Folha de S. Paulo


Cresce a autuação de operações não comunicadas ao Cade neste ano

Neste ano, empresas já desembolsaram no Cade (conselho de defesa econômica) R$ 31,5 milhões em multas ou acertos com a autarquia por causa de fusões e aquisições que começaram a se efetivar antes de notificação ao órgão.

Foi a maior soma já registrada —equivale a dez vezes o valor de 2015.

Até este mês, o Cade fez ao longo de 2016 três autuações de fusões de companhias que ignoraram a necessidade de passar pela autarquia antes. Em 2015, foram dois casos.

Uma única operação, a da Cisco com a Technicolor, levou ao pagamento de R$ 30 milhões ao governo.

"O prazo do órgão para aprovar fusões complexas é de, no máximo, 360 dias, mas as empresas podem querer fechar a operação rápido", diz Cristianne Saccab Zarzur, sócia do Pinheiro Neto.

Nem todos os casos são complexos, lembra Tito Amaral de Andrade, sócio do Machado Meyer.

"Há empresas que alegam não saber que é necessário notificar. A lei antiga permitia que se fechasse antes de avisar o órgão", segundo afirma o advogado.

Para tornar a regra mais conhecida, em 2015 o Cade publicou um manual sobre quais uniões devem ser submetidas a aprovação prévia.

Em parte, a lei é consequência do caso Nestlé-Garoto, de acordo com Zarzur, do Pinheiro Neto.

O Cade proibiu a venda depois de ela já ter se concretizado. Passados 12 anos, as partes ainda esperam uma decisão final da Justiça.

cade

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Triplo salto cirúrgico

O Hospital Sírio-Libanês amplia o seu complexo cirúrgico. Localizado em uma torre nova, já construída, a ala de cirurgias está sendo equipada —um investimento total de R$ 59 milhões.

As 14 salas para operações, que devem ser abertas em meados de 2017, receberão R$ 40 milhões —R$ 23 milhões só em equipamentos. Na mesma área, começa a funcionar no próximo dia 29 um centro pré-operatório para acomodar os pacientes [antes das intervenções] com quartos e banheiros privativos.

"O fluxo é otimizado, não se perde tempo. Um mesmo anestesista faz todos os procedimentos. A enfermagem da área é especializada em cirurgia", diz o CEO Paulo ChapChap.

O hospital acaba de abrir um centro de esterilização de material, departamento que dobra de tamanho ao ocupar 1.200 m².

Com aporte de R$ 18,5 milhões, a unidade é toda automatizada e cresce em capacidade, afirma.

"O aumento de cirurgias minimamente invasivas demanda equipamento diferente para manter a qualidade da esterilização."

R$ 1,641 bilhão foi o faturamento bruto consolidado em 2015

6.094 são os funcionários (231 médicos contratados em regime CLT e 4 mil cadastrados)

462 é o número atual de leitos antes da expansão

Bruno Santos/Folhapress
Paulo Chapchap, CEO do Hospital Sírio-Libanês
Paulo Chapchap, CEO do Hospital Sírio-Libanês

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Cosa nostra

Roubos a transportadoras de valores no Brasil causaram os maiores prejuízos às resseguradoras especializadas nesse setor em Londres, onde se concentram essas empresas, diz Fábio De Biase, gerente de riscos da JLT Re.

"Nos últimos 12 meses, o Brasil gerou mais perdas no mercado que o país que é tradicionalmente o líder de sinistros, a Itália."

A consequência é que, no exterior, há menos empresas dispostas a indenizar seguradoras brasileiras especializadas em transportes de valores, ele afirma.

No mercado de apólices desse setor, 95% dos contratos são ressegurados, diz Alessandro Gonçalvez, professor da Escola Nacional de Seguros. "As empresas do segmento são poucas e transferem quase todo o risco."

Neste ano, as transportadoras perderam R$ 135 milhões em assaltos.

crime

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Vai querer sacolinha?

Metade dos paulistanos que fazem compras em mercados dizem pagar sempre por sacolas plásticas, aponta a Plastivida (entidade do setor).

Ainda assim, desde que o item começou a ser cobrado, em 2015, a produção destinada à cidade de São Paulo caiu 60%, diz Alfredo Shmitt, diretor da Abiel (de embalagens plásticas). A capital representa 10% da demanda do país.

Em julho deste ano, um projeto de lei que previa a volta da gratuidade das sacolas foi vetado pela prefeitura.

Oito em cada dez entrevistados são contra a cobrança.

NO MERCADO - Quantos pagam pela sacola plástica, em %

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Bate e volta O percentual de cheques devolvidos até julho chegou ao maior nível desde 2009, segundo o Boa Vista SCPC. Entre janeiro e julho, 2,34% dos emitidos não tinham fundos, ante 2,16% no mesmo período de 2015.

Cobertor curto As vendas do comércio atacadista de tecidos, no segmento de cama, mesa e banho, caíram 4,8% em julho, em comparação a junho, segundo o Sindicato de Tecidos, Vestuários e Armarinho do Estado de São Paulo.

Fraude... A taxa de tentativa de compras fraudulentas em lojas virtuais brasileiras é de 3,83%, segundo a Konduto, que monitora o comportamento de compras on-line.

...noturna Os horários de maior atividade de golpistas (63,6%) é entre 17h e 2h59. O ápice é atingido à meia-noite (7%). O período com menos tentativas é entre 5 e 12h (8%).

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com FELIPE GUTIERREZ, DOUGLAS GAVRAS e TAÍS HIRATA


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