Folha de S. Paulo


Incorporadoras vão priorizar Minha Casa Minha Vida nos próximos anos

Os imóveis vendidos pelo programa MCMV (Minha Casa Minha Vida) seguirão como prioridade do setor imobiliário nos próximos anos, segundo empresas do setor.

Os projetos serão direcionados principalmente para as faixas 2 e 3, que são financiadas pelo FGTS e custam de R$ 180 mil a R$ 240 mil.

De janeiro a maio, foram lançadas 18.544 unidades no MCMV, contra 2.772 na categoria mais cara, segundo a Abrainc (associação que representa empresas do setor).

A Benx, incorporadora do grupo Bueno Netto, vai investir R$ 100 milhões em seu próximo lançamento na faixa 3 em São Paulo, diz o diretor-geral Luciano Amaral.

Dos seis terrenos comprados pela companhia para imóveis no ano que vem, quatro serão para o MCMV, afirma. "Ainda há um deficit imobiliário de 6 milhões de habitações, e as classes C e D representam 70% a 80% disso."

A Cury, joint venture com a Cyrela, deverá lançar oito projetos até o fim do ano que vem, com a maioria das unidades enquadradas nas faixas 2 e 3 do MCMV.

"Com empreendimentos desvalorizados e juros altos, fica difícil fazer o cliente de alto e médio padrão tomar hoje uma decisão que durará 30 anos", diz Leonardo Mesquita, diretor da empresa.

O nível maior de distratos em imóveis mais caros também levou construtoras a priorizarem o MCMV, diz Milton Bigucci, presidente da MBigucci, que atua na Grande São Paulo e que lançará quatro projetos até o fim de 2017.

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Regulação para carro elétrico avança, mas não alavanca setor

As regras para a criação de postos de recarga para veículos elétricos deverá sair ainda neste ano, segundo a Aneel (agência reguladora).

A expectativa das empresas é que o serviço de recarga possa ser explorado comercialmente por terceiros —o texto final, porém, ainda está em análise, diz o órgão.

"Nossa percepção, por conversas com a agência e pelo voto do relator, é que haverá uma abertura", diz Rafael Lazzaretti, diretor da CPFL.

Mesmo com o avanço da regulação, ainda faltam políticas públicas e regras de padronização de dispositivos para alavancar o setor no país, afirmam empresas da área.

"Ainda são necessários incentivos, como liberação de rodízio ou facilidades para estacionamento", diz Lazzaretti.

Outra expectativa é o programa Rota 2030, substituto do Inovar-Auto, diz Adalberto Maluf, diretor da BYD. "O IPI deverá ser cobrado em função da eficiência energética, o que beneficia os elétricos."

Outra questão pendente é a padronização dos equipamentos do setor, afirma o presidente da ABB, Rafael Paniagua. "Esperamos que a Aneel proponha uma normativa nos próximos meses."

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Indexador da moda

O número de debêntures que usam o IPCA (índice de inflação do IBGE) como indexador aumentou neste ano, na comparação com 2017, aponta a consultoria Economática.

Há 133 títulos no mercado que são corrigidos pela inflação, o que representa mais de metade do total.

As outras modalidades de indexação têm como base o DI (depósito interbancário), acrescidas de um spread, ou então, uma porcentagem da taxa.

Os papéis com prazos mais curtos geralmente variam com o DI e são comprados por fundos de renda fixa, afirma Ricardo Humberto Rocha, professor de finanças do Insper.

"Investidores de títulos com vencimentos de cinco anos ou mais precisam se proteger da inflação. E debêntures de infraestrutura, que são livre de impostos para pessoa física, são de longo prazo", diz ele.

CORREÇÃO DO PAPEL - Índices mais usados para indexar debêntures

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Mais com menos

O faturamento da exportação de calçados em julho foi de cerca de R$ 248 milhões, ou 1% a mais que no mesmo mês do ano passado.

Em número de pares de sapatos, no entanto, houve uma queda de 7%.

No acumulado deste ano, o volume de peças exportadas é maior que o de 2016, mas há uma tendência de diminuição, diz Heitor Klein, presidente da Abicalçados (associação do setor).

"Nosso produto ficou mais caro por causa da valorização do real frente ao dólar. Nós nos preocupamos porque, no mercado internacional, perdemos competitividade."

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Recarga... A Prefeitura de São Paulo estuda abrir um chamamento público para interessadas em construir pontos de recarga para carros elétricos na capital, afirma Adalberto Maluf, diretor da chinesa BYD, empresa do setor.

...chinesa O executivo diz ter discutido o assunto com o prefeito João Doria em sua recente viagem à China. A secretaria de mobilidade afirma, em nota, que estuda ações sobre o tema, mas que o formato ainda está em análise.

Nada... O Brasil caiu 11 posições no ranking global de inovação nos últimos cinco anos, aponta a CNI (confederação da indústria). Hoje, está em 69º, de 127 países. No quesito eficiência de investimentos na área, a posição é a 99ª.

...de novo Em relação às políticas industriais de inovação concedidas nos últimos anos, a entidade não avalia que tenham sido mal utilizadas, afirma a diretora Gianna Sagazio. "Mas queremos um monitoramento melhor", diz.

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Hora do Café

Tiago Recchia/Folhapress
Charge Mercado Aberto de 6.ago.2017

com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI


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