Folha de S. Paulo


Para entidade, Trump deve adotar tom menos protecionista que na campanha

Mark Wilson/Getty Images/AFP
NEW YORK, NY - NOVEMBER 09: Republican president-elect Donald Trump delivers his acceptance speech during his election night event at the New York Hilton Midtown in the early morning hours of November 9, 2016 in New York City. Donald Trump defeated Democratic presidential nominee Hillary Clinton to become the 45th president of the United States. Mark Wilson/Getty Images/AFP == FOR NEWSPAPERS, INTERNET, TELCOS & TELEVISION USE ONLY ==
O recém-eleito presidente dos EUA, Donald Trump, em discurso da vitória nesta quarta (9)

Ao assumir, Donald Trump deverá moderar a retórica protecionista nas relações comerciais, afirma a Abimaq, associação de fabricantes de máquinas, setor que mais exportou para os Estados Unidos em 2016.

"Na hora em que ele se sentar à mesa com o Partido Republicano por trás, mudará", diz o presidente da entidade, João Carlos Marchesan.

Neste ano, o Brasil exportou 6,88% menos para os EUA. Esse segmento da indústria, porém, cresceu 11% e chegou a US$ 3 bilhões (R$ 9,6 bilhões).
Os EUA são o principal destino das exportações dos fabricantes brasileiros.

Entre as empresas de máquinas, no entanto, não há unanimidade sobre o tema.

"Trump pode até ter vestido uma máscara só para ganhar, mas estou pessimista e acho que ele vai privilegiar empregos no país dele e praticar protecionismo", diz César Prata, da Asvac Bombas, que exporta para os EUA.

Em segundo lugar na pauta de vendas do Brasil para aquele país, os aviões dificilmente sofrem com barreiras, segundo nota da Embraer.

Fabricantes de aeronaves e de peças estão espalhados pelo mundo e dependem de comércio exterior para manter a sua produção.

Durante a campanha, além de falar em erguer um muro para separar mexicanos, Trump sinalizou que vai dificultar a entrada de produtos chineses, rever o Nafta (acordo de livre comércio com o México e o Canadá) e o TPP (Parceria Transpacífico).

DE CÁ PRA LÁ - Exportações aos EUA neste ano, em US$ bilhões

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Em águas mansas

A Lonza investirá R$ 40 milhões na ampliação em Pernambuco de uma fábrica da Hth, de produtos químicos para tratar água, e outros R$ 12 milhões em um laboratório em São Paulo.

A previsão é aumentar a produção em 35% para suprir a demanda no país até 2021 —hoje 20% é importado.

A Hth prevê aumento da receita de 10% a 15% em 2016. "Em parte pelo crescimento de vizinhos atendidos pela operação brasileira", diz Mario Lorencatto, diretor-executivo do grupo no país.

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Pires na mão

O governador Geraldo Alckmin se reúne nesta quinta-feira (10), em Nova York, com Rob Kapito, CEO da BlackRock, uma das maiores gestoras do mundo, para apresentar o programa de investimentos no Estado.

Na Moody's, Alckmin discutirá a metodologia de ratings. O governador ainda irá ao Council of the Americas.

Um grande banco americano, porém, cancelou um evento. Avaliou que o mercado não estaria interessado em concessões paulistas dois dias após eleições nos EUA.

Em Londres, Marx Beltrão (Turismo) também circula por fundos estrangeiros atrás de aportes para projetos da pasta.

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Em SP, emprego da construção pesada cai 13% e não deve evoluir com editais

Os editais de concessão de rodovias anunciados recentemente pelo governo paulista terão um impacto restrito na geração de empregos da construção pesada no Estado, segundo o Sinicesp (sindicato do setor).

"As licitações animam, mas o processo é longo, só deverá ter resultados dentro de pelo menos um ano, e são obras menos significativas", afirma o diretor da entidade Newton Cavalieri.

O saldo de trabalhadores do setor caiu 12,6% entre setembro de 2015 e o mesmo mês deste ano. A situação se agravou nos últimos meses: em abril, a retração era de 5,3%.

"As demissões chegaram aos cargos de supervisão e gerência das empresas, já não afeta apenas o 'chão de fábrica', onde é normal que haja cortes ao fim das obras."

O sindicato pleiteia que o governo retome cerca de 20 obras já contratadas, mas que estão "em marcha lenta", segundo Cavalieri.

A projeção do sindicato é de que este ano termine com uma baixa de empregos de aproximadamente 13%.

MÃOS SEM OBRA - Emprego na construção pesada no Estado de S.Paulo

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Breve alívio

Setembro foi o segundo melhor mês do ano para o setor imobiliário em São Paulo.

Foram 1.717 unidades vendidas na capital, inferior apenas ao registrado em junho (2.097), segundo o Secovi-SP, entidade do setor.

O número representa um incremento de 59,3% em relação a agosto e de 23,3% na comparação com o mesmo mês do ano passado.

Também houve melhora nos lançamentos. Foram 2.165, aumento de 66,9% sobre o mesmo período de 2015.

"As incorporadoras voltaram a lançar imóveis com três ou quatro dormitórios e em bairros mais caros, como nas zonas Sul e Oeste", afirma Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP.

Mesmo com o crescimento recente, o acumulado deste ano entre janeiro e setembro é o pior desde 2004.

Prédios menos vazios - Unidades residenciais vendidas em São Paulo entre janeiro e setembro, em milhares

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Hora do café

com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI


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