Folha de S. Paulo


Com nova lei, liberação para pequenas usinas deve crescer 550% neste ano

Regras recém-aprovadas sobre a instalação de pequenas centrais hidrelétricas devem destravar cerca de R$ 50 bilhões em investimentos, estima a Abrapch, a associação de empresas do setor.

Publicada nesta segunda-feira (31) no "Diário Oficial da União", a lei estabelece que projetos entre 3 e 30 MW (megawatts) não precisam mais passar por apreciação minuciosa da Aneel.

Agora, a agência de energia irá aprovar um sumário do empreendimento, fixando-se na relação entre potencial hidrelétrico do rio e quanto a usina deverá gerar.

Engenheiros que assinam o estudo se responsabilizarão perante a lei, diz Ivo Pugnaloni, presidente da Abrapch.

"Somados, os projetos que estavam parados na Aneel representam cerca de 7.000 MWs de energia", afirma. É cerca de metade da capacidade da usina de Itaipu.

No mínimo 130 aprovações são esperadas por ele em 2015, 550% a mais em relação a 2014, quando foram 20.

A Electra, do Paraná, é uma das empresas do setor que esperam se beneficiar. "Há documentos que enviei faz oito anos", afirma o diretor Valmor Alves.

Empresários apontam outros gargalos, como demora no licenciamento ambiental e valor de venda da energia. "Nos últimos anos, o preço não atendeu os empreendedores", diz Charles Lenzi, da associação de energia limpa.

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Tecnologia tipo exportação

A indústria nacional de tecnologia assistiva, que engloba próteses e equipamentos usados por pessoas com deficiência, será incluída no trabalho de apoio às exportações da Apex-Brasil (de fomento ao comércio exterior).

O país tem hoje uma fatia de 18% do mercado global, atrás de Estados Unidos e Alemanha. "A ideia é multiplicar essa participação e tentar fazer a indústria nacional virar líder [no segmento]", diz David Barioni Neto, presidente da agência.

Um plano de negócios que indicará potenciais mercados no exterior está em produção em parceria com a Abimo (de equipamentos médicos) e a Abridef (de produtos e serviços para pessoas com deficiência).

Dados prévios mostram que ao menos 30 grupos brasileiros do setor têm capacidade de exportação.

No primeiro semestre deste ano, os embarques de produtos de acessibilidade apenas na área de saúde, como próteses, cresceram 33% em relação ao mesmo período de 2014, segundo a Abimo.

"O potencial é muito maior, pois empresas menores ainda têm dificuldades para exportar, como o custo de obtenção de certificações", diz Clara Porto, da associação. O plano setorial deverá ser finalizado em 60 dias.

US$ 46,7 milhões foram as exportações brasileiras de tecnologia assistiva na área de saúde no primeiro semestre (cerca de R$ 170 milhões)

US$ 35,1 milhões foram as exportações no mesmo período de 2014

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Confiança do comerciante bate recorde negativo

A confiança do comerciante brasileiro atingiu o menor patamar histórico pelo segundo mês consecutivo.

O indicador caiu 0,9% de julho para agosto e ficou em 82,2 (em escala de 0 a 200), de acordo com levantamento da CNC (Confederação Nacional do Comércio).

"Os problemas macroeconômicos se acentuaram bastante neste ano, com a inflação elevada e a taxa de juros para o consumidor em seu nível mais alto", diz Fabio Bentes, economista responsável pelo estudo.

O subíndice com pior desempenho foi o que mensura as condições atuais do comerciante, que marcou 43,2 pontos. As expectativas dos empresários, com 122,3, impediram que o resultado da pesquisa fosse ainda pior.

A CNC projeta a demissão de 122 mil trabalhadores do varejo neste ano. Em 2014, 153 mil postos haviam sido criados no setor.

"De 2007 para cá, não havia registro de fechamento de vagas no comércio", acrescenta o economista da entidade.

Ao todo, foram entrevistadas 6.000 pessoas em todas as capitais do país.

69% dos entrevistados afirmaram que a economia está muito pior hoje que no mesmo período de 2014

24,7% disseram que está um pouco pior

0,9% disseram que a economia está muito melhor neste ano

5,5% afirmaram que está um pouco melhor

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Mercado... A Hermès registrou no primeiro semestre um crescimento real de 9% no faturamento global, com receita líquida de ¬ 483 milhões. O resultado é atribuído ao aumento de 20% nas vendas no Japão e de 10% nos EUA.

...de luxo No resto da Ásia e na Europa, a expansão foi de 7%. Os itens de couro tiveram a maior alta, de 14% nas vendas, graças a um aumento da capacidade produtiva. Acessórios e roupas subiram 8%.

Futuro Apesar das incertezas econômicas, a previsão do grupo para 2015 é crescer 8%, embora projete lucro operacional menor devido ao impacto negativo da flutuação cambial.

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com LUCIANA DYNIEWICZ, LEANDRO MARTINS, ISADORA SPADONI e FELIPE GUTIERREZ


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