Folha de S. Paulo


Estoque de grãos do governo cai em 2016 após safra ruim

Marcelo Justo - 27.mar.2012/Folhapress
TANGARÁ DA SERRA, MT, BRASIL, 27-03-2012, 14h30: Colheita do final da safra de soja na fazenda Morro Azu, do grupo A. Maggi, que fica há 70 km do centro de Tangará da Serra, no Mato Grosso. A colheita foi realizada com 17 colheitadeiras Case II, e, segundo os administradores do grupo A. Maggi, a safra atual deu 60 sacas por hectare num total de 39.400 mil hectare plantado. (Foto: Marcelo Justo/Folhapress)
Menor oferta de grãos e alimentos levou governo a vender estoques

Os estoques de alimentos e grãos gerenciados pelo governo caíram no ano passado. Volumes de milho, arroz, feijão, café, mandioca e outros diminuíram —só um produto, o trigo, ficou estável.

A Conab (companhia de abastecimento) compra grãos e outros produtos quando há sobra e os preços estão abaixo de um nível mínimo. A venda acontece quando há falta de grãos no mercado.

As condições climáticas foram desfavoráveis à safra que terminou no meio de 2016. Isso diminuiu a oferta de alimentos e forçou o governo a se desfazer de estoques.

"Quando desovamos produtos, contribuímos para conter inflação. Temos de vender porque custa carregar estoque", diz Wellington Teixeira, superintendente da Conab.

A safra atual deve ser maior que a anterior, mas isso não significa que o governo voltará a comprar, diz.

"A tendência é que a gente continue a vender. Ainda que haja mais oferta, os valores de mercado não estão abaixo dos preços mínimos."

PRODUTOS EM ESPERA - Estoques físicos gerenciados pelo governo

Os produtores, no entanto, vão procurar a Conab para que ela adquira produtos, afirma Alan Malinski, assessor da CNA (confederação da agricultura).

"Tem sinal de alerta aceso: teremos supersafra e os preços vão cair. Iremos buscar a ferramenta e, para isso, é preciso [que o poder público] reestabeleça os estoques."

Nesse mercado, o governo tem custos altos porque a infraestrutura é sucateada e é preciso pagar armazéns privados, dizem especialistas.

Em época de dificuldades fiscais, a tendência é que o governo reduza os estoques, afirmam consultores.

*

Apetite nas cidades

A Nova Opersan, de tratamento de água e efluentes industriais, planeja investir ao menos R$ 50 milhões em 2017, segundo o presidente, José Fernando Rodrigues.

A empresa sentiu uma forte retração na demanda de indústrias em 2016 e investiu apenas 30% dos R$ 100 milhões previstos.

Desde o fim do ano passado, porém, observa uma gradual retomada.

"Antes, a maior parte dos pedidos eram de indústrias, que têm postergado a assinatura dos contratos. Hoje, a demanda vem de centros urbanos, em shoppings e grandes condomínios imobiliários", afirma.

O valor previsto para este ano é um "mínimo", diz o executivo, e poderá crescer consideravelmente caso grandes contratos em negociação sejam assinados.

"A restrição é a demanda, e não nosso apetite para investir." A empresa foi criada em 2012 pelo fundo P2 Brasil, joint venture entre Pátria Investimentos e Grupo Promon.

R$ 100 milhões
faturou a companhia em 2016, mesma receita do ano anterior

*

Caixa fecha acordo para desovar imóveis encalhados

A Caixa Econômica fez um acordo com o Cofeci (conselho dos corretores de imóveis) para tentar vender casas que o banco financiou, mas cujos pagamentos não foram honrados e que foram incorporados à carteira da estatal.

Ao todo, a Caixa possui 24.585 unidades em estoque.

Os corretores que conseguirem fazer transações com essas unidades ficarão com uma taxa de 5%, diz João Teodoro, presidente do Cofeci.

"Os conselhos regionais de corretores de imóveis vão chamar os profissionais cadastrados para participar desse convênio, e haverá sorteio para determinar quem vai trabalhar qual unidade."

Ele estima que, caso todo o estoque seja comercializado, o valor total seja em torno de R$ 4,5 bilhão.

Houve um acordo semelhante que vigorou na década passada, mas que foi interrompido em 2010.

O problema é que a maioria dessas casas são ocupadas pelo antigo mutuário ou por um comprador irregular, diz José Viana Neto, presidente do Creci-SP (conselho dos corretores de SP). "Isso é um complicador muito grande".

Pelas contas do banco, 11% do estoque será vendido dessa forma em 2017, segundo a Caixa informou por e-mail.

*

Dentro da lei

As exportações brasileiras de carne kosher caíram 5,3% em 2016, segundo a Secex (órgão de comércio exterior). Em receita, a queda é de 11,9% —o faturamento no ano foi de cerca de R$ 231 milhões.

O produto, que é vendido basicamente para Israel, perdeu fatia de mercado nos últimos anos para Uruguai, Paraguai e Argentina, afirma o consultor especializado no segmento Felipe Kleiman.

No ano passado, o Brasil vendeu 15 mil toneladas de carne bovina ao país, com participação de cerca de 15%.

Em 2008, as vendas somavam 34,6 mil toneladas, uma fatia de 33%, segundo Kleiman, com dados da Abiec (das exportadoras de carne).

Há, porém, uma perspectiva de que a abertura do mercado norte-americano, ocorrida em 2016, impulsione as exportações kosher no Brasil.

"Além de judeus, nos Estados Unidos, cerca de 60% compram kosher pelo forte controle da produção." O consumo anual do país é de cerca de 60 mil toneladas.

FILÉ KOSHER - Exportações de carne para Israel

*

Pague... O número de ações judiciais por falta de pagamento de condomínio caiu 49,4% na cidade de São Paulo no ano passado, em relação a 2015, segundo o Secovi-SP.

...o condomínio Foi a menor quantidade de ações desde 2006, segundo o sindicato. Em 2016, foram ajuizados 5.111 processos, quase metade dos 10.093 registrados em 2015.

Tapa... A Único Asfaltos, de materiais para pavimentação, investirá R$ 15 milhões em 2017 para subsidiar franqueados que fabricam e vendem massa asfáltica.

...buraco O aporte irá para unidades que não tenham capacidade de atender o volume contratado por prefeituras. A empresa tem 82 franquias no Brasil e prevê abrir outras cem.

*

Hora do Café

com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI


Endereço da página:

Links no texto: