Folha de S. Paulo


Varejo em São Paulo volta a crescer no 1° semestre, após 3 anos sem alta

Rivaldo Gomes/Folhapress
Setor de shopping centers fechou o ano com saldo negativo de 18.100 lojas
Receita do comércio no Estado teve crescimento de 3,6% no primeiro semestre de 2017

Após três anos sem crescimento, o comércio varejista no Estado de São Paulo deverá terminar 2017 com uma alta acima de 5%, segundo a FecomercioSP, que acompanha o dado junto à Secretaria da Fazenda.

No primeiro semestre, a receita do setor subiu 3,6% em relação ao mesmo período de 2016, evolução que deverá se acelerar nos próximos meses, afirma Altamiro Carvalho, economista da federação.

"O setor dá sinais nítidos de recuperação desde novembro de 2016, e já percebemos aumento em todas as regiões do Estado. É uma trajetória de retomada sólida, apesar da base de comparação fraca."

As concessionárias de veículos e lojas de eletrodomésticos, que já estavam em forte retração desde 2014, voltaram a ampliar sua receita neste ano —em 6,5% e 4,7%, respectivamente.

"A venda de bens duráveis, associada à tomada de crédito, requer uma confiança do consumidor. Esses segmentos têm elevado o ritmo de retomada nos últimos meses."

Os setores que mais cresceram foram o de farmácias (11,3%), que sofreu pouco durante a crise, e o de autopeças (9,2%). O comércio de materiais de construção, vestuário e calçados teve a menor expansão, de 1,4%.

O Estado de São Paulo representa um terço do varejo nacional. A capital, que responde por 12% da receita do setor no país, teve um crescimento mais acelerado, de 4,8% no primeiro semestre.

RETOMADA DE VENDAS - Faturamento do comércio varejista em São Paulo no 1º semestre

*

Auxílio no atendimento

A Tel, de call centers, prevê um investimento de aproximadamente R$ 120 milhões para inaugurar três centros operacionais no primeiro semestre de 2018.

As unidades estarão localizadas no Paraná, no Mato Grosso e na Bahia, afirma Gabriel Drummond, presidente da empresa.

"Grande parte do aporte vem de recursos próprios, mas também há suporte de bancos de fomento locais."

Hoje, a companhia tem 15 mil funcionários diretos. Esse número deverá chegar a 22 mil no ano que vem.

No Sul, a empresa buscará ocupar uma lacuna deixada por concorrentes que foram para outras regiões, algo diferente do que fez em São Paulo, onde dobrou sua capacidade para prestar serviços mais complexos.

"Em busca de redução de custos, muitos migraram para o Norte e Nordeste. Esse movimento deixou uma demanda por atendimento e por emprego, algo que nos permite até mesmo conseguir benefícios fiscais."

11
são as unidades da Tel

R$ 380 MILHÕES
é o faturamento estimado para este ano

*

Emprego na construção tem primeira alta desde 2014

O emprego na construção civil no país teve, em julho, o primeiro resultado positivo nos últimos 33 meses, segundo o Sinduscon-SP (sindicato paulista do setor).

A variação foi de 0,07% na comparação com o mês anterior, o que, na prática, representa estagnação.

"É algo específico, provavelmente resultado de algum projeto que possa ter acontecido no período", afirma José Romeu Ferraz Neto, presidente da entidade.

O estoque de trabalhadores na construção civil, em julho, era de 2,458 milhões, uma redução de 12,63% em relação ao mesmo mês de 2016. No acumulado dos 12 meses, a queda é de 10,31%.

"O que são 700 empregos para um setor que tem um estoque de 2,4 milhões? O movimento registrado foi muito pontual", diz José Carlos Martins, presidente da Cbic (câmara da construção).

"O setor tem capacidade de se recuperar rapidamente, mas é necessário haver uma retomada das construções públicas", afirma o presidente do Sinduscon-SP.

"Nós prevemos que, com as reformas [econômicas] aprovadas, já tenhamos um crescimento nos postos de trabalho a partir do primeiro semestre de 2018", diz ele.

MÃOS À OBRA - Variação do estoque de empregos na construção civil, por região

*

Luxo em escala

A Breton, marca de móveis de luxo, planeja abrir cinco lojas fora do Sudeste em 2018, segundo o presidente, Marcel Rivkind. Hoje, há seis unidades em São Paulo e uma no Rio de Janeiro.

"Neste ano, seguramos as aberturas por conta da crise econômica, mas já temos negociações avançadas em Brasília, Curitiba, Cuiabá, Florianópolis e Salvador", diz ele.

O investimento previsto é de R$ 15 milhões em 2018.

A rede, que aumentou as linhas assinadas por designers para atrair público de alto padrão, ampliou o faturamento em 16% até agosto deste ano, em relação a 2016.

*

Menos tetos

As vendas de imóveis residenciais na cidade de São Paulo tiveram uma queda de 33% em julho, na comparação com junho deste ano, segundo o Secovi-SP (sindicato do setor imobiliário).

A redução é normal em um mercado que tem flutuações significativas, às vezes causadas por um único empreendimento com muitas unidades, afirma Flávio Amary, presidente da entidade.

O número de vendas cresceu de 8.000 para 9.100 unidades nos sete primeiros meses deste ano, uma alta de 14% na comparação com o mesmo período de 2016.

"Os juros têm um impacto direto, e podemos creditar um pedaço significativo dessa mudança à expectativa de diminuição da Selic (taxa básica da economia)".

O ritmo de alta não deverá se acelerar até o fim deste ano, afirma. A expectativa é que só no médio prazo —de seis meses a um ano— as compras excedam os lançamentos.

RESIDENCIAL EM QUEDA - Unidades vendidas em São Paulo em 2017

*

Representação... A indústria eletroeletrônica vai ganhar uma frente parlamentar mista na Câmara dos Deputados, a ser lançada nesta quarta-feira (13).

....eletrônica Entre as pautas centrais, estará a elaboração da nova política industrial do setor, após a condenação do Brasil na OMC, afirma a Abinee, associação do setor.

*

Hora do Café

com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI


Endereço da página:

Links no texto: