Folha de S. Paulo


Raízen projeta margem maior com alta do dólar

A fabricante de açúcar e etanol Raízen -joint venture entre a Cosan e a Shell- projeta um aumento de suas margens nos próximos meses em decorrência da alta do dólar.

A cotação da moeda deverá favorecer os resultados da empresa, que exporta cerca de 60% do açúcar produzido e que teve uma queda de 20,2% nas vendas da mercadoria entre abril e junho em relação ao mesmo período do ano anterior.

"Com certeza, a margem vai aumentar. A desvalorização do real dará competitividade ao nosso açúcar", afirma o vice-presidente da companhia Pedro Mizutani, sem especificar a magnitude do incremento esperado.

"O preço da gasolina mais alto também deverá ajudar [no desempenho da Raízen] ao elevar a demanda de etanol", acrescenta o executivo.

O setor sucroalcooleiro passa por uma crise decorrente da desaceleração econômica brasileira e, sobretudo, do excesso de oferta de açúcar no mundo e dos custos de produção superiores aos valores de comercialização.

"Para nós, este ano já deverá ser melhor do que o passado, mas tem empresas com dificuldades que não possuem nem cana para moer."

Para incentivar a produção de cana, a Raízen fechou uma parceria com o ItaúBBA que disponibilizará R$ 150 milhões em crédito aos produtores parceiros da empresa.

A iniciativa não foi criada por causa da redução de crédito no país, segundo Mizutani. "Faz parte de um programa desenvolvido para fidelizar o produtor de cana."

O convênio oferecerá um crédito de até R$ 2,2 milhões por pessoa. A Raízen produz cerca de 4,1 milhões de toneladas de açúcar por ano.

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Talento de sobra

A crise econômica reduziu as oportunidades para profissionais qualificados no Brasil, segundo uma pesquisa realizada pela consultoria Hays em parceria com a Oxford Economics.

Em 2015, a nota do Brasil foi de cinco pontos (em escala que varia de zero a dez e na qual números maiores indicam mais oportunidades). O resultado é 0,4 abaixo do registrado em 2014, sobretudo pelo impacto da recessão no mercado de trabalho.

A pontuação dada aos 31 países analisados é baseada em indicadores como participação no mercado de trabalho, flexibilidade, incompatibilidade
de talentos e pressão salarial em posições e indústrias especializadas.

Ao contrário do que é notado no país, em nível global, a disputa por talentos tem se intensificado, e os empregadores estão novamente dispostos a pagar por habilidades que estão em falta, de acordo com a Hays.

A média global foi de 5,4 pontos, alta de 0,1 ante 2014.

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Confiança distante

O empresário do Rio Grande do Sul está mais pessimista. Em setembro, o índice de confiança do comerciante caiu 24,4% ante o mesmo período do ano passado, segundo dados da Fecomércio-RS.

A crise econômica também afeta a perspectiva de contratação de temporários. Dos trabalhadores admitidos, só 22,1% deverão ser efetivados. Em 2014, eles eram 50,4%.

"O pessimismo é notado desde o início deste ano e já reflete na intenção de contratação", diz Luiz Carlos Bohn, presidente da federação.

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Hora do Café

com LUCIANA DYNIEWICZ, DOUGLAS GAVRAS e CLÁUDIO RABIN


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