Folha de S. Paulo


Após compra da Óticas Carol, Luxottica investe em distribuição

A Luxottica, fabricante italiana de óculos, vai investir na ampliação de sua rede de distribuição no Brasil, para acelerar a reposição de peças no varejo.

A expectativa é que o prazo de entrega caia de 20 dias para 48 horas na Óticas Carol, diz Ronaldo Pereira, presidente-executivo da empresa recém-adquirida pelo grupo.

Para a rede varejista, a grande mudança com a aquisição não será no caixa, e sim na capacidade de desenvolver projetos de longo prazo, segundo o executivo.

"Para nós, recurso financeiro nunca foi um problema, mas os antigos acionistas tinham um tempo de vida limitado dentro da sociedade, isso implica em uma gestão de curto prazo", diz.

"Com a verticalização, teremos mais estabilidade para pensar em novas estruturas, como o projeto de tornar a reposição mais rápida e reduzir o estoque nas lojas."

A rede deverá abrir 88 franquias até o fim deste ano. Atualmente, são 1.012 unidades, das quais apenas 18 são lojas próprias —a abertura de mais unidades do gênero ainda será discutida com a Luxottica.

A empresa também planeja investimentos em seus sistemas digitais e de atendimento ao cliente on-line. O valor dos aportes ainda será definido, afirma Pereira.

No primeiro semestre, as vendas da rede cresceram 21% em relação a 2016.

*

Setor óptico tem maior faturamento desde 2015

O faturamento do setor óptico chegou a seu maior patamar desde o fim de 2015, segundo a Abióptica, que reúne as principais redes do ramo.

No primeiro semestre de 2017, a expansão foi de 7,2% —crescimento que deverá se acelerar, já que a segunda metade do ano é sazonalmente mais forte para as vendas.

O setor vem de duas quedas anuais de faturamento —em 2014, as empresas registravam receita 11% maior que a atual, de R$ 21 bilhões.

Em 2017, a previsão é crescer cerca de 9,2%, afirma Bento Alcoforado, presidente da associação. "Desde outubro temos um crescimento estável. Após dois anos em recuo, não é uma recuperação total, mas há otimismo."

O segmento que mais evoluiu no primeiro semestre foi o de lentes de contato, de óculos de grau e armações. "O setor solar teve uma recuperação, mas pequena", afirma Ronaldo Pereira, presidente da Óticas Carol.

VISÃO MAIS CLARA - Faturamento do setor óptico, em bilhões de R$

*

Enxergar por menos

A fabricante de óculos Safilo vai priorizar as marcas próprias e os produtos mais baratos no mercado brasileiro, segundo Luisa Delgado, diretora-executiva global da companhia.

A estratégia é uma forma de não ficar tão dependente dos itens licenciados.

No Brasil, há um rápido desenvolvimento do segmento de produtos mais baratos, que servem como entrada para o consumo de marcas, diz Delgado.

Polaroid e Havaianas são as principais bandeiras da empresa nesta fatia de mercado.

A primeira, que é própria, cresceu 29% no primeiro semestre no país, enquanto a Havaianas será vendida, a partir de janeiro, na Austrália e na Ásia.

€ 552,6 MILHÕES
(R$ 2 bilhões) foi a receita líquida global no 1º semestre de 2017

*

Queda de aço

As vendas internas de aço caíram 1,3% de janeiro a julho deste ano, em relação ao mesmo período de 2016, segundo o Instituto Aço Brasil (que representa a indústria).

Outros indicadores, como a produção e a exportação, foram positivos devido à usina de Pecém, que entrou em funcionamento no segundo semestre do ano passado.

"Sem Pecém, o aumento na produção cai de 10,6% para 4%. Nas vendas externas, a alta de 10,4% se torna uma queda de 8,6%", diz Marco Polo de Mello Lopes, presidente-executivo da entidade.

A indústria vai demorar mais para se recuperar após o adiamento da elevação no Reintegra (regime que compensa exportadores), diz Lopes.

O governo anunciou na terça (15) que a dedução de tributos não subirá mais dos atuais 2% para 3% em 2018.

A entidade usará o congresso do setor em Brasília, na semana que vem, para pressionar o presidente e sua equipe.

Siderurgia brasileira - Produção de aço bruto, no acumulado de janeiro a julho, em milhões de toneladas

*

Impacto Ibovespa

A entrada da transmissora de energia Taesa no Ibovespa deverá afetar pouco o valor de suas ações, segundo analistas.

A empresa está na segunda prévia do índice para o período de setembro a dezembro, divulgada nesta quarta (16), com participação de 0,375% na carteira.

"Alguns fundos passivos sem ações da Taesa precisarão comprá-las, mas a participação ainda é pequena", diz Luiz Monteiro, da corretora Renascença.

"O desempenho dos papéis vai depender mais da venda da participação que a Cemig tem na empresa", diz Marco Saravelle, da XP Investimentos.

A concessionária é dona de 31,5% da Taesa e anunciou que venderá 19%.

"Se as ações forem a mercado, a liquidez da companhia sobe. Se forem para um comprador operacional, que contribua com a estratégia da companhia, também poderá haver uma valorização", diz Saravelle.

*

com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI


Endereço da página:

Links no texto: