Folha de S. Paulo


Saiba o que gestores esperam para juros, PIB e setores da economia

Will Landers, gestor da BlackRock

Posição menos defensiva

Will Landers, que administra US$ 2 bilhões em fundos dedicados à America Latina da BlackRock, diz que a gestora saiu de uma posição bem defensiva para uma das maiores em Brasil que já teve nos últimos anos.

"A direção nova no governo pode levar o país a um crescimento interessante em meados do ano que vem, mas, realmente em 2018."

JUROS NO BRASIL

"O Banco Central continuará cauteloso, mas a velocidade [de cortes] deverá aumentar em 2017. A economia segue fraca pelo que o governo Temer herdou. Esperamos corte [da taxa básica, hoje em 14%] de 25 pontos base nesta quarta-feira (30) e de 50 em janeiro. A qualidade da comunicação de BC, governo e estatais ajudou a Bolsa."

CÂMBIO

"Depois de um pulo das moedas emergentes, o real achou equilíbrio em R$ 3,25 e R$ 3,40. Acho que ficará por aí até o fim deste ano e em 2017, se as coisas continuarem assim."

IMPACTO DE TRUMP

"Acho que não será grande, o Brasil continua bem fechado. O país tem de consertar seus erros causados por governos anteriores, continuar o processo de reformas, com ajuste fiscal que ajude o BC a cortar juros mais rapidamente e trazer o consumo de volta."

JUROS NOS EUA

"Vamos ver se alta vem em dezembro mesmo, após Trump. O mercado está balanceado para o FED [o BC dos Estados Unidos] mais ativo, mas nada desastroso. Há a expectativa de haver mais gastos, mas o investimento em infraestrutura é lento. Não esperamos desvalorização maior do real."

IPOs

"Um apetite grande [para abertura de capital] ainda não se tem. Não houve fluxo grande de dinheiro novo voltando. "

SETORES DA ECONOMIA

"Estamos em posições maiores que o índice na maioria deles. Bancos muito bem posicionados, o de petróleo também positivo dadas as melhorias nas regras e flexibilidade de preços e na mineração pela primeira vez em muito tempo. Mas o consumidor será um dos últimos a se beneficiarem da recuperação econômica."

PIB

"De menos 3,5 % este ano e talvez 1% no ano que vem, a diferença vai ser uma das maiores que teremos no mundo. Pode ser 2,5% ou 3% em 2018."

*

Luiz Fernando Figueiredo, sócio-diretor da Mauá Capital

Buraco mais fundo

Luiz Fernando Figueiredo, sócio-diretor da Mauá e ex-diretor do Banco Central, diz que está com uma visão menos positiva em relação ao crescimento do país.
Esperava uma expansão de 2% para 2017.

"Ficou muito mais improvável. O PIB deve ser, sim, positivo, mas estávamos mais fundo nesse buraco do que pensávamos. Estamos, porém, surpresos em como o governo está avançando nas reformas."

VISÃO DE BRASIL

"Há dois ou três meses, não sabíamos se esse governo ia vingar. A lista do que já fez em seis meses, quatro como interino, é impressionante: a DRU [Desvinculação das Receitas da União], a questão do pré-sal, a emenda do teto, o marco do setor de energia. Precisamos ver daqui para a frente, mas já entregaram bastante."

JUROS NO BRASIL

"O Banco Central foi muito claro no comunicado, ao afirmar que em novembro seria [corte de] 25 pontos. Ele pode comunicar depois que em janeiro, será de 50 pontos. A Selic deverá encerrar 2017, entre 11% e 10%. O BC quer trabalhar com segurança grande, o que significa taxa mais elevada. O BC anterior perdeu completamente a credibilidade e isso tem um custo.'

PIORA DE INDICADORES

"O que se imaginava é que este último trimestre já seria positivo em crescimento. A atividade está frustrando a todos. Vai demorar mais para se recuperar. A fraqueza da economia faz com que a visão de inflação seja mais amena e possibilite ao BC acelerar o passo."

CENÁRIO EXTERNO

"Está uma grande confusão com Trump, mas num mundo menos globalizado, o comércio flui pior, e todos crescem menos. Já era uma tendência. Eleições na França, na Alemanha, o Referendo na Itália... o mundo está em um processo mais complexo."

CONCESSÕES

"Sim, há interesse. O governo está fazendo com que marco regulatório dê segurança ao investidor - muito maior do que se teve até agora. A modelagem é muito boa. "

PIB

"Em 2017, deverá ser positivo, mas algo em torno de 0,5%. A recessão foi muito longa, e as empresas ficaram muito endividadas. Precisam da volta da demanda para investir. O governo deve tentar também uma agenda micro para o país ganhar competitividade."

*

Novo sistema de controle de bebidas deve ficar pronto no início de 2017

O sistema de controle de bebidas que substituirá o Sicobe (atual mecanismo de monitoramento fiscal do setor) poderá ficar pronto no primeiro trimestre de 2017, segundo a Casa da Moeda do Brasil.

A plataforma, em desenvolvimento pelo órgão e pela Receita Federal, terá um teste oficial em uma cervejaria da Ambev no dia 8 de dezembro.

Uma fabricante de refrigerantes e outra, de cachaças, também receberam visitas, diz José Augusto Rodrigues da Silva, presidente-executivo da Abrabe (entidade do setor).
A expectativa, segundo ele, é que o custo seja inferior ao do Sicobe, que cobra uma taxa de R$ 0,03 por embalagem.

Além de controle e rastreabilidade de bebidas, o novo sistema prevê um aplicativo, ainda em estudo, que permitirá ao consumidor averiguar a origem dos produtos por meio de um código.

O Sicobe deixará de ser obrigatório às indústrias a partir do dia 13 de dezembro.

Ainda não se sabe de que forma a nova ferramenta, ainda sem nome oficial, se integrará ao chamado Bloco K, outro sistema de controle que informa aos órgãos fiscais estaduais e federal a movimentação de insumos e produtos.

*

Petróleo O Instituto de Pesquisas Tecnológicas inaugurou na terça (29) um sistema para testar peças usadas na ancoragem de navios e plataformas petroleiras. Petrobras e governo de SP aportaram, juntos, R$ 15,7 milhões no projeto.

On-line Cerca de 56,7% das lojas virtuais brasileiras deram descontos na Cyber Monday, segunda-feira que sucede a Black Friday. Em 2015, a adesão foi maior (63,5%), aponta a Big Data Corp e o Pay Pal.

*

Hora do café

com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI


Endereço da página:

Links no texto: