A Lei de Incentivo ao Esporte captou no primeiro semestre deste ano menos da metade que em 2015. De janeiro a junho, R$ 109,1 milhões saíram do papel, segundo o Ministério do Esporte.
A crise diminuiu o ritmo de captação, avalia José Candido Muricy, diretor de incentivo e fomento do ministério. "O governo dá a permissão, mas o proponente tem de buscar as empresas para conseguir levantar os recursos."
O programa ainda segue a passos lentos. Só um terço do total aprovado foi desembolsado desde a sua criação, há nove anos. Dos R$ 5,1 bilhões autorizados de 2007 ao primeiro semestre de 2016, R$ 1,7 bilhão foi, de fato, empregado.
BATEU NA TRAVE - Valores captados pela lei, em R$ milhões
Pela lei, as companhias que patrocinam projetos podem deduzir até 1% do Imposto de Renda, com direito a divulgar suas marcas. Para as pessoas físicas, o abatimento do tributo é de 6%.
As propostas variam: há de organizações sem fins lucrativos criadas por ex-atletas para incentivar a prática de uma modalidade até clubes em busca de apoio para projetos.
"As empresas qualificadas para fazer o aporte são as que declaram imposto sobre o lucro real. Como muitas estão no vermelho, as opções de patrocinador estão restritas", diz Pedro Trengrouse, coordenador de gestão de esportes da FGV.
Com a Olimpíada deste ano e após a retomada da economia, a tendência é que mais propostas aprovadas sejam colocadas em prática, diz ele.
Em outro programa de incentivo semelhante, a Lei Rouanet, da cultura, a dedução de imposto é de até 4%. Tramita no Senado uma proposta para alterar o percentual do esporte para 3%.
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Barreira virtual
Até conduzir a tocha, em julho, Pedro Chiamulera, 52, não havia se empolgado com os Jogos no Brasil. "Na hora, lembrei dos 20 anos em que competi", diz.
O ex-atleta disputou provas de corrida com barreiras nas edições de Barcelona (1992) e Atlanta (1996).
Chiamulera hoje é presidente da ClearSale, desenvolvedora de ferramentas antifraude para compras on-line, que passará a atuar nos Estados Unidos e prepara um sistema para bancos emitirem cartões pelo celular.
"É um grande nicho de mercado, mas há muitos riscos de fraude. Temos desenvolvido um jeito seguro de o cliente receber o cartão digital e agilizar as compras." A companhia diz ter 80% desse segmento.
"Chegava a treinar oito horas por dia, mas ter uma empresa também não é fácil. A gente levou quase oito anos para entrar no azul. O crédito é caro, os impostos são confusos -as barreiras podem ser mais altas."
740
é o número de funcionários
R$ 100 MILHÕES
é a previsão de faturamento
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Sem afogar
A ZAS Construtora vai aportar R$ 27 milhões em dois empreendimentos residenciais na região metropolitana de Porto Alegre.
"Temos investido em casas e torres populares nas cidades do vale dos Sinos. Há vários oportunidades de compra de terreno e grande demanda nesses locais, diz o sócio, Lorenzo Zaluski, 36.
A empresa atua em projetos para as faixas 2 e 3 do Minha Casa, Minha Vida.
"Também temos expectativas com a faixa 1,5 do programa, que deve ser relançada em breve. A busca por moradia nesses estratos de renda é alta, e há chances de bons negócios."
Antes da construtora, Zaluski foi, por duas vezes, campeão mundial de jet ski e também ganhou 13 títulos brasileiros. Ele deixou as competições em 2009.
"A rotina de atleta exige disciplina forte e isso se transpõe para outras áreas de atuação, como os negócios. Só não dá saudade de treinar no inverno gaúcho."
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Abrir a rede
O ex-jogador Giovane Gávio, 45, vai lançar uma rede de franquias de escolas de vôlei para crianças a partir de dez anos. A unidade-piloto deve ser aberta em outubro, em São Paulo.
"Temos pesquisado o mercado e desenvolvido o método há cerca de quatro anos. Coincidirá com esse momento em que as pessoas estão buscando criar novas fontes de renda", diz.
Gávio, que é bicampeão olímpico, também tem uma empresa de palestras e de consultoria de carreira, em que relaciona fundamentos do esporte à vida executiva.
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com FELIPE GUTIERREZ, DOUGLAS GAVRAS e TAÍS HIRATA