Folha de S. Paulo


Cai o volume de contratos de opção de dólar

Depois de meses de aumento de volume, os contratos de opções diminuíram em agosto -até o dia 25, o dinheiro foi a metade da média mensal deste ano.

Opção é um contrato que permite adquirir uma quantia de dólares por um preço fixo em uma data futura.

Se a moeda estiver mais valorizada do que no contrato, o comprador exerce o direito de compra. Caso a cotação esteja mais baixa, o dono da opção não a exerce.

São um recurso de empresas para se proteger de variação do câmbio ou como aposta em tendência do mercado.

"Uma variável importante do preço das opções é a volatilidade projetada do câmbio, que diminuiu nos dois últimos meses", diz Marcos Pimentel, chefe global de renda fixa do BTG Pactual.

O que é levado em conta não é a variação atual do dólar, mas o quanto o mercado prevê que ele irá se alterar nos próximos meses.

Como a percepção é que haverá estabilidade, o custo das opções caiu, portanto, paga-se menos por elas, diz.

Em julho, os agentes aproveitaram a baixa e compraram, mas em agosto isso não aconteceu, segundo ele.

Na comparação com 2015, o valor em opções cresceu. Esses negócios podem ter tido alta pelo fato de empresas terem se valido dele para fazer hedge -proteção contra flutuação da moeda.

"Há tempos recomendo hedge via opções", diz Victor Mansur, da XP Investimentos. Geralmente, isso é feito por outro tipo de contrato.

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Perto de um final feliz

Na contramão da crise, o movimento nas salas de cinema do país aumentou 10% de janeiro à primeira semana de agosto, segundo a Ancine (agência que regula o setor).

O público passou de 113,9 milhões para 125,4 milhões de um ano para o outro, com um faturamento de cerca de R$ 1,75 bilhão, em 2016.

Do total de espectadores no período, 84,3% foram aos cinemas para assistir a títulos internacionais.

"O mercado é resiliente e tende a crescer, enquanto outras formas de entretenimento mais caras passam por um momento difícil", segundo Manoel Rangel, diretor-presidente da entidade.

A expectativa é que o movimento neste ano feche com uma alta de 10% a 12% maior que o de 2015, diz.

O atraso na entrega de shopping centers tem prejudicado a inauguração de salas de cinema, segundo entidades do segmento.

"As redes reclamam de adiamentos. Há uma carência de projetos, sobretudo no interior, e nossa oferta, per capita, é menor que no México e Chile, por exemplo", diz Caio Silva, da Abraplex (dos multiplex).

Como a demanda cresceu, o empresário tem buscado, quando pode, reformar unidades existentes, para aumentar a capacidade delas, afirma Marcelo Lima, da Expocine (do setor).

"São poucas salas para muitos títulos. Isso foi visível no primeiro semestre deste ano. O que ocorre é filmes de sucesso ficarem menos tempo em cartaz do que o público gostaria."

Dos 28 shoppings centers previstos para abrir em 2016 pela Abrasce, 11 foram finalizados.

Nos últimos dois anos, cerca de metade das inaugurações do Cinemark foi comprometida por esse motivo, de acordo com Marcelo Bertini, presidente da rede no Brasil.

"A queda de movimento nesses empreendimentos sempre atrapalha, mas a gente percebe uma inversão da lógica do consumidor, e os filmes viraram chamarizes para as lojas."

Em 2015, a rede abriu nove complexos de cinema. Neste ano, quatro inaugurações estão previstas.

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são os Cinemarks no Brasil

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Vai cair, mas nem tanto

O varejo brasileiro deverá fechar 2016 com um saldo negativo de 230 mil vagas, segundo estimativa da CNC (confederação do comércio).

Caso a previsão se confirme, a força de trabalho encolherá 3% até o fim deste ano -após ter sofrido uma retração de 2,2% em 2015.

Apesar do cenário desfavorável, a entidade reduziu a projeção: em maio, esperava-se que o saldo fosse de 279 mil funcionários a menos.

"É um sinal de vida, não é uma recuperação", diz Fabio Bentes, da entidade. "A confiança do consumidor tem aumentado, mas é preciso que as condições de crédito melhorem e que a inflação dê sinais de que está controlada."

Nos últimos 12 meses até julho, os melhores resultados foram das farmácias e drogarias -que geraram 13,6 mil vagas- e supermercados, que abriram 7,6 mil postos.

"Todos os setores que não dependem de crédito se saem melhor agora. Vestuário e calçados perderam quase 60 mil vagas, o comércio automotivo, quase 48 mil. A recuperação desses segmentos também deverá ser mais lenta."

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Dívida fora dos planos

Em agosto, 7,3% dos paulistanos disseram ter planos de contrair um financiamento nos próximos três meses, segundo a FecomercioSP -no mesmo mês de 2015, a taxa já era baixa, de 8,2%.

A intenção de endividamento da população caiu 11,7% em relação ao mesmo período do ano passado.

"Chegamos ao pior patamar histórico do índice, que deve ficar nesse nível enquanto os dados de emprego e renda não melhorarem", diz Guilherme Dietze, da entidade.

O número de pessoas com algum tipo de aplicação aumentou no período: 42,1%, contra 39% em 2015.

A maioria (64,3%) opta pela poupança, mas a previdência privada teve a maior alta anual, de 5,1% para 11,7%.

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Estável... Após seis quedas consecutivas, a confiança do consumidor brasileiro se manteve estável no segundo trimestre deste ano, segundo a consultoria Nielsen. É o pior nível desde 2005.

...mas ruim O Brasil ficou abaixo da média de confiança da América Latina, puxada pelo otimismo dos peruanos e colombianos. No ranking mundial, os primiros colocados são Filipinas, Índia e Indonésia.

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Hora do café

com FELIPE GUTIERREZ, DOUGLAS GAVRAS e TAÍS HIRATA


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