Folha de S. Paulo


Governo quer mexer na lei de recuperação judicial

O governo estuda alterar a lei de recuperação judicial para reduzir o risco de interessados em comprar empresas em dificuldades. Para a equipe econômica, não faz sentido que o passivo de um grupo contamine o ativo.

Um exemplo sempre lembrado é o caso da OAS, que tem participação na Invepar, concessionária do aeroporto de Guarulhos.

A empresa conseguiu um interessado a quem vender, fazer dinheiro e pagar credores, lembra um membro graduado da equipe econômica.

A canadense Brookfield, que havia oferecido R$ 1,35 bilhão pelos 24,4% na Invepar, mas desistiu do negócio em razão dos riscos.

"Todo o potencial passivo trabalhista da OAS pode, dependendo da interpretação do juiz, contaminar a Invepar e quem comprar a participação da empresa. O comprador pode herdar o risco desse passivo, o que não ocorre nos Estados Unidos", diz.

"Faz sentido a lei americana porque para comprar uma empresa em recuperação, é preciso ter a concordância da maioria dos credores. Então, se a maioria deles aceitou a aquisição, não há nada a reclamar depois."

O correto é não contaminar quem comprou porque os credores concordaram que é melhor receber o dinheiro.

Do jeito que está a lei hoje, mesmo que a maioria dos credores esteja de acordo, um credor pode ir à Justiça e o juiz mandar pagar, o que assusta os investidores em potencial.

A prioridade, por ora, é acertar a macroeconomia. "Quando o país começar a crescer, vamos ter de entrar na discussão de como crescer mais", afirma.

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REVISIONISMO DE TAXAS

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) quer a revisão de um decreto que rege as medidas contra subsídios de produtos importados, assinado pelo país em 1995.

Entre as medidas pleiteadas pela entidade, estão a facilitação da abertura de processos de investigação e a maior eficácia ao aplicar medidas que compensem os subsídios estrangeiros, sobretudo por parte da China.

"Há programas estatais de apoio para alavancar setores específicos e que trazem muitos prejuízos para as empresas brasileiras", afirma Carlos Abijaodi, diretor da CNI.

As mudanças no decreto são necessárias para facilitar a abertura de processos contra subsídios e a caracterização de mecanismos proibidos pela Organização Mundial do Comércio, afirma a entidade.

"Não queremos criar barreiras com estrangeiros, apenas concorrer em pé de igualdade dentro de regras internacionais estabelecidas", acrescenta o executivo.

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IMPRESSÃO DE FORA

Ricardo Borges/Folhapress
Alejandro Tomás, presidente no Brasil da fabricante de impressoras

A japonesa Ricoh, de equipamentos e soluções de impressão, vai investir US$ 110 milhões (cerca de R$ 355,6 milhões) em sua filial brasileira, que hoje atua como importadora.

O objetivo central será disponibilizar mais capital à companhia para financiar a compra de equipamentos, diz o presidente da Ricoh no Brasil, Alejandro Tomás.

Um dos objetivos é crescer no mercado de artes gráficas e de ensino superior –com sistemas de gestão de dados para empresas e cartões inteligentes para os alunos.

A companhia também planeja participar de mais licitações públicas.

"Para entrar no setor, é preciso ter um balanço local forte. O aporte vai fortalecer nosso patrimônio", afirma Tomás.

A empresa planeja ampliar a receita de seus serviços de tecnologia de informação, que hoje representam 7% do faturamento –até o fim deste ano, a fatia deverá chegar a 12%.

R$ 350 MILHÕES

foi a receita no país em 2015, alta de 25%; neste ano, deverá ser de R$ 400 milhões

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Janela para captação de recursos fora pode abrir logo

Karime Xavier / Folhapress
Hans Lin, diretor executivo do banco de investimento americano no Brasil

As captações de empresas brasileiras recursos no exterior recuaram com a crise, mas uma nova janela de oportunidade deverá se abrir em breve para essas operações.

Para Hans Lin, diretor executivo do banco de investimento do Bank of America Merrill Lynch no Brasil, o referendo que decidiu pela saída do Reino Unido da União Europeia acabou tendo impacto bem menor que o esperado pelos mercados.

"Pode ser que ainda neste mês de julho, tenhamos uma retomada de operações de renda fixa, ainda que não tão grandes como as realizadas por companhias como Vale, Cosan e Eldorado Celulose", afirma o executivo que há algumas semanas imaginava que os mercados estariam mais ativos só após as férias no hemisfério norte.

"Já há empresas com operações à espera dessa janela", diz Lin, cujo departamento no banco participou de cinco das seis principais emissões de renda fixa dos últimos quatro meses.

captações - Principais emissões de renda fixa dos últimos três meses:

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Ladeira... O volume de vendas de pneus caiu, em unidades, 2,6% nos primeiros cinco meses deste ano, em relação ao mesmo período de 2015, segundo a Anip (associação da indústria). Em toneladas, a queda foi de 5,7%.

...abaixo As exportações do setor seguem em alta de 22,6%, o que manteve o superávit em U$S 337,35 milhões (cerca de R$ 1 bilhão). As vendas a montadoras, porém, diminuíram 22,6% e às do mercado de reposições, 2,2%.

HORA DO CAFÉ

com FELIPE GUTIERREZ, DOUGLAS GAVRAS e TAÍS HIRATA


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