Folha de S. Paulo


Menor presença de empresa média impacta em salário e desigualdade, aponta estudo

Tuca Vieira - 6.set.2005/Folhapress
Vista da Favela Real Parque com prédios do bairro do Morumbi ao fundo, em São Paulo
Vista da Favela Real Parque com prédios do bairro do Morumbi ao fundo, em São Paulo

As empresas de porte médio são sub-representadas no Brasil de forma mais intensa que em outros países para os quais há dados disponíveis, segundo estudo recente do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas).

A presença de grandes companhias é levemente maior que a média de outras nações. O que caracteriza a distribuição é o excesso de pequenas e o menor número de médias, a que os autores dão o nome de centro faltante.

A configuração de empresas por porte tem implicações na produtividade, nos salários e, por extensão, na desigualdade no país, segundo o pesquisador Miguel Foguel, um dos três economistas responsáveis pelo estudo.

"Quanto maior o tamanho da companhia, maior a propensão a investir em tecnologia e a ter ganhos de produtividade de mão de obra e de capital. Uma representação excessiva de pequenas pressiona esses fatores para baixo."

Há consequência também para os salários: "As empresas médias e grandes tendem a remunerar melhor, e o centro faltante, portanto, tem influência na desigualdade econômica", afirma Foguel.

O texto aponta que há instituições legais e de apoio para micro e pequenos negócios, mas que essas políticas não são acompanhadas e elas não resultaram em companhias de porte médio em volume significativo.

EVOLUÇÃO DE EMPREGADOS - Por porte da empresa ao longo dos anos de funcionamento

"Há tentativas para mudar isso, mas de maneira geral, microempresários são pouco capacitados, e as pequenas não conseguem prosperar o suficiente", diz.

As médias estão em um limbo tributário, pois não estão enquadradas no Simples, e de crédito, porque há pouco empréstimo direcionado.

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Joias nos pés

Não é exagero dizer que as sandálias e sapatos feitos à mão, com cristais e outras pedrarias da grife Rene Caovilla se parecem com joias.

São artigos a um preço médio na Itália de € 1 mil (cerca de R$ 3.843) –o mais caro chega a € 3 mil– que estarão na loja que a grife vai abrir na próxima quarta-feira (22), no Shopping Cidade Jardim, em São Paulo.

Edoardo Caovilla, diretor geral e artístico, além de neto do fundador, não revela o montante investido para trazer a marca ao país,nem adianta quanto custarão seus produtos em solo brasileiro.

Por que são tão caros? "É a diferença entre comer em um bom restaurante e jantar em um fantástico", diz por telefone de Veneza.

Na abertura brasileira, Caovilla, 41 anos de idade e há sete na empresa –período em que mais que triplicou o seu faturamento para quase € 50 milhões (R$ 192,2 milhões)–, vai repetir uma prática de seus 16 endereços (6
deles na Europa): 50% dos produtos serão exclusivos para a unidade brasileira.

Se tudo der certo, ele planeja uma futura loja no Rio, porém sem data prevista.

A unidade brasileira surge antes mesmo de a grife se fixar nos Estados Unidos.

Chegará a Las Vegas na primavera de 2018 no hemisfério norte e depois em Miami e Nova York. A Cidade do México tem um corner (dentro de outro estabelecimento).

Caovilla pretende também passar a fabricar bolsas (em 2018) e joias (em 2019).

Conservadorismo tupiniquim

POUPANÇA REGIONAL - Local onde vivem os brasileiros que dizem ter dinheiro guardado, em %

Os brasileiros que conseguem poupar parte de seus rendimentos se tornaram ainda mais conservadores ao escolher seus investimentos, segundo a Fecomércio RJ (federação de comércio do Rio) e a consultoria Ipsos.

Cerca de 85% dos indivíduos que possuem algum dinheiro guardado em 2017 optaram por aplicá-lo na caderneta de poupança, de acordo com o levantamento.

O índice representa um acréscimo de 9 pontos percentuais na comparação com o ano passado.

A consultoria e a entidade ouviram 1.200 pessoas em 72 municípios do Brasil no mês de julho deste ano.

A estimativa é que 12% das famílias tenham conseguido poupar recursos em 2017, um recuo de seis pontos percentuais em relação a 2016.

A maior motivação apontada na hora de guardar dinheiro é a preocupação com alguma eventualidade (68%).

Na sequência, foram mencionadas a intenção de reformar a própria casa (10%), de comprar um imóvel (9%) ou um automóvel (5%).

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Chineses... As marcas de preservativos Blowtex e Skyn, compradas pela chinesa Humanwell Healthcare em outubro, preveem investimentos de R$ 15 milhões a partir de 2018 no lançamento de produtos e ampliação de pontos de venda.

...até na camisinha O maior foco das ações é a Skyn, que em dezembro lança no país camisinhas com sabor, fabricadas na Índia e na Tailândia.

Devagar... O varejo no Estado de São Paulo teve saldo positivo de 49 empregos em setembro. Apesar de fraco, o resultado é o melhor para o mês desde 2014 e a terceira alta seguida, segundo a FecomercioSP.

...e sempre No acumulado em 12 meses, o saldo é negativo em 3.102 vagas. Lojas de departamento e eletroeletrônicos e supermercados tiveram o melhor resultado -saldo de 564 postos de trabalho.

Treinamento A Prefeitura de São Paulo recebeu da escola de negócios brasileira ISE a doação de um curso de gestão e administração pública para seus secretários e chefes de gabinete. O projeto será iniciado em janeiro de 2018.

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com FELIPE GUTIERREZ, IGOR UTSUMI e IVAN MARTÍNEZ-VARGAS


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