Folha de S. Paulo


À espera do Refis, grande maioria de empresas vai parcelar o pagamento

Com o aceno do ministro Henrique Meirelles de adiar o prazo de adesão ao Refis para outubro, a avaliação de empresas e advogados é aguardar a versão final do projeto para parcelarem suas dívidas com a Receita Federal e a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.

Embora haja a possibilidade de saldar à vista, com desembolso fracionado de 20% do valor até dezembro, e quitação do restante em janeiro de 2018, a maior parte vai optar pelo pagamento em parcelas, dizem advogados.

"À vista, é raro. Só vai pagar dessa forma quem tem crédito de prejuízo fiscal para compensar, caso em que tem de pagar à vista", afirma Roberto Quiroga, sócio do Mattos Filho Veiga Filho, Marrey Jr e Quiroga.

No TozziniFreire Advogados, também quase não há clientes com a opção à vista.

"São algumas poucas empresas que têm bastante prejuízo fiscal, e o montante que ficará para liquidar em janeiro não será tão grande", diz a sócia Ana Claudia Utumi.

Em razão da crise econômica, vários clientes estão com restrição orçamentária e receio de se descapitalizar.

"Os clientes me dizem: prefiro ter dívida com o governo a taxa Selic [taxa básica, em 9,25%] do que ficar sem caixa, ter de recorrer a banco e me endividar a taxas muito mais altas."

Para Marcelo Annunziata, sócio do Demarest, as empresas estão deixando para aderir o mais próximo possível do final do prazo, mas a maioria já optou pelo parcelado.

"O melhor é pagar aos poucos, para não ficar sem caixa, e recolher pela Selic", diz. "Ao entrar no parcelamento, já fica com a situação fiscal regular, tem o débito suspenso, enquanto está pagando", acrescenta o tributarista.

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Novidade precificada

Patricia Stavis/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 23-08-2017: Renata Campos, presidente da farmacêutica Takeda no Brasil e da América Latina, para a coluna Mercado Aberto. (Foto: Patricia Stavis/Folhapress, MERCADO ABERTO) Código do Fotógrafo: 1538
Renata Campos, presidente da farmacêutica Takeda no Brasil

A Takeda, dona de marcas como Neosaldina e Nebacetin, tem como principal estratégia lançar remédios de referência no Brasil a preços reduzidos, segundo a presidente no país e na América Latina, Renata Campos.

"Hoje, médicos não se preocupam apenas em dar o melhor produto para o paciente, mas também pensam se ele poderá comprá-lo."

A expectativa é que os dois lançamentos deste ano, um suplemento de fibras e um remédio para tratamento de refluxo, passem a representar 7% do faturamento.

A fabricante também lançará um medicamento para linfoma, cujo preço de cada ciclo de tratamento deverá variar de € 2.000 a € 3.000 (R$ 7.500 a R$ 11.300).

Os remédios isentos de prescrição representam 32% da receita no país. O restante fica com os terapêuticos (61%) e oncológicos (7%).

As vendas da companhia como um todo aumentaram 13,3%, de janeiro a julho, em relação ao ano anterior.

"Até marcas maduras, como Neosaldina, têm crescido dois dígitos", diz Campos.

1,73 BILHÃO DE IENES
(cerca de R$ 49,96 bilhões) foi a receita no ano fiscal terminado em março deste ano

2 MIL
são os funcionários no Brasil

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O ladrão faz a ocasião

Empresas de rastreamento planejam aumentar os aportes no Brasil, impulsionadas pelos problemas de segurança urbana e em estradas.

"O número de acidentes e de ocorrências faz com que este mercado tenha muito potencial para nossas soluções", afirma Gustavo Ladeira, diretor-executivo da israelense Pointer no Brasil.

A companhia comprou, em 2016, a empresa de gestão de frotas Cielo, e deverá fazer uma nova transação em 2018.

O plano é adquirir alguma empresa menor, cuja avaliação esteja entre R$ 25 milhões e R$ 60 milhões.

A Ituran, também israelense, deverá investir pelo menos R$ 70 milhões em tecnologia e novos produtos ainda em 2017, segundo o diretor-executivo no Brasil, Yaron Littan.

"Mais da metade da receita da Ituran vem do Brasil. Atuamos no país desde 2000 e, apesar de duas crises, seguimos apostando aqui."

R$ 57,1 MILHÕES
(R$ 180 milhões) foi a receita da Ituran no 1º tri.

50 MIL
são os veículos monitorados pela Pointer no país

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Pelos ares

O volume de cargas internacionais que chegam por via aérea subiu 12% na primeira metade deste ano, em relação a 2016, segundo a Anac (agência reguladora do setor).

A expansão se dá em cima de uma base fraca, após uma retração vivida deste 2014, afirma Maria Fan, gerente do setor no GRU Airport —que ampliou em 20% as cargas importadas até julho.

"O transporte marítimo sempre predominou no país, mas com a queda drástica do número de armadores, o aéreo ganhou espaço", diz ela.

No Rio, não há crescimento, devido à crise no setor de óleo e gás -a importação de itens para a exploração na área responde por 15% da receita do RioGaleão Cargo, mas já representou 29%, em 2013.

"Na receita, a queda é maior, de 26%, devido a investimentos que reduziram o tempo de estadia da carga. A cobrança é feita por tempo", afirma o diretor Patrick Fehring.

Nos últimos dois anos, foram investidos R$ 30 milhões em melhorias, e outros R$ 12 milhões estão previstos para os próximos 12 meses, diz ele.

Volume de cargas importadas em aeroportos nacionais, no 1º semestre - Peso recebido, em milhões de toneladas

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Camarão... A autorização para comprar camarão do Equador deve reduzir em 30% o preço atual do produto, avalia Rodrigo Perri, sócio da rede de restaurantes Vivenda do Camarão. No último ano e meio, o valor mais que dobrou, diz ele.

...de fora O governo liberou a importação em março, devido a uma doença que derrubou a produção nacional. Até agora, porém, ninguém conseguiu comprar, diz Perri, devido ao imbróglio jurídico com os produtores locais.

Borbulhas A CRS Brands, dona da marca de bebidas Cereser, vai investir R$ 10 milhões em 2018 para fabricar um espumante para o público jovem e em marketing. Cinco milhões de garrafas devem ser produzidas no primeiro ano.

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com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI


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