Folha de S. Paulo


Oficinas mecânicas ganham espaço com tombo de venda de carros novos

Com seguidas quedas nas vendas de carros novos, o volume de serviço em oficinas mecânicas cresceu 26,3% no primeiro bimestre deste ano no Estado de São Paulo, e o tíquete médio subiu 3,25% de janeiro para fevereiro.

Os dados são do instituto de pesquisas Cinau, que usa como base de preços a média dos valores do ano passado, diz o diretor Marcelo Gabriel.

O mercado de veículos novos caiu 27,8% no primeiro trimestre, anunciou a Anfavea, a entidade do setor, nesta quarta-feira (6).

As pessoas têm ficado mais tempo com os carros antigos, afirma Antonio Fiola, presidente do Sindirepa (sindicato das oficinas).

"No mercado de usados, vendedores e compradores fazem reparos antes e depois das transações. Tudo isso se reflete em mais movimento nas oficinas", diz ele.

A melhora dos números desse setor não é recente: no ano passado, a receita teve aumento real de 5%, e o volume de serviços foi 12% maior.

Na cidade de São Paulo, o nível de atividade alcançou índices semelhantes ao período de implementação da inspeção veicular, quando houve um pico de busca por oficinas mecânicas.

A tendência é que a demanda pelo serviço continue alta no segundo semestre, segundo Fiola.

As oficinas mecânicas ligadas às concessionárias podem enfrentar uma diminuição de clientela. As garantias dos carros vendidos nos anos de pujança começam a vencer.

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Desperdício de energia cresce com quedas no setor industrial

A queda da produção industrial aconteceu a um ritmo mais acelerado do que a redução de consumo de luz no setor, o que fez com que a eficiência energética nas empresas diminuísse.

Consumo de energia - Em GWh

Um levantamento feito pela Abesco (associação de conservação de energia) mostra que a indústria teve uma produção 8,3% menor no ano passado, mas as empresas usaram 5,3% a menos de energia nesse período.

A discrepância é significativa, porque o consumo de energia é importante nesse segmento da economia, afirma Alexandre Moana, presidente da Abesco.

"Algumas cargas precisam ser acionadas independentemente do volume de produção: para uma fábrica funcionar, as luzes têm que estar acesas da mesma maneira para uma ou mil peças na linha de manufatura."

Há muitos setores nos quais as máquinas precisam estar ligadas o tempo inteiro, diz Marcelo Azevedo, economista da CNI –ele cita como exemplo os altos-fornos de siderurgia, uma indústria que usa bastante energia.

Um fenômeno semelhante acontece com outros fatores de produção, notoriamente a mão de obra, ele afirma.

"As empresas treinam os seus funcionários e há o receio de perdê-los. No passado recente, a produção caiu muito antes do aumento do desemprego no setor", diz.

Consumo de energia - Em %

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ENGORDA DE PRODUÇÃO

Para duplicar sua produção de suplementos para gado até o fim deste ano, a multinacional DSM vai investir ao menos R$ 110 milhões no país.

O aporte será usado na ampliação da fábrica em Mairinque (SP) e na modernização da planta.

Karime Xavier/Folhapress
SÃO PAULO / SÃO PAULO / BRASIL -05 /04/16 -16 :00h - Retrato de Maurício Adade, presidente da DSM. ( Foto: Karime Xavier / Folhapress). ***EXCLUSIVO***MERCADO ABERTO
Maurício Adade, presidente da multinacional na América Latina

A companhia possui outro centro voltado à nutrição animal, em Pecém (CE), voltado às regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Há planos, ainda sem data, para que a fábrica atenda à exportação, diz o presidente da DSM na América Latina, Maurício Adade.

Nos últimos quatro anos, a receita com o segmento de nutrição dobrou, impulsionado por aquisições como a Fortitech, de suplementação humana, e a Tortuga, voltada a animais.

"Por enquanto não devemos ter novas operações, a estratégia agora é extrair o valor das companhias que foram compradas."

Outra área de investimentos no país é a produção a partir de biotecnologia.

"No entanto, ainda precisamos atingir uma tecnologia economicamente viável e encontrar parceiros que justifiquem os aportes."

US$ 1,1 bilhão
foi o faturamento da DSM na América Latina em 2015

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CORTE MAIS PROFUNDO

Duas em cada dez empresas nacionais devem contratar em 2016, segundo pesquisa da PageGroup, que ouviu 6.222 executivos da América Latina entre dezembro de 2015 e fevereiro deste ano.

Entre os brasileiros, 76% acreditam que o desemprego no país vai subir em 2016.

TERMÔMETRO LATINO - Foco dos investimentos em 2016, em %

A taxa ficou acima da expectativa, afirma Gijs van Delft, presidente do grupo. "Antes, nossa avaliação era que os cortes necessários já haviam sido feitos em 2015."

No país, 49% dos executivos pretendem investir menos neste ano, enquanto, na América Latina, 36% têm intenção de aportar mais em 2016 que no ano anterior.

"O México tem aproveitado o crescimento americano e a crise no Brasil, já que parte dos investimentos migram para lá." Argentina e Peru também se mostraram otimistas.

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Vim para...
Os meses de janeiro e fevereiro registraram a abertura de 409 postos de trabalho no setor de recuperação de crédito, segundo monitoramento do Instituto Geoc, que reúne empresas do setor.

...cobrar
"Na contramão do resto do mercado, o volume de contratação do setor cresceu, pois a demanda e a dificuldade de efetuar cobrança também aumentaram", avalia Jefferson Frauches Viana, presidente da entidade.

Curry
A Paranapanema fez a primeira embarcação de produtos de cobre para a Índia. A empresa busca diversificar destinos de venda e exportou o equivalente a R$ 2,5 milhões.

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HORA DO CAFÉ

Editoria de Arte/Folhapress
Charge Mercado Aberto de 7.abr/2016

com FELIPE GUTIERREZ, DOUGLAS GAVRAS e TAÍS HIRATA


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