Folha de S. Paulo


Prioridade da Natura será recuperar mercado

"O importante agora é iniciar o processo de recuperação de espaço no mercado [brasileiro]." A frase é do diretor-presidente da Natura, Roberto Lima.

A companhia perdeu 1,4 ponto percentual de 'market share' no país entre janeiro e outubro de 2014 e viu seu lucro encolher 13% no ano. Desde 2011, o grupo vem dando espaço a concorrentes.

A estratégia para reverter o desempenho é se aproximar do consumidor. Nesta sexta (13), a empresa lança uma nova plataforma para conectar cliente e vendedor.

Eduardo Knapp/Folhapress
Roberto Lima, presidente da empresa
Roberto Lima, presidente da empresa

O consumidor que enviar uma mensagem por celular para a Natura receberá retorno do consultor que estiver mais próximo –uma espécie de Easy Taxi dos cosméticos.

"Não acho que o modelo de venda direta esteja saturado. Por isso, estamos investindo para tornar esse canal mais eficiente."

Sobre a atuação no varejo, Lima afirma que a empresa não pretende abrir um grande número de lojas, mas "criar uma rede de pontos para o cliente poder experimentar [os produtos]."

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O projeto, porém, ainda não está em fase de desenvolvimento, garante.

Quanto ao aumento do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), Lima diz que haverá impactos no setor. "Vamos fazer um esforço para ganhar produtividade. Em alguns casos, não será possível não repassar [a alta para o consumidor]."

A ideia é elevar o preço de mercadorias que estão com valores abaixo do mercado.

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Entidade anula patente de medicamento contra o câncer

A PróGenéricos (que representa as indústrias de medicamentos genéricos) conseguiu anular no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual) a patente do medicamento bevacizumabe, usado no tratamento de alguns tipos de cânceres.

É a primeira vez que a entidade ingressa com uma ação de reversão de patente no órgão.

O fármaco movimentou R$ 369,4 milhões no Brasil em 2014. Cada dose custa cerca de R$ 10 mil e é encontrada somente em hospitais particulares ou na rede pública por meio de ações judiciais.

"A anulação vai reduzir o custo do medicamento em pelo menos 25% e dar celeridade às PDPs [parcerias de desenvolvimento produtivo] com o governo para produzir o remédio no país e distribuir no SUS", diz Telma Salles, presidente da PróGenéricos.

Ações no INPI costumam ser mais demoradas que as judiciais, porém, mais eficazes, segundo Pedro Barbosa, coordenador da pós-graduação em propriedade intelectual na PUC-Rio.

"Quando a patente é indeferida no órgão e a farmacêutica recorre à Justiça, ela perde em 60% dos casos."

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Gasto extra

Oito em cada dez consumidores (83%) afirmaram que já tiveram despesas não previstas no orçamento doméstico por causa das crises hídrica e energética, segundo pesquisa da Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito).

A parcela é maior entre os entrevistados que integram as classes D e E: 85%.

O gasto com eletricidade apareceu entre os itens que mais pesaram no orçamento das famílias neste início de ano, atrás apenas de combustível e alimentação.

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O mesmo levantamento mostrou uma deterioração na percepção dos brasileiros sobre as finanças pessoais.

Hoje, 43% afirmam estar em uma situação financeira pior do que no ano anterior. Em 2013 e 2014, os percentuais eram de 24% e 29%, respectivamente.

"O aumento de preços deixará o consumidor mais seletivo sobre a alocação dos recursos ao longo do ano. Isso deverá ocorrer com mais intensidade se houver impacto no emprego", afirma o presidente, Dorival Dourado.

Foram ouvidas 1.477 pessoas para o estudo.

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Compra seletiva

A maioria dos consumidores (82%) brasileiros ouvidos para uma pesquisa da Fecomércio-RJ afirmou que o preço dos produtos é o que mais influencia no ato da compra.

Em seguida apareceram a qualidade dos itens, a marca e o conforto, com 77,1%, 17,9% e 12,1%, respectivamente.

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"Nesse momento de crise econômica, o preço ganhou ainda mais relevância. O brasileiro está seletivo para preservar o seu poder de compra", diz Christian Travassos, economista da entidade.

Quando se analisa o comportamento do consumidor por classe social, 82,8% dos entrevistados da A e da B disseram optar pela qualidade.

Entre os ouvidos dos níveis C, D e E, 80% afirmaram que só compram se o preço do item for compatível com os rendimentos.

Para o levantamento, foram entrevistadas mil pessoas de 70 cidades.

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Desaceleração das máquinas

A percepção positiva dos micro e pequenos industriais paulistas em relação ao faturamento de suas empresas caiu sete pontos percentuais em fevereiro na comparação com o mês anterior, de acordo com levantamento do Simpi (sindicato da categoria).

O índice chegou a 27% -o menor dos últimos seis meses. Em janeiro era de 34%.

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A parcela dos entrevistados que apontou bom desempenho na margem de lucro também diminuiu. Passou de 32% para 27%.

"O capital de giro das companhias caiu e a inadimplência ainda segue em elevação. Quase um quarto das empresas deixou de fazer algum pagamento em fevereiro", afirma Joseph Couri, presidente da entidade.

Para março, a expectativa de contratações deve registrar o maior recuo entre os pequenos negócios: de 30% para 15%, segundo o Simpi.

"Essa perspectiva é um reflexo da retração dos investimentos no setor, que estão praticamente estagnados."

O estudo ouviu 307 pessoas. A maior parte deles está na construção civil (32%) e na indústria têxtil (14%).

com LUCIANA DYNIEWICZ, LEANDRO MARTINS, ISADORA SPADONI e DHIEGO MAIA


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