Folha de S. Paulo


Crise trava negociações com o governo, dizem entidades

Há meses, entidades de diferentes setores privados têm adiado suas negociações com o governo federal por conta da indefinição política no país.

"Desde dezembro do ano passado nossas conversas com os ministérios da Casa Civil e da Fazenda estão suspensas", afirma Bento Alcoforado, presidente da Abióptica.

A entidade negocia a realização de um programa de certificação e de combate a produtos ilegais no setor ótico.

As indústrias menos centrais à economia são as mais afetadas, diz. "Mesmo com um novo governo, haverá tantas demandas, que [as pautas] não serão priorizadas."

A troca no comando do ministério da Saúde também fez com que fossem paralisadas as PDPs (parcerias de desenvolvimento produtivo), segundo a Abimed, de fabricantes de equipamentos médicos.

Segundo o cronograma, a lista com os novos produtos que fariam parte do programa deveria ter saído até o fim de abril, o que não foi feito, diz o presidente, Carlos Goulart.

"Houve uma reunião com o atual ministro, mas o que foi dito é que a pasta está aprimorando o sistema. Isso rompe a sequência de uma política que já estava em andamento."

As negociações com o Congresso também estão em compasso de espera. Desde o início do ano, a Abinee, de eletroeletrônicos, espera a derrubada de um veto da presidente que determina a elevação da carga tributária do setor.

"A derrubada já foi acertada, mas a pauta está trancada", diz o presidente da associação, Humberto Barbato.

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MERCADO MADURO

A Bayer pretende incrementar sua atuação no Brasil em medicamentos para o tratamento de câncer.

Com a liberação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a alemã passará a comercializar no país a partir do mês que vem um medicamento destinado ao tratamento de câncer gastrointestinal.

"O Brasil é um mercado importante para o grupo. Nosso faturamento com fármacos cresceu 12% em 2015, e a expectativa é manter em dois dígitos neste ano", diz Laura Gonzalez-Molero, presidente da Bayer HealthCare Pharmaceuticals para a América Latina.

Moacyr Lopes Junior - 14.mai.2015/Folhapress
Laura Gonzalez-Molero, presidente da divisão da farmacêutica para a América Latina
Laura Gonzalez-Molero, presidente da divisão da farmacêutica para a América Latina

Com o envelhecimento da população, há grandes oportunidades para os próximos anos de crescimento na produção de remédios destinados às áreas de oncologia e cardiologia, diz.

R$ 10 BILHÕES
foi o resultado de vendas da Bayer no Brasil em 2015

3 PLANTAS
tem a empresa no país -uma em Belford Roxo (RJ) e duas em São Paulo

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Vendas da construção têm leve alta em fevereiro

As vendas do varejo da construção civil tiveram alta de 4,8% em fevereiro na comparação com mês anterior, segundo dados dessazonalizados da Abramat (da indústria de materiais de construção).

"A alta é pontual, não reflete uma melhoria expressiva do setor, que ainda enfrentará muitas dificuldades até o fim deste ano", diz Walter Cover, presidente da entidade.

Os resultados devem melhorar gradualmente, mês a mês a partir de maio, segundo Cover. "Mas isso se dará porque a base de comparação é muito baixa. O ano passado começou a ficar difícil para o setor a partir de abril."

A expectativa da entidade é que o varejo da construção caia até 3% neste ano, e as vendas para as construtoras recuem de 12% a 13%, já considerada a inflação.

O segundo semestre terá como fator decisivo o desenlace das crises política e econômica, que fazem com que o consumidor repense obras.

"Em um virtual governo Temer, o novo presidente vai ter um período curto para mostrar resultado, ou a população começará a se virar contra ele. Ainda terá que lidar com o mesmo Congresso que não fez reformas até agora."

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SÓLIDOS E GENÉRICOS

O laboratório Aché vai ampliar em 150% a capacidade de sua fábrica em São Paulo para elevar a produção de medicamentos sólidos -a maior parte deles, genéricos.

"É preciso elevar a fabricação para acompanhar a demanda, que vem em forte crescimento no país", afirma o diretor industrial da empresa, Márcio Freitas.

Em 2015, a procura pelos genéricos aumentou 19,5%, enquanto a dos medicamentos regulares subiu 9%, segundo o laboratório.

Neste ano, R$ 12 milhões foram investidos no sistema que vai ampliar a produtividade do centro paulista, e outros R$ 70 milhões estão previstos para o desenvolvimento das fábricas da empresa.

70 milhões
de unidades de genéricos é a produção prevista para 2016

4.500
são os funcionários da empresa no país

3
são as fábricas: em Guarulhos, São Paulo e em Anápolis (GO)

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Passa... O pedido de desculpas e a lista de medidas para aprimorar licitações de obras públicas da Andrade Gutierrez vinham sendo propostos há tempos por pessoas próximas de acionistas de empresas envolvidas na Lava Jato.

...a borracha Além de tentar virar a página para que as empreiteiras voltem a trabalhar para o setor público, é importante, segundo esses conselheiros, ter novas regras para alterar o ambiente propício à corrupção.

Cofre fechado Para um desses interlocutores, porém, faltou enfatizar um dos principais problemas de quem faz obra para governos: a dificuldade de receber. A corrupção, lembra, não ocorre apenas no momento da contratação.

Energia A Coppe/UFRJ e a China University Petroleum lançam o Instituto China-Brasil de Tecnologia Submarina.

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HORA DO CAFÉ

Editoria de Arte/Folhapress
Charge Mercado Aberto de 6.mai.2016

com FELIPE GUTIERREZ, DOUGLAS GAVRAS e TAÍS HIRATA


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