Folha de S. Paulo


Setor de higiene pessoal e cosméticos registra a primeira queda em 23 anos

O setor de perfumaria, higiene pessoal e cosméticos fechou o primeiro semestre com uma queda de 1% nas vendas, ainda sem descontar a inflação do período, segundo dados preliminares da Abihpec (associação das indústrias do segmento).

Essa é a primeira baixa registrada em 23 anos. "Desde 1992, quando o setor conseguiu redução da carga tributária e começou a crescer, isso [retração] nunca havia ocorrido", diz João Carlos Basilio, presidente da entidade.

O executivo resume o momento enfrentado pela área como uma "tempestade perfeita", por causa da soma de fatores negativos que levaram à queda de desempenho.

Além da retração do poder de compra ocasionada pela instabilidade econômica do país, a crise hídrica também atrapalhou principalmente a venda de itens de higiene.

"De forma consciente, as pessoas reduziram o tempo ou a frequência de banho, o que causa impacto no consumo de produtos como xampus, sabonetes e condicionadores", afirma o executivo.

Outro fator que se somou à crise foi a decisão do governo, tomada no início deste ano, de passar a cobrar IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) também das distribuidoras de cosméticos.

Para o segundo semestre, Basilio afirma acreditar em um resultado um pouco melhor, puxado sobretudo pelas vendas de fim de ano.

"O Natal de 2015 deverá ser de presentes mais modestos, o que poderá significar um bom espaço para os produtos do nosso setor, na faixa de gastos de até R$ 100."

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Consumo de energia no mercado livre recua 3,66%

A crise econômica e a debilidade da indústria brasileira foram sentidas pelo quinto mês seguido no mercado livre de energia (que envolve grandes consumidores, como indústrias e shoppings).

Em maio, a demanda de energia caiu 3,66% em relação ao mesmo mês do ano passado, de acordo com índice da comercializadora de energia Comerc.

Os setores de veículos e autopeças, eletromecânica e de materiais para construção civil puxaram a retração, com -12,31%, -11,73% e -10,32%.

Dos dez segmentos analisados pela empresa, apenas o de embalagens registrou alta –de 1,86%.

Em relação a abril deste ano, o desempenho foi um pouco melhor. Nessa base de comparação, o consumo de energia avançou em metade dos setores pesquisados.

Os segmentos têxtil, higiene e limpeza, materiais de construção civil, siderurgia e metalurgia e alimentos tiveram uma alta na demanda de 3,17%, 2,23%, 2,07%, 0,32% e 0,09%, respectivamente.

No geral, porém, houve recuo de 0,71%.

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Bichos sob cuidados

Mesmo com a retração do varejo causada pela crise econômica, o mercado de saúde animal deverá encerrar o ano com um desempenho positivo, de acordo com o Sindan (sindicato que representa a indústria do setor).

A estimativa é que o segmento cresça de 5% a 7% em 2015, segundo projeção da comissão de animais de companhia da entidade.

Apesar da expectativa de alta neste ano, a evolução deverá ocorrer em um ritmo mais lento na comparação com períodos anteriores. Nos últimos quatro anos, a área de saúde animal avançou em um ritmo médio de 8%.

O segmento movimenta anualmente cerca de R$ 10 bilhões, em um mercado de baixa concentração.

Os grandes grupos do setor representam apenas 7% de participação, enquanto o restante está diluído entre pequenos empresários, de acordo com o estudo do órgão.

Pet shops que possuem profissionais de saúde, hospitais e clínicas veterinárias são responsáveis por 47,3% do faturamento.

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Hora do café

com LUCIANA DYNIEWICZ, LEANDRO MARTINS e ISADORA SPADONI


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