Folha de S. Paulo


Setor de chocolate registra recuo de 9,97% na produção

A produção brasileira de chocolates diminuiu 9,97% no primeiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2014.

Pelo menos desde 2012, o segmento recua nos três primeiros meses do ano. Em 2015, no entanto, a queda foi a mais acentuada já registrada pela Abicab (associação brasileira da indústria).

Em 2014 e 2013, as retrações ficaram em 2,11% e 3,49%, respectivamente.

"O setor vinha crescendo anualmente a dois dígitos até 2010, depois manteve um patamar de estabilidade e agora, em 2014, tivemos essa queda", diz Ubiracy Fonseca, vice-presidente da entidade.

Editoria de Arte/Folhapress

"O trimestre foi muito cruel, com aumento de inflação, dólar [elevado], [reajuste do preço do] combustível, [novos] impostos e problemas políticos", acrescenta.

"[Esses entraves] geraram manifestações, criando um clima de instabilidade."

O executivo afirma que poderá haver uma pequena recuperação a partir do segudo trimestre. Mesmo assim, o resultado do ano deverá ser negativo, mas com uma queda menor do que a verificada nos três primeiros meses.

A entidade não tem informações sobre demissões no setor. Para a Páscoa, no entanto, as empresas elevaram em 10% o número de trabalhadores temporários.

O incremento pode ser explicado em parte devido ao aumento do número de lojas, que demandou mais promotores de vendas.

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Mais que a passagem

Após a aquisição de 100% do capital da B2W Viagens, anunciada nesta quarta (27), a CVC pretende ampliar o tíquete médio das vendas pelo Submarino Viagens.

A nova empresa do grupo é voltada para um público mais jovem, com menor poder aquisitivo, que compra passagens aéreas avulsas e faz viagens mais curtas, segundo Luiz Eduardo Falco, presidente da CVC.

"São perfis diferentes, mas queremos tentar alavancar com outros produtos, como diárias de hotel para a pessoa que comprou o aéreo e vai ficar mais de um dia no destino."

As lojas físicas e o site da CVC, por sua vez, atendem um público que busca pacotes mais elaborados, cruzeiros e viagens em grupo, segundo Falco.

Raquel Cunha/Folhapress
Luiz Eduardo Falco, presidente da operadora de turismo, que anunciou compra da B2W Viagens
Luiz Eduardo Falco, presidente da operadora de turismo, que anunciou compra da B2W Viagens

"Trabalharemos com os mesmos parceiros, o que agregará ao Submarino Viagens mais possibilidades de negociação com redes hoteleiras e locação de carros, por exemplo."

Com a aquisição, a participação das lojas físicas na receita da CVC vai passar de 95% para 85%. A estimativa é que as vendas on-line tripliquem.

Hoje, a empresa tem cerca de 900 lojas franqueadas. A previsão é alcançar mil até o fim do ano.

Somente para o Nordeste, principal destino da CVC no país, foram embarcados 487 mil clientes no primeiro trimestre de 2015, alta de 11% em relação ao mesmo período de 2014.

R$ 120,7 milhões foi o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado no 1º trimestre de 2015

R$ 1,3 bilhão foi o volume de reservas confirmadas no período

8.000 são os funcionários

3,4 milhões são os embarques por ano

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Sete quedas consecutivas

O setor da construção civil registrou a sétima queda mensal consecutiva no nível do emprego. Em abril, foram fechados 25,4 mil postos de trabalho, o que representa um recuo de 0,78% na comparação com março.

Em relação a abril do ano passado, a retração foi de 9,21%, segundo pesquisa do SindusCon-SP (sindicato do setor do Estado) e da FGV.

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"As decisões de investimentos estão paradas há cerca de oito meses. [A redução no emprego na indústria da construção] tende a se agravar", afirma Eduardo Zaidan, vice-presidente da entidade.

A projeção é que 10% do total das vagas sejam fechadas neste ano. No fim de 2014, eram 3,3 milhões de pessoas empregadas pelo setor.

Zaidan afirma que um aumento na concessão de crédito não é suficiente para alavancar o segmento.

"Começamos a ter desemprego, a poupança está caindo e a inflação em alta. O crédito sempre ajuda, mas não resolve. O que resolve é um crescimento sustentável da economia do país."

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Custo da saúde

A adoção no Brasil de um método de classificação de pacientes já usado em outros países poderia reduzir os custos da saúde, segundo o Iess (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar).

Conhecido como DRG (grupos de diagnósticos relacionados, em inglês), o sistema considera conjuntos de pacientes com doenças semelhantes ao calcular os pagamentos a hospitais por operadoras de saúde ou governos.

Hoje, no Brasil, o preço é estabelecido de forma individual, para cada procedimento realizado. "O modelo brasileiro é de conta aberta, o que incentiva o desperdício", diz Luiz Augusto Carneiro, superintendente do Iess.

Na Alemanha, a aplicação do DRG possibilitou uma redução de 25% do orçamento hospitalar no período de 2005 a 2009, segundo a entidade.

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Dívida em alta, varejo em baixa

O número de consumidores endividados no país passou dos 61,6% em abril para 62,4% neste mês, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio.

"Não é uma alta significativa na comparação com o mês anterior, mas é significativa se considerarmos a situação do comércio varejista", diz Marianne Hanson, economista da entidade.

"As famílias se endividaram sem que houvesse um crescimento do consumo."

A parcela de pessoas com contas atrasadas cresceu pelo terceiro mês seguido e chegou a 21,1%. Do total dos entrevistados, 7,4% disseram que não terão condições de pagar suas dívidas.

com LUCIANA DYNIEWICZ, LEANDRO MARTINS e ISADORA SPADONI


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