Folha de S. Paulo


Meta do BNDES é ir de R$ 4 bi para R$ 10 bi de debêntures em 2 anos

"A meta do BNDES é passar de R$ 4 bilhões para R$ 10 bilhões o volume de debêntures (corporativas e de projetos de infraestrutura) em dois anos", diz Eliane Lustosa, diretora da área de mercado de capitais do banco.

"Estamos avançando na estruturação de debêntures nas novas concessões e em fundos de infraestrutura. As debêntures estão na carteira do banco e agora vamos colocar no mercado."

Hoje, o banco de tem em seu portfólio cerca de R$ 2 bilhões de debêntures de infraestrutura, segundo Lustosa.

Outra decisão da gestão da presidente Maria Sílvia Bastos Marques é que nenhum diretor do banco participa mais de conselhos das empresas da carteira do BNDESPar (subsidiária de participações societárias).

Ainda há alguns representantes, mas o banco buscanão ter mais funcionários do banco nos conselhos.

"O banco é um importante credor, financiador, o que cria conflito de interesse."

O BNDES anunciou recentemente que vai reduzir a concessão de TJLP, e com isso, abriu espaço para o mercado, afirma a diretora.

O BNDESPar poderá ocupar esse espaço com debêntures de infraestrutura.

"No fundo o banco poderá ficar com o mesmo percentual de dívida, mas para nós faz muita diferença a forma com que a gente investe. A diferença é que entramos com instrumento que pode ajudar a trazer de volta o mercado."

O banco quer atuar em falhas do mercado, como falta padronização, ratings.

Na área de concessões, o banco está fazendo "uma revolução", diz.

"Quando o BNDES fazia sozinho, tinha mais conforto em relação ao que pedia de fianças, cláusulas contratuais. Agora tem de compartilhar com outros participantes, bancos públicos, com o PPI e o mercado."

BNDESPar

Sobre o desinvestimento, Lustosa, não adiantou detalhes do que pode mudar na carteira de participações.

"Somos investidores de longo prazo. Estamos definindo quais são os atributos para entrar em um projeto: tem de gerar benefício para a sociedade, melhorar o mercado de capitais, apoiar projetos de infraestrutura. E acompanhar os resultados. Analisamos o valor justo da empresa e a liquidez da empresa", diz.

"A eventual saída é quando não temos mais papel ali dentro, como se ela já está no mercado de capitais e tiver liquidez. Temos tranquilidade de esperar quando não se encontra o preço justo."

Algumas estão em processo de redução de participação ou de venda total. Já foram vendidos mais de R$ 2 bilhões em participações acionárias.

INFRAESTRUTURA

Além de um fundo de energia sustentável de R$ 500 milhões (leia ao lado), o BNDES estuda ainda com o Banco Mundial uma linha de US$ 500 milhões para aplicar em projetos de debêntures de infraestrutura também, mas não necessariamente de energia renovável.

"Estamos estruturando de uma forma para que tenha um rating comparável às NTNBs. O foco são os fundos de pensão, que hoje estão colocando tudo nesses títulos do Tesouro Nacional para fazer o casamento de ativo e passivo porque são de longo prazo."

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Vinci será gestor de fundo verde de R$ 500 milhões do BNDES

A Vinci Partners foi escolhida pelo BNDES para ser a gestora de um fundo de energia sustentável com patrimônio de R$ 500 milhões e prazo de 15 anos.

A ideia é investir em projetos de infraestrutura de baixo carbono por meio do BNDESPar (subsidiária de participações societárias do banco de desenvolvimento), que participará como cotista com no máximo 50%.

O gestor é que vai analisar e escolher o projetos que tenham rentabilidade.

Além da Vinci Partners, que possui R$ 20 bilhões de ativos sob sua administração, outros gestores de peso participaram da seleção, cuja conclusão estava prevista para o fim deste mês.

O fundo, que vai financiar debêntures de infraestrutura, deverá estar operando até julho. "Ao colocar dentro de um fundo, garantimos que teremos projeto de infraestrutura e diversificação", diz a diretora do banco Eliane Lustosa.

"Faltam projetos de infraestrutura porque os investidores compram e ficam 'encarteirando'."

Além de criar um novo veículo de financiamento para infraestrutura, o banco pretende incentivar a criação de um mercado de títulos verdes no país, estimular investidores no segmento e dar liquidez a títulos de infraestrutura.

Os investidores pessoa física terão isenção.

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Alta do aluguel

Pelo segundo mês consecutivo, o preço médio do aluguel em São Paulo aumentou, aponta o Secovi-SP (sindicato do setor da habitação). No período de 12 meses que terminou em fevereiro, a alta acumulada é de 1%.

Nos próximos meses, os valores de contrato vão continuar a subir de maneira constante, mas não abrupta, segundo Mark Turnball, diretor de locação da entidade.

"No passado, a lei de mercado fez os valores caírem e, agora, eles começam aos poucos, se recuperar. Ao menos para aluguéis", diz ele.

Preços de compra de imóveis não deverão acompanhar a tendência na mesma velocidade, afirma, pois essas operações dependem mais de crédito e são investimentos de longo prazo.

O tempo para se alugar um apartamento foi, em média, de 37 dias em fevereiro, um pouco mais do que em janeiro, quando eram 36,6 dias.

LENTA E GRADUAL - Variação do preço médio do aluguel, em %

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Hora do Café

com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA, IGOR UTSUMI e LUISA LEITE


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