Folha de S. Paulo


Presidente do Banco Central nega aumento de intervenção no câmbio

Ueslei Marcelino/Reuters
Brazil's Central Bank President Ilan Goldfajn speaks during a news conference in Brasilia, Brazil December 20, 2016. REUTERS/Ueslei Marcelino ORG XMIT: UMS02

Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central, disse nesta quarta-feira (18) à coluna que não houve um aumento de intervenção no câmbio nesta semana, como comentaram analistas.

Ilan minimizou a decisão do BC de iniciar na terça (17) a rolagem do lote de US$ 6,431 bilhões em contratos de swap cambial tradicional (que equivale a uma venda de dólar no mercado futuro).

"O Banco Central apenas resolveu manter os swaps em US$ 26 bilhões, um volume que foi de cerca de US$ 110 bilhões ", disse. Quando Ilan assumiu, em 9 de junho de 2016, estava em US$ 62 bilhões.

A decisão surpreendeu o mercado porque, desde meados de dezembro, o BC não intervinha no câmbio.

À pergunta sobre a decisão de parar de reduzir os swaps ter sido tomada com o objetivo de se precaver contra uma alta da volatilidade, Ilan respondeu apenas: "Podemos voltar a reduzir daqui a duas semanas, um mês, dois, ou mais. Ou não [diminuir]".

O presidente do Banco Central apontou o comportamento da inflação como o principal vetor considerado na redução de juros.

"A decisão de cortar 0,75 ponto na Selic se baseou na queda da inflação", afirmou.

"Em agosto, com a inflação alta, chegou-se a questionar se não havia inércia que a impedia de cair. Quando começou a recuar, passaram a replicar por que o BC não cortou a taxa antes...", disse ao ser indagado sobre a pressão para que a autoridade monetária acelerasse o ritmo do corte da taxa de juros por causa do baixo nível de atividade. "Como presidente, não comento."

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Em Davos

Presença... Em um encontro fechado de ministros brasileiros com investidores, a maioria estrangeiros, um executivo levantou-se, deu os parabéns, disse que está com muito interesse em alocar mais recursos no Brasil.

... de espírito Henrique Meirelles (Fazenda) arrancou gargalhadas ao pegar o microfone e incentivar: "Se tiver mais alguém com comentários como esse, por favor, não se acanhe." Ouviu mais dois elogios de outros executivos de fora.

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Receita nova

A rede paranaense de restaurantes Madero lançará uma segunda marca em junho. Serão três lojas da nova operação em 2017.

O investimento nas novas unidades, que terão como prato principal os hambúrgueres e que não vão contar com serviço de mesa, será de R$ 9 milhões.

Ao todo, a empresa prevê aportar R$ 140 milhões neste ano, sendo R$ 40 milhões em obras na fábrica de Ponta Grossa (PR) e o restante em novas lojas, incluindo 40 com a marca Madero.

A maior parte do capital virá da venda de 15% a 20% da empresa. A estimativa é obter R$ 250 milhões com a transação, segundo o fundador Junior Durski.

"Há fundos nacionais e internacionais nas discussões. A partir desta semana, deveremos escolher três para negociar", afirma.

"Com a venda, vamos zerar nossa dívida (R$ 88 milhões com o fundo HSI) e gerar caixa para a expansão."

R$ 446 MILHÕES
foi o faturamento em 2016

84
são as lojas da rede

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Reclamações contra planos de saúde caem 12,2% em 2016

O número de queixas contra planos de saúde caiu 12,24% em 2016, na comparação com o ano anterior, segundo a ANS (Agência Nacional de Saúde).

A diminuição, porém, não necessariamente retrata uma evolução das operadoras, afirma Enrico De Vettori, sócio da Deloitte.

"O ano de 2015 foi excepcional para o setor, devido aos problemas registrados nas Unimeds Paulistana e Rio, que inflaram o dado."

A quantidade de reclamações oscilou nos últimos quatro anos, mas a tendência é de alta: no início da década, o volume era um terço do atual.

O aumento da fiscalização é um motivo apontado pela presidente da FenaSaúde (federação das operadoras de planos), Solange Mendes.

"Ainda assim, em um universo de mais de 48 milhões de beneficiários, o número é baixo", diz. Em 2016, foram registradas 90,2 mil queixas.

A quantidade de registros na agência, porém, poderia ser maior caso menos pessoas recorressem à judicialização, segundo Mendes. "Muitos beneficiários vão diretamente ao judiciário."

ANS

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Métrica do dinheiro

A start-up israelense de tecnologia AppsFlyer recebeu um aporte de US$ 56 milhões (R$ 180,3 milhões) em uma rodada liderada pelo fundo Qumra Capital.

Também participaram do investimento Goldman Sachs PCI, Deutsche Telekom Capital Partners e Pitango Growth.

Um dos focos da empresa, que desenvolve ferramentas para analisar métricas e resultados de publicidade em dispositivos móveis e aplicativos, será aumentar a presença na América Latina em 2017.

A start-up deverá inaugurar uma operação no Brasil, onde já tem clientes, ainda neste ano, diz Daniel Junowicz, diretor-executivo da companhia para a região.

"A penetração [de celulares e tablets] no Brasil se expande muito rápido. Neste ano, o mercado de métricas móveis deverá se tornar pelo menos duas ou três vezes maior", afirma.

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Ver navios

O Porto Central, um projeto de um complexo industrial e portuário no sul do Espírito Santo, recebeu autorização da Antaq (agência de transportes aquaviários) para iniciar a construção.

Agora, é preciso uma licença de instalação do Ibama, que José Maria Novaes, diretor-executivo, espera receber ainda neste ano.

O projeto, que tem como sócios o porto de Roterdã e a holding TPK Logísitca, prevê investimento inicial de cerca de R$ 3,5 bilhões, afirma.

"É um porto de multipropósitos. Nós construiremos a infraestrutura, os canais de acesso, o quebra-mar e os cais e arrendaremos áreas para que operadoras se instalem."

Até agora, foram assinados cinco memorandos de entendimento de terminais de líquido (para petróleo), grãos, gás, carga geral e uma base de apoio offshore.

A expectativa é que a construção comece em 2018, e a operação, em 2021.

RAIO-X
PORTO CENTRAL

ACIONISTAS
Porto de Roterdã e TPK Logística (cuja controladora é a Polimix)

R$ 3,5 BILHÕES
é investimento inicial

2.000 hectares
é a área de instalação

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com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI


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