Folha de S. Paulo


Preço de medicamentos sobe quase 30% abaixo da inflação em 15 anos

A inflação dos produtos farmacêuticos ficou 29,6% abaixo do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2001 a 2015, segundo levantamento do Sindusfarma, que representa o setor.

Se considerado o período, os preços dos produtos médicos tiveram alta de 117,6%, enquanto o IPCA geral teve aumento de 166,9%.

CONTA DA FARMÁCIA - Variação de preços (em %)

"Variou abaixo da inflação devido à maior concorrência entre medicamentos similares e à entrada de opções de genéricos no mercado nos últimos anos", diz Nelson Mussolini, do Sindusfarma.

No ano passado, o preço dos remédios subiu 6,9% - abaixo do índice geral, que fechou 2015 em 10,67%.

A tendência é que a diferença nos aumentos de valores se mantenha nos próximos anos, segundo Mussolini. "Mas variar abaixo da inflação não significa que as pessoas estejam se tratando menos."

Na última semana, uma resolução da Cmed (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) fixou em 12,5% o reajuste máximo permitido aos fabricantes na definição dos valores desses produtos.

Em 2015, o maior aumento autorizado foi de 7,7%. Um ano antes, havia sido de 5,68%.

"Agora o reajuste foi mais alto, pois recompõe perdas que as empresas tiveram recentemente. A maior parte delas se deveu às altas de energia elétrica e do dólar."

A entidade estima que 95% da matéria-prima utilizada em medicamentos atualmente no país seja importada.

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NOVAS ÁREAS

Preocupada com a perda de mercado por causa da recessão, a Intel Security busca entrar nos segmentos de educação, saúde e agronegócios no Brasil.

Danilo Verpa/Folhapress
Christopher Young, presidente da empresa de segurança de dados
Christopher Young, presidente da empresa de segurança de dados

"Os executivos daqui me dizem que as verbas para segurança de dados não crescem, mas não diminuem", diz Christopher Young, presidente da empresa de sistemas de antivírus, proteção de redes e criptografia.

Para reforçar a atuação na América do Sul, o número de engenheiros deverá dobrar e chegar a 500 -ele não diz quantos serão do Brasil.

A empresa é de 2010, quando a fabricante de processadores Intel adquiriu a McAffee, de antivírus. A diversificação segue: "Energia e internet das coisas são áreas interessantes", afirma.

US$ 55,4 bilhões
foi a receita da Intel em 2015

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ANDAIME VAZIO

A construção civil fechou 23,99 mil postos de trabalho em fevereiro em todo o país, segundo dados do Sinduscon-SP (sindicato do setor). A queda é de 0,83% no mês, na comparação com janeiro.

NÃO ESTAMOS EM OBRAS - Vagas perdidas da construção, em mil

"Muito desse cenário se deve à atual paralisia das obras públicas e de infraestrutura, que são responsáveis por empregar um grande contingente de trabalhadores", lembra José Romeu Ferraz Neto, presidente do Sinduscon.

Em 12 meses, foram demitidos 467,7 mil operários, de acordo com a entidade.

"As reformas conseguem movimentar o setor, mas são insuficientes para absorver a mão de obra. Muitos empreendimentos serão entregues no segundo semestre, e não há perspectiva de novas oportunidades de trabalho."

A entidade prevê mais cortes para os próximos meses.

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FUNDO DO POÇO

Após uma alta de 6,9% no começo deste ano, a confiança do pequeno e médio empresário voltou a cair 0,7% no início do segundo trimestre, segundo índice do Insper, feito com apoio do Santander.

"A expectativa era de uma queda maior. A estabilização, ainda que a níveis baixos, pode indicar que a confiança chegou ao fundo do poço, mas pelo menos não deve cair mais", diz Gino Olivares, pesquisador à frente da pesquisa.

PEQUENOS PESSIMISTAS - Índice de confiança de PMEs

A queda foi puxada pelo setor de comércio, que apontou como principal entrave o aumento de impostos.

A percepção está ligada à alta na tributação nos Estados e municípios, afirma Olivares.

Além disso, as novas regras do ICMS em operações interestaduais elevaram o gasto administrativo das empresas com tributação, diz o advogado tributarista Miguel Silva.

Confiança por setor - Em %*

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INDÚSTRIA BOLADA

A mudança na tributação do fumo picado, usado em cigarros feitos manualmente, mudou os planos da Souza Cruz de investir no mercado.

A empresa lançou em 2015 dois produtos do tipo em São Paulo, Ribeirão Preto, Belo Horizonte e Natal, e tinha o plano de levá-los ao resto do país neste primeiro semestre.

A nova forma de cobrança, segundo a fabricante, elevará os impostos em 70%. Com isso, o projeto de expansão passa por reavaliação.

Hoje onerado em R$ 0,50 por quilo, o fumo será cobrado, a partir de maio, por meio de alíquota de 30% em cima do preço de venda.

A Hi Tobacco, empresa especializada no setor, não espera um grande impacto.

"É um nicho, há uma tendência de troca do industrializado pelo tabaco", diz o diretor Renato Volonghi.

Em 2015, a companhia ampliou seu portfólio de 1 para 17 produtos, e sua receita cresceu 35%. A empresa também passará a exportar para Japão, Israel, Uruguai e Argentina.

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Manda
Para não perder prazos, 81% dos escritórios de contabilidade retificam declarações de Imposto de Renda, segundo a WK Prosoft, que entrevistou 7.000 pessoas.

Social
Para entrar em contato com devedores, a Siscom, que cobra inadimplentes de bancos, adquiriu um programa para saber quando as pessoas usam redes sociais.

Grande...
O Brasil é o país com mais seguro de propriedade na América Latina, com prêmios que ultrapassam os US$ 6,5 bilhões (R$ 24 bilhões), segundo a Swiss Re.

...e pequeno
No entanto, a penetração desse produto entre donos de residências é de 0,3%, menos do que no Chile (0,53%), onde há mais riscos relacionados a terremotos.

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Editoria de Arte/Folhapress
Charge Mercado Aberto de 6.abr.2016

com FELIPE GUTIERREZ, DOUGLAS GAVRAS e TAÍS HIRATA


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