades empresariais do mundo, inclusive a americana, mandaram uma mensagem aos governos", afirma José Augusto Fernandes, diretor da CNI, uma das signatárias.

A coalizão pediu também que um conselho consultivo empresarial seja criado para apoiar as negociações.

"Há um conjunto de temas que precisam ser enfrentados pela OMC, como a definição de regras para comércio eletrônico e empresas estatais, por exemplo", diz Fernandes.

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Ração úmida

A Special Dog, de produtos para animais de estimação, vai investir pelo menos R$ 55 milhões para começar a produzir alimentos úmidos, segundo Erik Manfrim, sócio-diretor da companhia.

Os recursos serão próprios e serão aportados até o fim do ano que vem. A planta deverá começar a operar no primeiro semestre de 2019.

"Os alimentos úmidos têm um valor agregado maior, mas um volume menor de vendas. No Brasil, é uma categoria que começa a crescer agora", afirma o executivo.

A empresa também vai investir R$ 10 milhões em publicidade e melhorias internas, e seu portfólio deverá saltar dos atuais 25 itens para 47 em janeiro, diz Manfrim.

"Tivemos um crescimento de 3,5% em volume neste ano, um pouco aquém das nossas expectativas, mas no próximo deveremos ter uma alta de 8%. Não reajustamos preços em 2017, então tivemos que crescer em quantidade."

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Pontos em São Paulo

A Dotz aumentou sua projeção de investimentos para 2018, de R$ 50 milhões para R$ 80 milhões. Os aportes principais serão no desenvolvimento de tecnologia e na entrada da empresa no varejo em São Paulo.

A marca passará a oferecer seus benefícios em redes de farmácias, postos de gasolina e supermercados de bandeiras com operações no Estado no início do ano.

"Hoje, cerca de 10% dos nossos clientes estão em São Paulo, e acumulam pontos por meio das nossas parcerias com bancos", diz o presidente, Roberto Chade.

Cerca de metade do montante a ser investido está concentrado em novas plataformas, computação em nuvem e lançamento de produtos voltados ao mercado corporativo.

23 MILHÕES
é o total de clientes da empresa de fidelização

300
é o número de funcionários

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Para desenterrar

O grupo britânico Appian Capital adquiriu a Mineração Vale Verde por US$ 40 milhões (R$ 129,5 milhões).

A empresa era subsidiária da mineradora canadense Aura Minerals no Brasil.

A Vale Verde possui um projeto de extração de metais, principalmente de cobre, batizado de Serrote da Laje, na cidade de Craíbas (AL). É dona também de duas minas no Mato Grosso.

A operação, no entanto, não chegou a ser iniciada, e as obras foram congeladas em 2015 devido à falta de recursos financeiros.

Procurada, a Mineração Vale Verde preferiu não se manifestar.

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Verba A prefeitura de Ilhabela (SP) criou um conselho com participação popular para fiscalizar a aplicação dos royalties do petróleo recebidos pela cidade. Os recursos representam atualmente 70% do orçamento do município.

Call center A Concentrix vai investir R$ 10 milhões para construir uma nova central de atendimento na capital paulista. Hoje, a empresa possui quatro operações, em São Paulo e no Ceará, e tem cerca de 2.000 funcionários.

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com FELIPE GUTIERREZ, IGOR UTSUMI e IVAN MARTÍNEZ-VARGAS


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