Folha de S. Paulo


Luz para Todos tem queda de 4,3% no orçamento de 2018 e perde 4 Estados

Danilo Verpa - 11.nov.2009/Folhapress
Anúncio de privatização faz ações da Eletrobras dispararem na Bolsa brasileira
SP, RJ, MS e RS não estão contemplados no orçamento inicial do programa para 2018

O orçamento inicial de 2018 para o programa Luz para Todos diminuiu 4,3% na comparação com o número de 2017. Os dados foram publicados no Diário Oficial da última quinta-feira (14).

Quatro Estados (SP, RJ, MS e RS) que estavam contemplados na planilha de 2017 não aparecem na de 2018.

Outros, como a Bahia, tiveram reduções —em parte, porque a maior parcela do território já foi conectada, diz João Carlos Mello, presidente da consultoria Thymos.

"A tendência é de diminuição paulatina do valor no programa", afirma ele.

A cobertura da rede elétrica no Brasil chega a mais de 99% das cidades, diz Claudio Sales, do Instituto Acende Brasil. "É mais disseminada que água, esgoto, e telefonia; é a mais universal", afirma.

A consequência é que as novas ligações são em regiões cada vez mais remotas, cujo custo marginal é alto.

"No Acre, o valor médio de cada ligação será de cerca de R$ 10 mil, no Tocantins, de R$ 24 mil —isso varia com as características geográficas."

O Luz para Todos é financiado com recursos da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético). Além de custear a expansão da rede, ela também subsidia os consumidores de baixa renda.

Essa parcela da conta cresce à medida que o sistema elétrico atinge mais famílias.

O CUSTO DAS LIGAÇÕES - Maiores orçamentos do Luz para Todos, em R$ milhões

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Cautela suíça

A recessão dos últimos anos teve um impacto nos planos da IWC, grife suíça de relojoaria de luxo, para sua operação brasileira.

"Trabalhamos em uma indústria que depende da confiança das pessoas no futuro, e sempre que há instabilidade, nossa perspectiva a curto prazo é afetada", afirma Cristoph Grainger-Herr, diretor-executivo global da marca.

"Hoje, há mais oportunidades a curto prazo na Ásia, mas isso não significa que tiraremos os olhos do Brasil."

A companhia não tem planos, neste momento, de inaugurar lojas.

"Antes de uma expansão no varejo, vamos explorar um aumento de visibilidade por aqui."

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são as cidades brasileiras em que a IWC vende seus produtos

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Casamentos entre iguais, renda desigual

Os brasileiros eram mais propensos a se casar com pessoas de características socioeconômicas diferentes no passado e, se isso não houvesse mudado, o país teria uma distribuição de renda melhor no presente.

Essa é a conclusão dos economistas Luciene Pereira e Cezar Santos, da Fundação Getúlio Vargas, que escreveram um artigo sobre o tema.

Eles usaram dados do Censo de 2010 e simularam qual seria o índice de Gini (indicador de distribuição de renda)caso os casamentos tivessem as mesmas características de heterogeneidade de 1970.

O resultado: se os casais de hoje fossem como os de então, o indicador teria uma melhora de cerca de 5%.

Antes de comparar, eles aplicaram um tratamento aos dados para que fatores como a alta generalizada da escolaridade e a presença de mulheres no mercado de trabalho não alterassem o cálculo.

O índice de Gini melhora desde a década de 1990.

"Nós demonstramos que se as pessoas se casassem com parceiros de nível de escolaridade heterogêneo, a distribuição poderia ter melhorado ainda mais", diz Pereira.

Outra mudança no "mercado de casamentos" é a maior incidência de solteiros.

A pesquisa verificou o que teria acontecido se hoje houvesse porcentagem de solteiros semelhante à de 1970.

"O resultado seria uma melhora, embora menor que a dos casamentos aleatórios." O artigo dos economistas será publicado na Revista Brasileira de Economia, da FGV.

MATRIMÔNIOS SIMULADOS - Variações do índice de Gini, de 0 (distribuição plena de riquezas) a 1 (concentração total de renda)

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Desigualdade de gênero

Cerca de 10% das brasileiras entrevistadas pela consultoria Hays almeja um cargo de diretoria nos próximos 10 anos. Entre os homens, a porcentagem é maior: 39%.

Esse cenário tem se tornado menos desigual ano após ano, mas a mudança ainda é tímida e levará algum tempo para dar resultado, afirma a diretora da Hays Experts, Caroline Cadorin.

"À medida que empresas trabalham para mostrar aos empregados que oferecem igualdade de oportunidades internas, o interesse feminino começa a aumentar, ainda que de forma discreta."

Funcionários brasileiros também notam disparidades em relação aos benefícios concedidos para os pais.

Quase metade (48%) dos 1.400 consultados afirmam que, em sua empresa, a duração da licença-paternidade é inferior à da maternidade —6% dizem que há igualdade.

HOMENS À FRENTE, MULHERES ATRÁS - Brasileiros que veem barreiras para o progresso profissional de mulheres em seu trabalho, em %

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Engessado A maioria (86%) dos funcionários brasileiros consultados pela Hays considera a opção de trabalho flexível importante, mas quase metade (49%) deles afirma não ter essa possibilidade na empresa em que trabalham.

Energia privativa Companhias privadas são responsáveis pela geração de 62% da energia no Brasil e por 61% da distribuição no país, segundo a CNI (confederação da indústria) e a Aneel (agência regulatória do setor).

com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI


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