Folha de S. Paulo


Advogados dão recomendações de como se portar caso a PF bata à porta

"Antes a Polícia Federal chegava e levava aquele monte de laptops. Agora os funcionários perguntam: Você tem mandado para levar esses equipamentos?", conta uma advogada que dá treinamento de como se portar em caso de uma operação de busca e apreensão na empresa.

Na semana passada, a PF, na 26ª fase da Lava Jato, voltou mais uma vez à Odebrecht para novas investigações na sede da companhia.

"Buscas são específicas e conforme vão surgindo outros indícios e informações, há necessidade de coleta de mais informações de outros executivos", explica um advogado que trabalha em uma das empresas.

"Os mandados têm de detalhar andares e pessoas a serem investigados, além de objetivos da operação", ensina a advogada em seu curso.

Não são apenas as companhias sob a mira do Ministério Público no caso do petrolão que têm contratado cursos para orientar empregados como se comportar em uma ação policial.

"Fizemos o treinamento, que foi útil, apesar de orientações meio ingênuas, como a de levar os policiais para uma sala e servir cafezinho, enquanto tomamos outras providências. Será que a PF ficaria lá?", pergunta-se um advogado de uma multinacional brasileira, de fora do circuito óleo e gás/empreiteiras, acusada de envolvimento em um caso de corrupção.

"É um horror na hora em que a PF entra", conta uma pessoa que acompanhou operações. "Executivos tentam até 'comer' papéis..."

Dado o nervosismo diante dos policiais, muitas empresas acabaram nem sabendo que documentos foram levados e ficaram no escuro.

A recepção do prédio já deve ser orientada a acionar o diretor jurídico e o advogado externo assim que a PF chegar à empresa.

"É preciso acompanhar os policiais onde forem, ver o que investigam e tirar cópia do que é visto ou apreendido por policiais", recomenda.

"E não destruir documentos e dados eletrônicos", diz frisar a clientes. Outro conselho é dar treinamento de TI para funcionários. A PF costuma pedir uma senha master para acessar todos os computadores, que deve ser conhecida, e a companhia deve gravar arquivos apreendidos. Há empresas que tentam filmar com celular, outras chamam um tabelião para registrar o que foi feito.

"A PF vai para buscar determinadas evidências, não tudo o que encontrar. Além disso, não se deve dar declarações informalmente."

Comunicação de advogado, em princípio, tem sigilo profissional, a menos que seja profissional que atua como executivo. "Por isso, não recomendamos que advogados virem diretores estatutários."

E depois? Deve-se listar o que foi levado. "As autoridades fazem um auto circunstanciado que é assinado por duas testemunhas." A defesa poderá reclamar posteriormente se for investigado algo que não constava do mandado.

"E pedir para funcionários não divulgarem o que ocorreu... para a reputação da empresa não é bom..."

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DISPUTA NO NORDESTE

Filipe Redondo - 20.mai.2010/Folhapress
Francisco Deusmar de Queirós, presidente do conselho da rede de farmácias Pague Menos
Francisco Deusmar de Queirós, presidente do conselho da rede de farmácias Pague Menos

A rede de farmácias Pague Menos vai investir R$ 100 milhões neste ano em 120 novas unidades no país.

A empresa, cujos principais mercados são Ceará e Pernambuco, está atenta à investida de concorrentes, como o grupo DPSP e a Drogasil, na região Nordeste.

A rede abrirá um novo centro de distribuição na Bahia, de R$ 6 milhões, e vai ampliar as unidades de 83 para 100.

"A líder do Estado, que é a rede Sant'Ana, não está em uma boa situação. A ideia é ganhar essa fatia", diz o presidente, Mário Queirós.

A concorrência deve afetar os negócios em um primeiro momento, segundo Deusmar de Queirós, presidente do conselho da rede. "Mas isso não nos preocupa, há espaço no mercado", diz.

846
é o atual número de unidades

R$ 4,97 BILHÕES
foi o faturamento em 2015

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TECNOLOGIA SEM UNIÃO

O número de operações de fusão e aquisição entre as empresas de tecnologia da informação caiu 52% em fevereiro deste ano em relação ao mesmo mês de 2015. Os dados são da consultoria PwC.

Trata-se do setor no qual a redução foi mais intensa -na média geral, a diminuição no período foi de 20%.

Uma das explicações para a queda é o fim da desoneração da folha de pagamentos concedida em 2011, diz Rogério Gollo, sócio da PwC.

No ano passado, as empresas do segmento voltaram a contribuir com 20% dos salários dos funcionários.

"As companhias de TI deveriam ter ficado mais atraentes por causa da alta do dólar, mas a primeira impressão é de perda de competitividade por ser um negócio com uso intenso de mão de obra", afirma Gollo.

No mercado como um todo, houve uma queda da participação de investidores brasileiros em fusões e aquisições, mas os estrangeiros mantiveram um patamar parecido com o do ano passado, aponta a consultoria.

FUSÕES EM FEVEREIRO

FUSÕES EM FEVEREIRO - Por setor

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PANE ELÉTRICA

O setor de eletroeletrônicos perdeu 2.545 empregos em janeiro e fevereiro deste ano -mais da metade do que era esperado para todo 2016.

"Prevíamos 4.000 baixas até dezembro, agora não sabemos mais", diz Humberto Barbato, presidente da Abinee (entidade do setor).

O total de empregados da indústria é de 245 mil postos, patamar de 2007. A redução de vagas em fevereiro foi a 13ª queda seguida _ 48,7 mil foram cortadas em 12 meses.

CURTO-CIRCUITO - Emprego na indústria eletroeletrônica

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HORA DO CAFÉ

Editoria de Arte/Folhapress

com FELIPE GUTIERREZ, DOUGLAS GAVRAS e TAÍS HIRATA


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