Folha de S. Paulo


Ações trabalhistas da Varig põem em risco planta da GE

Natalia Portinari/Folhapress
Celma poderá ser fechada pela GE por conta de processos trabalhistas
Celma poderá ser fechada pela GE por conta de processos trabalhistas

A GE (General Electric) poderá parar de investir ou até fechar a Celma, empresa de manutenção de turbinas, que fatura R$ 6,36 bilhões, em razão de processos trabalhistas movidos por ex-empregados da área de aviação da Varig que ficaram sem receber, segundo a coluna apurou.

A GE Celma é a quarta maior empresa exportadora da área de serviços do Brasil.

Em 1998, a multinacional adquiriu 95% de uma área da Varig que prestava esses serviços. Cinco anos depois, adquiriu os 5% restantes. Localizada em Petrópolis, a empresa passou a se chamar GE Celma.

GE e Varig não foram coligadas nem trabalharam juntas, dizem pessoas ligadas à multinacional. A vendedora ficou com uma fatia minoritária por poucos anos.

A Varig entrou em recuperação judicial em 2005 e, em 2010, teve a sua falência decretada. Os trabalhadores da antiga fábrica de manutenção da Varig foram incorporados pela subsidiária da GE.

Há milhares de ações contra a massa falida da Varig, movidas por pilotos, comissários e equipe da operação em terra da empresa aérea.

A GE tem hoje 105 casos ativos em que é arrolada como corresponsável –e em 44 dos casos, perdeu em primeira instância e teve ordem judicial para que a Celma dê garantias de pagamentos.

Os advogados da empresa conseguiram 29 decisões favoráveis em primeira instância, e 32 casos ainda aguardam julgamento. Outros 34 processos foram vencidos pela GE e encerrados.

O receio na multinacional é que a tese da corresponsabilidade se alastre –a Celma tem, hoje, 2.000 funcionários, e o cálculo deles é que existam entre 3.000 e 4.000 ações trabalhistas contra a antiga Varig.

A americana desembolsou R$ 87,6 milhões na compra total da empresa. Entre 2011 e 2020, terá investido mais de R$ 300 milhões na planta.

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Indústria de plástico cresce, mas ainda está longe de 2014

A produção de plástico no Brasil deverá subir 1,3% em 2017 e 2,2% no ano que vem, segundo a consultoria TCP Latam. Para que retorne ao tamanho de 2014, no entanto, é necessário que ela cresça 6,9% ao ano até 2021.

"Se alguns setores tiverem uma retomada significativa, há condição de alcançar essa taxa de crescimento", afirma Ricardo Jacomassi, diretor da consultoria.

O mercado que mais demanda plástico é o da construção civil, que ainda não se recuperou da crise plenamente, segundo o executivo.

"Outros, como o automotivo, devem ajudar bastante, principalmente a partir do ano que vem", afirma.

A previsão da Abiplast, associação do setor, é que o faturamento real só vai voltar aos níveis de 2014 em 2024, diz José Ricardo Roriz, presidente da entidade.

A queda de 2014 para o presente é de mais de 23%.

Há capacidade ociosa de cerca de 35% da indústria atualmente, ele estima.

"Investimentos devem ser feitos porque há novidades tecnológicas, que usam menos material, e demandas por produtos que sejam mais amigáveis para a reciclagem."

QUEM SÃO OS COMPRADORES - Maiores setores consumidores de plásticos

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Boletos a pagar

O número de famílias paulistanas com contas em atraso alcançou, em setembro, o maior nível desde maio de 2012, segundo a FecomercioSP.

Cerca de 20,3% dos consultados afirmaram estar inadimplentes, uma leve alta de 0,4 ponto percentual em relação ao mesmo mês do ano passado.

"A inadimplência começou a cair [no fim de 2016] com a injeção do 13º salário e do FGTS, mas o que se vê agora é um esgotamento daqueles recursos", diz Thiago Carvalho, assessor econômico da entidade.

"É inevitável que haja uma deterioração devido à combinação desse quadro com o atual nível de desemprego."

O percentual de famílias com contas em atraso é maior entre aquelas que ganham até dez salários mínimos (25%). A inadimplência dos lares com renda acima disso ficou em 9,3%.

Inadimplência paulistana -Percentual de famílias com contas em atraso em SP

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Diversidade alemã

O Banco Mercedes-Benz registrou, em agosto, sua maior movimentação nos últimos 21 meses. Foram R$ 300 milhões em novos negócios, diz o novo presidente, Christian Schüler.

"Vemos uma retomada importante. Nosso forte são caminhões e ônibus, mas tivemos um recorde histórico em carros de passeio."

Apesar da melhora em agosto, a expectativa neste ano é manter o volume de crédito de 2016, mas a carteira voltará a crescer em 2018, segundo o executivo.

A empresa passará a oferecer seguro para ônibus, único segmento para o qual não tinha coberturas.

A percepção de que as taxas de juros no Brasil são altas é relativa, brinca o executivo alemão, que já passou por Argentina e Rússia –onde os juros giravam entre 40% e 45%.

"Tive experiência em países com alta volatilidade, mas com grandes oportunidades de negócio. A queda na taxa de juros no Brasil é positiva, deverá impulsionar a retomada do mercado."

R$ 7,8 BILHÕES
tem o banco em carteira no país

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Por atacado As vendas do comércio de tecidos no segmento de cama, mesa e banho caíram 2,8% no Estado de São Paulo em setembro, segundo o Sinditecidos.

Poltrona... A Etel, de móveis, abrirá uma loja própria em Milão em novembro. Hoje, são 14 pontos com produtos da marca fora do país.

...brasileira A empresa também começará a comercializar seus produtos na Ásia, em locais como Cingapura, Japão, Coreia do Sul e Dubai.

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com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI


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