Folha de S. Paulo


Novas regras para fintechs podem ampliar crédito em R$ 20 bilhões

Marcos Santos/USP Imagens
Um em cada três consumidores brasileiros terminou 2016 inscrito no cadastro de negativados
O BC abriu uma consulta para que pessoas físicas emprestem até R$ 50 mil por intermédio de plataformas eletrônicas.

Mudanças que o governo quer fazer nas regras de instituições financeiras, para que empresas de tecnologia ofereçam crédito, podem aumentar em R$ 20 bilhões o volume de empréstimos para pessoas físicas e jurídicas.

O Banco Central colocou em discussão na quarta (30) uma consulta para que pessoas físicas emprestem até R$ 50 mil a tomadores de recursos por intermédio de plataformas eletrônicas.

A empresa que vai intermediar a transação não pode captar recursos para ela mesma e depois destiná-los a um terceiro, como faz um banco.

A estimativa de volume é da ABCD (associação de crédito digital). "Serão cerca de R$ 20 bilhões no estoque, depois de três anos de implementadas essas novas regras", diz Rafael Pereira, presidente da entidade.

A baixa Selic (taxa básica de juros) fará com que pessoas físicas procurem alternativas rentáveis, e essa deve ser uma delas, afirma.

A ideia de permitir esse mecanismo de empréstimo é "preencher lacunas no sistema financeiro", afirma Otávio Ribeiro Damaso, diretor de regulação do Banco Central.

O órgão espera que mais fintechs passem a atuar, diz.

As que existem hoje precisam pagar a alguma instituição financeira para poder operar como correspondentes. Esse é o principal custo das empresas do segmento.

"A maneira como elas fazem esse negócio hoje é por captura de um recibo de depósito que vai financiar uma cédula de crédito bancário na outra ponta", afirma Luis Ruio, sócio da PwC.

Principais áreas de fintechs no Brasil - Em %*

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Oferta independe

Gabriel Cabral/Folhapress
São Paulo, SP, Brasil, 22-08-2017: Carlos Parizotto, sócio da assessoria financeira Cypress. Mercado Aberto. (foto Gabriel Cabral/Folhapress)
Carlos Parizotto, da butique de fusões e aquisições Cypress

A exemplo do que acontece no exterior, o sócio Carlos Parizotto vê espaço para que assessorias independentes e brasileiras de fusões e aquisições, como a Cypress, abram capital.

"Ter uma empresa como a nossa, listada, ocorre nos Estados Unidos, e o mercado aqui deve crescer nesse sentido", afirma Parizotto.

"Não temos um plano, mas uma intenção. Não há uma data para fazer IPO, mas provavelmente seria em 2019. Poderia ser aqui ou fora, onde investidores já conhecem o nosso modelo."

Para isso, a butique de M&A fez a lição de casa: passou a ser auditada pela Grant Thornton no ano passado e organizou a sociedade. Na avaliação dos sócios, é possível captar entre R$ 50 milhões e R$ 100 milhões.

"O objetivo seria a contratação e retenção de profissionais. É importante ter um pouco mais de robustez, sem perder a isenção", diz.

A venda de uma parte da empresa não é uma saída atraente, por ora.

"Se o outro for um banco perdemos a isenção. [Uma grande instituição] pode recomendar uma empresa que está na casa, em que pode ter um interesse, e há receio de ser asfixiado pelo maior."

Para Parizotto, houve uma retomada no interesse de investidores após a Câmara impedir o prosseguimento da denúncia contra Temer.

"Estamos com 40 mandatos, 25 ativos. Devemos fechar entre 6 e 10 transações até o fim deste ano."

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Mercado de limpeza urbana sofre 1° queda da série histórica

O mercado de limpeza urbana sofreu, em 2016, sua primeira retração desde o início da série histórica (iniciada em 2003) e não deverá se recuperar neste ano.

Os recursos aplicados em varrição e destinação de lixo caíram 2,1%, e, na coleta urbana, recuaram 0,6%. Além disso, foram cortadas 5% das vagas do setor. A queda total equivale a uma redução de
R$ 381 milhões no ano.

Os dados são da Abrelpe, que reúne empresas do setor.

"As prefeituras precisaram reduzir custos, o que leva ao corte dos serviços ou a um espaçamento maior da periodicidade da coleta e da varrição", diz Carlos da Silva Filho, presidente da entidade.

Muitas cidades também deixaram de aderir a aterros sanitários e passaram a destinar lixo inadequadamente.

Os investimentos em estrutura, porém, mantiveram uma alta de 8% -basicamente, foram aportes em aterros, para aproveitar o biogás gerado na decomposição do lixo para geração de energia.

O resultado deste ano, que só será consolidado em 2018, não deverá ter nova queda, mas tampouco trará uma retomada, afirma Silva Filho.

O maior receio do setor é que a inadimplência volte a subir no fim deste ano, época em que as prefeituras costumam atrasar pagamentos. Hoje, a dívida total com as empresas é de R$ 11,6 bilhões.

DINHEIRO NO LIXO - Mercado de limpeza urbana em 2016, em R$ bilhões

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Assinatura eletrônica

A multinacional de tecnologia DocuSign planeja dobrar sua operação no Brasil nos próximos dois anos, segundo o diretor-executivo global, Daniel Springer.

Desde 2014, a companhia investiu R$ 100 milhões no país, diz ele, em uma aquisição e em infraestrutura.

Não se pode detalhar os investimentos devido ao processo de abertura de capital da empresa, que deverá ocorrer em breve, diz Springer.

A empresa foi avaliada em US$ 3 bilhões (R$ 9,47 bilhões) nos Estados Unidos.

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Inflação... Os gastos com doenças ligadas a depressão e ansiedade são os que mais crescem dentro de empresas em todo o mundo.

...médica A avaliação é do vice-presidente global da Johnson & Johnson Issac Fikry, que falará sobre o tema em evento do hospital Sírio-Libanês.

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com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI


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