Folha de S. Paulo


Cancelamento de registros na Bolsa de Valores é o maior desde 2002

Joel Silva / Folhapress
Fitch vê incerteza na recuperação e mantém Brasil em grau especulativo

O número de companhias que tiveram a listagem cancelada na Bolsa de Valores neste ano já é o maior desde 2002, segundo a B3 (ex-BM&F Bovespa). Foram 34 até maio.

Além das empresas que negociavam ações, incluem-se também as que emitiam outros títulos, como debêntures, e securitizadoras.

Com a recessão, muitas companhias saem da Bolsa por terem perdido liquidez, por estarem desvalorizadas ou porque foram adquiridas, diz Álvaro Bandeira, economista-chefe da corretora Modalmais.

"Com o aumento da crise política, é possível que vejamos mais empresários com essa atitude de saída."

Há também registros cancelados por descumprimento de normas da própria B3, como o não fornecimento de informações ou inatividade.

FORA DO PREGÃO - Número de empresas com listagem cancelada na bolsa de valores

Não há uma desaceleração do mercado de ações, até porque o número de OPAs (Oferta Pública de Aquisição) até aqui é reduzido: foram quatro em 2017, segundo a CVM, afirma o executivo de um banco de grande porte.

Hoje, o cancelamento é feito sobretudo por companhias que respondem por um volume menor do mercado, algo diferente do observado há dois ou três anos, diz ele.

Os custos para manter a operação na Bolsa impactam as companhias menores, segundo Caio Villares, presidente da Ancord (das corretoras).

"Mais empresas fechariam [o capital] se pudessem, mas ora não têm liquidez ora não têm o percentual necessário [de votos] para fazer OPA", diz Alfried Plöger, presidente do conselho da Abrasca (de companhias abertas).

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Solvente brasileiro

A multinacional belga Solvay começará a produzir biossolventes em sua planta de Paulínia (SP).

À base de glicerina, o produto é utilizado na indústria de tintas para embalagens, por exemplo.

O aporte previsto é de US$ 10 milhões (R$ 33 milhões) e faz parte do plano de investir R$ 500 milhões na região até 2020, o que inclui a expansão de outros mercados, como o setor de fibras e de sílica.

Cerca de um terço da produção dos solventes será destinada ao exterior, segundo José Matias, presidente da companhia para a América Latina.

"Para se fornecer determinadas moléculas, é preciso ter um tamanho competitivo. [Como a operação é grande] É possível abastecer a região como um todo."

"A Solvay também estuda produzir [essa solução] externamente. Nossa operação da Arábia Saudita, por exemplo, trabalha com solventes, mas está mais voltada para o mercado europeu", afirma.

€ 1,1 BILHÃO
(R$ 4,12 bilhões) foi a receita líquida da Solvay na América Latina em 2016

6
das 140 fábricas da companhia ficam no Brasil

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Sem indenização às transmissoras, conta de luz cairia 2,5%

A tarifa de consumidores de baixa tensão da AES Eletropaulo, que subirá 4,5%, cairia 2,5% se não houvesse o ressarcimento às transmissoras por alterações feitas pelo governo Dilma na remuneração ao setor, há cinco anos.

Os novos preços começam a valer nesta quarta (5).

O cálculo é da Abrace, associação de grandes consumidores. A consultoria TR Soluções aponta que clientes residenciais teriam reajuste 8% menor sem a indenização.

Na tarifa, o custo de transmissão cresceu 143%, em decorrência do ressarcimento.

"A indenização às transmissoras é 90% desse aumento", diz Camila Schoti, diretora de energia da Abrace.

A entidade tem ação na Justiça contra o cálculo, por entender que o governo deveria pagar o ressarcimento e que os valores não são razoáveis.

A indenização é "devida, líquida e certa" diz Claudio Sales, do Instituto Acende Brasil. Isso porque a medida que tentou mudar a fórmula das tarifas tinha erros, e isso já foi tema de audiências na Aneel.

Editoria de Arte/Folhapress
PESOS NA TARIFAEvolução de diferentes componentes no ajuste da conta de luz

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Crescimento popular

As vendas no setor imobiliário tiveram alta de 1,6% no primeiro quadrimestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2016, segundo a Abrainc (associação das incorporadoras) e a Fipe.

A variação, porém, é inflada pela comercialização no segmento MCMV (Minha Casa Minha Vida), que subiu 26,8%, diz Luiz França, presidente-executivo da Abrainc.

Além disso, 2016 foi considerado um dos piores anos da história pelo setor, o que afeta a base de comparação.

"Estamos muito longe dos números de 2014 e 2015, mas o mercado começou a melhorar um pouco por causa do MCMV mais aquecido", afirma o executivo.

DISPARIDADE - Variação do número de lançamentos imobiliários em 2017 na comparação com 2016*

"As vendas de alto e médio padrão têm sofrido mais. Caíram 13,6% no acumulado de 12 meses até abril."

O número de imóveis lançados no primeiro quadrimestre teve leve queda, de 1,6%.

No MCMV, porém, houve crescimento de 15%. Esse segmento representa quase 90% de tudo o que foi colocado no mercado de janeiro a abril deste ano.

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De rua A venda de tecidos para cama, mesa e banho na 25 de Março, no centro de São Paulo, subiu 3% de maio para junho, aponta o Sinditecidos.

com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI


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