Folha de S. Paulo


Crise faz arrecadação de SP cair R$ 3 bi

O município de São Paulo deve arrecadar R$ 3 bilhões a menos do que o previsto para este ano por causa da crise econômica, segundo fontes da Secretaria de Finanças.

A previsão da receita foi feita no meio de 2015, quando os economistas diziam que haveria crescimento de cerca de 0,5% do PIB neste ano.

O último Boletim Focus aponta recessão de 3,71%.

Uma parte da arrecadação varia de acordo com a atividade econômica.

VARIAÇÃO NOMINAL - Trajetória de receita com impostos de janeiro a maio

VARIAÇÃO NOMINAL - Trajetória de receita com impostos de janeiro a maio

O repasse de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) ao município diminuiu 1,8% em termos reais, entre janeiro e maio, na comparação com o mesmo período de 2015.

O ICMS é arrecadado pelos Estados, mas 25% são transferidos às prefeituras, de acordo com uma fórmula que muda anualmente.

O índice de participação da capital caiu nas últimas décadas, à medida que a indústria se instalou no interior.

A partir da Constituição de 1988, o cálculo inclui refinarias e usinas, o que torna menor a fatia da capital.

O ISS, imposto municipal sobre serviços, foi 2,32% maior, mas a expectativa era de crescimento de 3,4%.

O ISS e o ICMS têm comportamentos diferentes por causa da base de arrecadação: o imposto estadual incide mais sobre a indústria.

"É o setor mais atingido pela depressão no país, e isso afeta duramente o ICMS -ainda mais de Estados dependentes de importações", afirma José Roberto Afonso, pesquisador do Ibre/FGV.

No orçamento, a previsão era de uma receita total de R$ 54 bilhões. Um desfalque de R$ 3 bilhões representa 5,5%.

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Importação de máquinas tem pior resultado em sete anos

Reflexo direto da queda de confiança do empresário, a compra de bens de capital do exterior teve, de janeiro a abril, o pior resultado registrado em sete anos, segundo a Abimei (entidade do setor).

Nos quatro primeiros meses de 2016, a importação de máquinas e equipamentos somou US$ 7,3 bilhões (R$ 25,4 bilhões), uma baixa de 32,2% em relação a 2015.

"É uma questão de credibilidade da economia, de ser possível enxergar um horizonte", diz Paulo Castelo Branco, presidente da associação.

Diego Padgurschi /Folhapress
Daniel Dias de Carvalho, sócio-diretor da importadora
Daniel Dias de Carvalho, sócio-diretor da importadora

Se comprar menos de outros países pode sugerir uma queda de dependência dos fabricantes estrangeiros, sem equipamentos adequados, a indústria nacional tende a perder competitividade para exportar no futuro, lembra.

Na Fagor Automation, fabricante espanhola que vende máquinas no Brasil, a "retrofitagem" (reforma) de máquinas em uso tem garantido a receita em tempos de crise.

"O setor metalúrgico e as empresas voltadas para o mercado de energia eólica têm ajudado nas importações, mas muitos investimentos já foram feitos e há um limite", diz Daniel Dias de Carvalho, sócio-diretor da empresa.

"O empresário só voltará a investir quando ocupar a capacidade ociosa, desenvolver projetos e ver que não tem maquinário adequado", diz Ennio Crispino, da Eurostec.

Tecnologia gringa

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Linhas tortas

A desvalorização do real não ajudou nas exportações de livros brasileiros, que recuaram 29% em volume entre 2014 e o ano passado, segundo pesquisa da CBL (entidade do setor).

Em 2015, o número de obras vendidas ao exterior foi de 2,1 milhões. Se considerado o faturamento com as vendas, a queda equivale a 18%.

Como as dez maiores importadoras de livros diminuíram suas compras em 2015, as exportações do Brasil sofreram, avalia Luís Antonio Torelli, presidente da CBL.

LETRA MIÚDA - Variação do mercado de livros de 2014 a 2015, em %

"A perspectiva de que as vendas no mercado interno cairiam também contribuiu para que as editoras voltassem esforços para o Brasil." No país, a baixa nos exemplares vendidos foi de 13,8%. "Só os livros de colorir ajudaram."

Para este ano, a expectativa do setor é ao menos repetir os resultados de 2015, mas não devem crescer.

O volume de obras vendidas para o governo federal, que têm as bibliotecas públicas como principal destino, caiu 14,9% no período, como resultado de cortes de gastos.

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Cloro em baixa

A indústria de cloro reduziu em 7,6% sua produção nos primeiros quatro meses deste ano, na comparação com o mesmo período de 2015, aponta a Abiclor, entidade do setor. A produção de soda cáustica também diminuiu 8%.

A queda foi puxada pela retração da demanda industrial no país, afirma Alexandre de Castro, novo presidente da associação e diretor da Braskem.

"A queda também se acentuou em abril, porque algumas fábricas passaram por manutenção", diz ele.

Mesmo com a redução no custo da energia, responsável por 45% dos gastos, a perspectiva para este ano é de novas quedas em relação a 2015.

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Gelada para levar

O brasileiro tem levado mais cerveja para casa. O consumo do produto em canais de autosserviço era de cerca de 60% do total no primeiro trimestre deste ano, aumento de 3% em relação a 2015.

Os dados são da CervBrasil (que reúne fabricantes do setor) e de estudo da Nielsen.

"A gente também percebeu que muitas empresas do setor têm inovado em produtos de tamanhos diferentes, para se adequarem aos hábitos do consumidor", diz Paulo Petroni, presidente da associação.

A estimativa é que 70% do volume de cerveja consumido nos lares seja em lata.

"Temos uma diretoria voltada para o autosserviço, e lançamos uma lata de tamanho maior para contemplar a tendência do consumidor de dividir uma cerveja", diz Eliana Cassandri, da Petrópolis.

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Reforço... O quadro de examinadores de patentes do Inpi (instituto de propriedade industrial) vai subir 36% a partir desta quinta-feira (9), quando tomarão posse 70 pesquisadores, com a presença do ministro do Mdic, Marcos Pereira.

...extra O prazo médio de espera para pedidos de patente é de 10,9 anos, e o total de solicitações na fila é de cerca de 211 mil. O instituto ainda aguarda a nomeação de outros 30 examinadores já aprovados em concurso público.

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HORA DO CAFÉ

Editoria de Arte/Folhapress
Charge Mercado Aberto de 3.jun.2016

com FELIPE GUTIERREZ, DOUGLAS GAVRAS e TAÍS HIRATA


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