Folha de S. Paulo


Incorporadoras aproveitam facilidade de negociação para comprar terrenos

Apesar das vendas fracas, incorporadoras têm investido na compra de terrenos por causa do recuo de preços e da expectativa de aquecimento do mercado imobiliário para os próximos anos.

Esse movimento também é impulsionado pela melhora dos índices de confiança do consumidor no país.

Como o ciclo de incorporação é longo, as empresas precisam tentar antecipar as tendências de mercado para que a oferta coincida com o aumento da demanda, avalia Flavio Amary, presidente do Secovi-SP (do setor).

"O mercado imobiliário ainda não sabe o ponto de virada, quando as vendas devem voltar a crescer, mas as empresas que podem adquirir ativos tentam fazer agora."

"Lançaremos dois edifícios em 2016, a metade do que em 2015, mas a empresa precisa pensar o banco de terrenos para os próximos dois anos", afirma Antonio Setin, da construtora que leva seu nome.

"Até o começo de 2014, tínhamos de comprar o lote com pagamento em dinheiro e à vista. O dono não aceitava permuta e perdíamos o negócio porque a concorrência era grande", diz Eduardo Pompeo, também da Setin.

Os proprietários de terreno estão bem menos exigentes, de acordo com Luciano Amaral, da Bueno Netto.

"Há dois anos, muitos donos não aceitavam permutas pelo espaço, queriam receber em dinheiro e ofereciam prazos menores."

Além da flexibilidade, foi possível neste ano comprar lotes por 15% menos do que custavam antes da crise, afirma Eduardo Fischer, presidente da MRV. "Após essas aquisições, a expectativa é lançarmos 20% mais em 2017."

EM OBRAS - Indicadores do mercado imobiliário

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Depois do lay-off

A construtora MBigucci vai investir cerca de R$ 94 milhões até o fim deste ano na construção de três empreendimentos residenciais na Grande São Paulo.

Os edifícios, que somam 356 unidades e têm lançamento previsto para novembro, serão na zona sul da capital paulista e em Santo André e São Bernardo do Campo, na região do ABC.

"Esses vão ser os primeiros edifícios que iremos lançar neste ano. Em 2015, foram seis novos empreendimentos", diz Milton Bigucci, presidente da companhia.

A empresa aproveitou a menor demanda por terrenos para reforçar seu banco de lotes. "Compramos 60% a mais que no ano passado, cerca de 15 locais, com um aporte de R$ 120 milhões."

A crise das montadoras também pesou para a queda de lançamentos das construtoras naquela região, avalia.

"Ainda assim, sofremos menos do que as companhias que só investem em São Paulo, pois, de forma geral, os imóveis no ABC são 20% mais baratos e atraem quem pode gastar menos."

"Mesmo que o nosso cliente não trabalhe para uma empresa do setor automotivo, a queda do mercado de veículos afetou indiretamente a economia daqueles municípios e pesou na decisão de compra das famílias."

363
é o número de prédios já entregues pela construtora

9.000
é o total de apartamentos

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Desempenho de fundos do Brasil está acima do dos americanos

A solvência dos fundos de pensão brasileiros piorou nos últimos anos, mas é melhor que a de países como o Canadá e os Estados Unidos.

O indicador é o quociente resultante do total dos ativos dividido pela projeção dos pagamentos que o fundo fará aos pensionistas –essas prestações são trazidas a valor presente para o cálculo.

Na média, a solvência dos brasileiros é de 87. Nos EUA e na Inglaterra, é de 81.

"O indicador brasileiro piorou por causa da queda da Bolsa e da renda fixa", diz José Ribeiro, diretor-presidente da Abrapp (associação do setor).

Muitos fundos ligados a estatais tiveram problemas ligados a fraudes e má gestão. "Isso traz déficit, mas nem todos abaixo de 100 são mal geridos", afirma Ribeito.

O número do Funcesp é 83, mas já foi maior, diz Jorge Simino, diretor do fundo, que é o maior de capital privado.

"O ano de 2015 foi duro; as taxas de renda fixa subiram, e os preços caíram."

SAÚDE FINANCEIRA - Índice de solvência dos fundos de pensão

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Vagas para cortes

Os cargos com o maior aumento de demanda neste ano (30%), até agosto, foram os de gerente de impostos indiretos –cujo foco é gerenciar tributos como o ICMS– e o de especialista comercial de seguros, aponta a Michael Page.

"Falta oferta de profissionais voltados à redução de custos. Em geral, são cargos novos, cuja função é ampliar a rentabilidade", diz Henrique Bessa, diretor da empresa.

Outros postos em alta são gerentes de tesouraria (25%) e de reestruturação no mercado financeiro (25%).

PROCURA-SE - Alguns dos cargos executivos mais procurados em 2016

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Contas... Em setembro, 58,2% das famílias brasileiras tinham alguma dívida, segundo a CNC (confederação do comércio). A porcentagem se manteve praticamente estável em relação a agosto (58%).

...a pagar Há um ano, a taxa de inadimplentes era de 63,5%. A maior parte das dívidas (76%) são contraídas pelo cartão de crédito. Em seguida, vêm os carnês (15%) e o financiamento de carros (11%).

De jatinho O Complexo Portobello, que inclui um resort, um condomínio e uma marina em Mangaratiba (RJ), investiu R$ 10 milhões em uma pista de pouso particular para seus hóspedes e condôminos.

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Hora do café

com FELIPE GUTIERREZ, DOUGLAS GAVRAS e TAÍS HIRATA


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