Folha de S. Paulo


Uso de seguro na Justiça cresce com a crise

O seguro-garantia para o setor público, um contrato que garante ao Estado que haverá um pagamento, cresceu 9% até setembro, na comparação com o mesmo período do ano passado.

O que motiva o aumento é o uso desse seguro na Justiça —uma empresa pode optar por entregar ao juiz uma apólice que garante desembolso em caso de condenação.

O seguro-garantia judicial representa 80% dos contratos para o setor público, diz Roque Melo, da FenSeg (federação do setor).

A Justiça passou a aceitar mais essa modalidade de seguro a partir de 2014, afirma Marcelo Annunziata, do Demarest. "Naquele ano a lei de execuções fiscais foi alterada e ele passou a ter o valor legal de uma fiança."

Há fatores econômicos que impulsionam esse contrato. A alternativa tradicional é um depósito judicial em dinheiro, que imobiliza capital.

A outra opção é a fiança bancária. Há dificuldade para conseguir crédito, e o valor levantado para garantir pagamentos na Justiça constam como alavancagem.

As seguradoras, que viram outros negócios minguarem, passaram a oferecer esse produto com frequência. Na JLT, as garantias para obras de infraestrutura ficaram escassas.

A corretora passou então a negociar mais o seguro-garantia na Justiça tributária, cível e do trabalho.

"Nos litígios trabalhistas verificamos um aumento considerável pelo número de demissões", afirma Stephanie Zalcman, diretora da JLT.

VALE QUASE COMO DINHEIRO - Evolução de seguro garantia*

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Inadimplência deverá cair até metade de 2017, dizem analistas

A inadimplência de consumidores deverá diminuir só a partir de 2017, entre o segundo e terceiro trimestre, segundo o Serasa Experian.

Neste ano, a perspectiva é de estabilidade. "Devemos terminar 2016 com cerca de 59 milhões de devedores", diz o economista Luiz Rabi.

A projeção da Boa Vista SCPC é que o índice "certamente tenha uma redução no primeiro semestre", avalia o economista Flávio Calife.

Após um aumento de aproximadamente 7% ao longo de 2015, o número de devedores não teve fortes variações neste ano devido ao recuo do crédito e do consumo, afirma.

A situação das companhias, porém, é mais grave: com inadimplência ainda em alta, não há previsão de melhora, segundo os analistas.

"Metade das empresas estão inadimplentes", diz Rabi.

A liberação de crédito também deverá evoluir, afirmam os analistas: em 2017, a alta deverá girar entre 6,5% e 7,5%, segundo o Igeoc, que reúne 16 empresas do setor.

Inadimplência de consumidores no Brasil - Número de devedores, em milhões

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Encolher e crescer

Após um ano de redução das receitas, a Jamef, transportadora de pequenas encomendas, pretende retomar investimentos em 2017.

Um aporte de R$ 30 milhões está previsto para modernizar terminais logísticos e armazéns.

A queda no faturamento da empresa em 2016, na comparação com o ano passado, deve girar entre 12% e 15%, afirma o diretor-presidente Adriano Depentor.

"Enxugamos a estrutura e até abrimos mão de clientes. Foi um período sofrido, de muita incerteza, mas soubemos preservar o caixa", ressalta.
A previsão para o ano que vem é crescer "um pouco acima da inflação."

"Com a nossa reorganização, qualquer aumento de demanda já terá um efeito grande. Não precisaria nem chegar aos bons níveis de 2010 ou 2011."

2.800
são os funcionários da Jamef

1.200
veículos compõem a frota

27
é o número de unidades da empresa

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Nas praias de mar azul

A marca de óculos Chilli Beans prevê a abertura de 40 lojas no Caribe nos próximos cinco anos.

A companhia já assinou contrato com um parceiro local, que ficará responsável por comercializar franquias na região. Os próximos alvos são Argentina e Espanha.

Ao todo, 105 unidades deverão ser inauguradas no ano que vem, segundo a empresa. A projeção é encerrar 2016 com 755 lojas.

A maioria delas serão instaladas em cidades brasileiras com menos de 150 mil habitantes, não atendidas pela companhia até o final deste ano.

"São lojas menores, com investimento máximo do franqueado de R$ 160 mil", afirma Eduardo Felix, gerente de expansão da Chilli Beans.

A empresa também pretende vender lentes próprias e aumentar a presença em multimarcas, segundo Felix.

Em 2017, a previsão é que o faturamento cresça 7%. Ao se considerar apenas unidades que já foram abertas, o número cai para 3%.

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Inativo em desgaste

A perspectiva de remuneração dos brasileiros ao se aposentarem piorou nos últimos anos, aponta a consultoria Lockton.

Em 2003, uma pessoa de 30 anos que ganhava R$ 10 mil e pagava previdência privada receberia 42% do último salário ao parar de trabalhar. Hoje, esse valor seria 36% da última remuneração.

"O ideal é que fossem 75%, como recomendam pesquisas internacionais", diz José Roberto Carreta, superintendente da Lockton.

BENEFÍCIO EM QUEDA - % do último salário como aposentadoria

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Marco... A maior rede social da China, a Weibo, assinou uma parceria para que produtos à venda na plataforma estejam disponíveis no Brasil pelo Zimp, uma página de fidelização de clientes.

...Polo Bens ofertados no site daqui também passam a aparecer para os chineses. A logística do intercâmbio de bens fica por conta das próprias marcas.

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Hora do café

com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI


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