Folha de S. Paulo


Crise fiscal faz governos comprarem menos medicamentos, diz entidade

A indústria farmacêutica sentiu a queda nas compras de medicamentos por parte dos governos federal e estaduais. Após crescimento médio de 14% desde 2013, o mercado institucional teve alta nominal de 4% em 12 meses.

Descontada a inflação do período, a queda real é de cerca de 6%, de acordo com a Interfarma, que representa as empresas do setor.

"Entendemos como uma consequência natural da crise fiscal pela qual passa o Brasil. O aperto é ainda mais intenso nas contas estaduais, e os gastos com a saúde não escapam", diz Antônio Britto, presidente da associação.

Hoje, as vendas institucionais representam 31% dos medicamentos do país. As compras do governo equivalem a mais da metade desse mercado, que ainda inclui hospitais e planos de saúde.

A situação tende a se agravar neste ano, ao se considerar que o número de beneficiados de planos médicos vinculados à empresa caiu, como consequência da perda de empregos, lembra.

Além de redução do ritmo de compras, os Estados têm tido dificuldade em honrar os contratos, diz a entidade. Um levantamento da Interfarma feito no fim de 2015 aponta que a dívida com o setor se aproximava de R$ 1 bilhão.

A expectativa da entidade é que as compras públicas de medicamentos só voltem a crescer a partir do ano que vem, caso a retomada da economia se concretize.

"Por enquanto, estamos em um círculo vicioso, se o governo não solucionar o nó em suas contas, o setor deverá sentir a estagnação das vendas por um bom tempo."

DOUROU A PÍLULA - Vendas para o mercado institucional, em R$ bilhões

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BISTURI FRANQUEADO

Uma nova rede de hospitais, a Dealmed, vai trazer ao país um modelo de "franquias" para centros de cirurgias de baixa e média complexidade.

Nele, os médicos fazem o investimento inicial, utilizam a estrutura para suas operações e participam dos resultados.

Os dois primeiros serão no Rio –o primeiro deverá abrir em oito meses. Outros quatro, em fase final de negociação, deverão ficar em São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre.

A Dealmed atua como gestora da rede: estabelece um padrão de gestão das unidades e se responsabiliza pela compra de equipamentos e materiais.

"Com uma escala maior, paga-se menos pelos insumos e é possível negociar com operadoras de planos de saúde com mais facilidade", afirma o sócio da rede, Roberto Tolomei.

A criação do modelo no país começou a ser idealizada há cinco anos, diz ele. "É um formato comum nos Estados Unidos."

R$ 10 milhões
é o custo médio do hospital

de 3 a 6 salas
terá cada unidade

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PORTAS GIRATÓRIAS TRAVADAS

No primeiro semestre, o número de agências e postos bancários caiu 2,6% em relação ao fim do ano passado no país, mostram dados do Banco Central, compilados pela consultoria Boanerges & Cia.

Se confirmada a tendência de fechamento de lojas físicas, será a segunda diminuição –a primeira foi em 2015, uma redução de 8%.

Os bancos públicos lideraram uma expansão que durou de 2007 –início da série temporal– até 2014.

DIRIJA-SE AO CAIXA AO LADO - Evolução de agências e postos

Os estatais não diminuíram as lojas, nem mesmo em 2015 e 2016, mas desaceleraram as aberturas. Como os privados fecharam as portas, o saldo ficou negativo.

A crise contribuiu para a diminuição, afirma Vitor Meira França, consultor associado. Outro fator, no entanto, foi mais decisivo, segundo ele: a digitalização.

"Os bancos privados saíram na frente na informatização, e a produtividade das agências deles caiu antes."

No ano passado, os pagamentos pela web representaram 73% daqueles feitos em pontos físicos. Em 2011, eram menos de metade.

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RENTABILIDADE QUE NÃO SE VIA

Os fundos de pensão, que já tiveram melhores resultados no primeiro trimestre deste ano em relação ao ano passado, devem ter, com algumas variações, fechado o semestre mais positivos.

Na Funcesp, maior fundo patrocinado por empresas privadas do país, a rentabilidade acumulada nos seis primeiros meses deste ano foi de 13,75% –o resultado é 6% acima da meta atuarial para o mesmo período (7,7%).

O fundo atingiu R$ 26,3 bilhões de patrimônio.

Houve alta dos ativos tanto de renda fixa quanto de renda variável. Cerca de 85% da carteira da fundação, os investimentos em renda fixa, obtiveram rentabilidade de 14,38% nos seis meses.

A alocação em renda variável –10% dos investimentos da Funcesp– rendeu 23,01%.

A alta foi impulsionada pela perspetiva de impeachment, mas o mercado pode estar exagerando, diz Jorge Simino, diretor de investimentos da Funcesp.

"Ainda é cedo para dizer que 2016 será completamente bom para os investimentos. A recuperação tem se mostrado firme, mas ainda há muitas incertezas no cenário."

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Emprego... Os profissionais temporários mais demandados nos próximos 12 meses pelo setor financeiro serão os gestores de projetos, segundo uma pesquisa feita pela consultoria Robert Half com cem diretores financeiros do país.

...efêmero O principal benefício de recrutar temporários é poupar custos, seguido de melhora de desempenho, afirmaram os entrevistados. Menos da metade (45%) disse que essa é uma solução de alto nível de eficiência.

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HORA DO CAFÉ

com FELIPE GUTIERREZ, DOUGLAS GAVRAS e TAÍS HIRATA


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