Folha de S. Paulo


Compra de moeda estrangeira tem queda de 21% no trimestre

A compra de moedas estrangeiras pelos brasileiros caiu 20,9% nos três primeiros meses deste ano em relação ao mesmo período de 2015, segundo o Banco Central.

Nas aquisições de moeda em espécie, o tombo foi de 35,6% no primeiro trimestre deste ano. As transações caíram de US$ 2 bilhões (R$ 6,5 bilhões) em 2015 para US$ 1,3 bilhão (R$ 4,7 bilhões).

"As negociações aumentaram um pouco em março, pela demanda represada, mas a expectativa com a economia pesou", diz Wilson Nagem, da Abracam (das corretoras de câmbio). "Em algumas corretoras, houve queda de 40%."

DÓLAR FURADO - Compra de moeda estrangeira, em US$ milhões

Para as operações com cartão de crédito, a queda ocorreu também porque o consumidor brasileiro repensou compras de itens de baixo valor agregado em sites estrangeiros, sobretudo da China e dos Estados Unidos, diz Carlos Eduardo de Andrade Júnior, do Banco Bonsucesso.

De janeiro a março, as operações desse tipo com cartões de crédito somaram US$ 578,3 milhões (R$ 2 bilhões). No primeiro trimestre de 2015, o total era de US$ 1,1 bilhão (R$ 3,6 bilhões) -queda de 47%.

"De forma geral, o faturamento bruto em dólar caiu", diz Maurício Salvador, presidente da ABComm (associação de comércio eletrônico).

A entidade revisou a previsão de crescimento para o comércio eletrônico neste ano. Até o fim de 2015, imaginava-se aumento global de 18%. Agora, a estimativa é fechar 2016 com uma alta de 8%.

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ÂNGULO RETO

A multinacional Schüco, de sistemas de fachadas, janelas e portas, investirá cerca de R$ 35 milhões neste ano no reposicionamento da alemã no Brasil.

A marca de esquadrias de alumínio, que já tinha forte atuação no segmento de edifícios corporativos, vai lançar produtos para residenciais de alto padrão no país.

Karime Xavier/Folhapress
Jolanta Avgeris, presidente no Brasil da empresa de esquadrias
Jolanta Avgeris, presidente no Brasil da empresa de esquadrias

"Agora é um ótimo momento para investir", diz a polonesa Jolanta Avgeris, presidente da empresa no Brasil. "O país tem grande potencial e a camada de luxo, em que atuamos, passa um pouco melhor pela crise."

A reestruturação das operações também envolve a contratação de funcionários e o treinamento de parceiras nacionais que trabalham com sistemas da empresa.

€ 1,5 BILHÃO
foi o faturamento global da empresa em 2015

4.800
é o número de funcionários

72 PAÍSES
têm escritórios ou subsidiárias

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PESSIMISMO ESTRUTURAL

"Se o [novo] governo der errado, não terminar, o desastre vem muito rápido", disse Luis Stuhlberger, gestor da Verde Asset Management, que tem o principal fundo multimercado brasileiro, nesta terça-feira (17), em reunião com clientes. Stuhlberger, cuja equipe já havia afirmado na semana passada em relatório que a "Bolsa reflete um exagero de otimismo em relação ao governo Temer", acrescentou que "não acha provável que o pior cenário".

De mais positivo na economia, ele vê a redução a quase zero do déficit em conta corrente, devido ao colapso das importações, o que gera a solvência externa do país.

Mas o que mais surpreendeu foi a resiliência do investimento direto no Brasil. "O valor de US$ 50 bilhões é bastante alto para o padrão do país e em crise, cai bastante."

Outro fator favorável foi a queda da inflação de serviços, o que ajudará o Banco Central a reduzir juros."

Entre as possibilidades de concretização, citou terceirização, concessões e a desvinculação de receitas.

Para Stuhlberger, um dos problemas é que o Congresso não se deu conta da gravidade da situação e resistirá a tomar medidas duras. "Infelizmente, austeridade sem reformas não resolve, só traz dor."

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FILA NO NOVO GOVERNO
EXPECTATIVAS dA INDÚSTRIA TÊXTIL

A retomada da confiança é a principal expectativa da indústria têxtil.

"O mercado interno está muito reativo. É preciso acelerar a agenda de mudança e retomar o consumo", diz o presidente da Abit (entidade do setor), Rafael Cervone.

Uma das principais demandas é um programa de estruturação do segmento de confecção, no qual predominam microempresas.

"O limite do Simples deve ser ampliado para que as confecções possam crescer e ganhar escala sem perder os benefícios", afirma.

Um projeto de estímulo ao setor já havia sido apresentado ao governo, mas estava "parado com o Ministério
da Fazenda", diz Cervone, há cerca de quatro anos.

Outra demanda é um programa de integração das cadeias produtivas, "da fibra ao varejo", para ganhar tempo e escala no desenvolvimento dos produtos.

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O QUE QUER O SETOR

> Programa de estímulo às confecções
> Simplificação tributária
> Integração das cadeias produtivas
> Estímulo à exportação

RAIO-X Abit
R$ 126,8 bilhões
foi o faturamento do setor têxtil em 2015

R$ 16,8 bilhões
é o deficit da balança comercial

1,5 milhão
de empregados diretos

33 mil
empresas formais no país

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VIZINHOS EM PESO

O número de turistas sul-americanos subiu 9,15% entre 2014 e 2015, segundo dados da Embratur.

Eles representaram 3,4 milhões de visitantes -54% do total no ano passado.

A alta anual foi maior que a do ano anterior, que havia sido de 6,7%, mesmo com a a Copa do Mundo no país.

A quantidade total de turistas estrangeiros, no entanto, caiu 1,9% em 2015.

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RESULTADO REDUZIDO

A receita total das micro e pequenas empresas paulistas em março deste ano foi de R$ 46,6 bilhões, R$ 7,3 bilhões a menos que no mesmo mês de 2015, segundo dados do Sebrae-SP (de apoio às micro e pequenas empresas).

Por setores, as quedas de faturamento foram de 14,9% para o comércio, 13% nos serviços e 10,9% na indústria.

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HORA DO CAFÉ

Editoria de Arte/Folhapress
Charge Mercado Aberto de 17.mai.2016

com FELIPE GUTIERREZ, DOUGLAS GAVRAS e TAÍS HIRATA


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