Folha de S. Paulo


BH planeja concessão de R$ 1,36 bi para garagens

A Prefeitura de Belo Horizonte pretende lançar no início de 2015 a licitação para conceder ao setor privado a construção e a gestão de estacionamentos subterrâneos e rotativos no município.

O projeto prevê um contrato de R$ 1,36 bilhão.

O grupo vencedor terá de implantar cinco garagens subterrâneas, com aproximadamente 2.300 vagas para veículos, e administrar o complexo por 35 anos.

"A região central tem uma série de vias hoje ocupadas por vagas de estacionamento, que poderão ser liberadas integralmente para o tráfego com o sistema subterrâneo", diz Marcello Faulhaber, diretor da PBH Ativos, que é controlada pela prefeitura.

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Além das cinco estruturas obrigatórias, a empresa terá a preferência para implantar, durante o período da concessão, mais quatro garagens, com 1.570 vagas.

"São todos projetos viáveis, mas como é um investimento alto, caberá ao setor privado avaliar essa expansão ao longo do contrato."

O grupo também terá de assumir, por dez anos, o sistema de estacionamento rotativo, que atualmente é administrado pelo governo local.

Hoje, são cerca de 21 mil vagas existentes em ruas do município. A cobrança pelo uso, no entanto, ainda é feita por meio de cartões de papel, o que dificulta o controle de pagamento.

"O modelo é arcaico, ineficiente. A inadimplência é alta, o que significa que praticamente não funciona como um sistema rotativo", diz.

A estimativa é que até 70% dos veículos que usam as vagas não paguem ou excedam o tempo máximo permitido.

Pelo formato de concessão adotado pela prefeitura, o município não terá de fazer aportes no projeto.

Todo o investimento na estrutura será do setor privado, cuja remuneração virá das tarifas cobradas pelo uso dos estacionamentos.

A empresa também terá de pagar uma outorga mensal ao município pelo serviço.

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Recuperação nos teclados

Depois de perder por três trimestres a liderança no mercado nacional de computadores para a chinesa Lenovo, a Positivo Informática recuperou o posto no último trimestre e aposta em novos mercados no exterior.

Depois de vencer uma licitação para fornecer tablets com material educativo ao governo de Ruanda, a empresa constrói uma fábrica no país africano.

A nova planta, que ficará pronta em abril do ano que vem, poderá ser uma porta de entrada no continente. Outros governos da África já demonstraram interesse nos produtos da empresa brasileira, segundo Hélio Rotenberg, presidente da Positivo.

A companhia já tem duas fábricas na Argentina e vende também para o Uruguai.

"Há concorrentes que chegam ao Brasil com uma agressividade enorme", afirma Rotenberg.

"Nós não temos outro país para nos sustentar. Não dá pra fazer loucura."

Com o aumento da disputa pelo consumidor, a Positivo, que tem 16,6% do mercado de computadores, diminuiu suas margens de lucro. Depois de crescer nos últimos cinco anos e dobrar o número de dispositivos vendidos, começou a cortar as "gorduras".

A outra grande aposta são os tablets e celulares, que apesar do crescimento, representam apenas 3% da receita da companhia.

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Indústria de peças deve recuar 30% no país, diz Abinfer

O segmento de ferramentais, que produz moldes, peças e matrizes para a indústria nacional de transformação, prevê encolher 30% nos próximos dois anos, indica a Abinfer (associação do setor).

Entre 2008 e 2013, a cada ano, 10% das ferramentarias encerraram suas atividades.

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O maior entrave tem sido a concorrência com os mercados internacionais, diz Luis Albano, diretor da Abinfer.

"Em razão do nosso custo, não conseguimos fornecer nem um produto competitivo em termos de preço como o fabricado na Ásia e tampouco de valor agregado como o produzido nos Estados Unidos", afirma o executivo.

Hoje, operam no país cerca de 2.000 ferramentarias. A maior parte delas (90%) é de pequeno porte. "O desafio é fazer com que o pequeno tenha acesso ao crédito para conseguir financiar tecnologia", aponta Albano.

Uma parceria ao custo de € 600 mil (R$ 1,8 milhão) entre Senai e o Instituto Fraunhofer, da Alemanha, já capacitou 200 empresas.

"Os empresários têm acesso à tecnologia e vislumbram nichos de mercado", diz André Zanatta, diretor do Senai. Em 2013, a receita líquida das indústrias do setor atingiu a marca de R$ 2,5 bilhões.

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Aposta sueca

A desaceleração econômica é apontada hoje como a maior barreira do mercado brasileiro pelas empresas suecas instaladas no país, segundo a Câmara de Comércio Sueco-Brasileira e a agência Kreab Gavin Anderson S/A.

Em 2013, a queda no ritmo de crescimento do PIB aparecia na quinta posição dos maiores entraves, atrás de impostos, custos, protecionismo e intervenção do governo.

Apesar da crise, 81% afirmam que vão investir nos próximos 12 meses no Brasil. A parcela, no entanto, é menor que a registrada no ano passado, quando 87% previam novos aportes.

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A maioria das empresas (61,8%) afirma que destinará recursos para treinamento. Encontrar profissional qualificado é, para 29,4%, a maior dificuldade interna.

"Achar mão de obra especializada, principalmente em setores específicos, como TI e óleo e gás, é difícil. A demanda por profissionais é maior que a oferta", diz o diretor-executivo da câmara de comércio, Jonas Lindström.

"A mão de obra cara e as incertezas fazem as empresas menores não virem [ao Brasil], mas as grandes suecas estão aqui há muito tempo e já viram essa montanha-russa da economia."

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Expectativa em baixa

A expectativa do consumidor alemão com a economia do país recuou 2,7 pontos em novembro, na comparação com outubro, segundo a GfK.

O indicador marcou 1,6 ponto no mês passado, em uma escala que varia de -100 a 100 (valores mais altos representam otimismo maior).

A queda está ligada ao cenário econômico do país, cuja recuperação deverá ocorrer apenas ao longo de 2015.

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Há ainda reflexos negativos de crises internacionais, como no Iraque, na Síria e na Ucrânia, de acordo com o relatório da consultoria.

Outros indicadores medidos (expectativa de renda e propensão ao consumo) tiveram alta no mês. Foram ouvidas cerca de 2.000 pessoas.

com LUCIANA DYNIEWICZ, LEANDRO MARTINS, ISADORA SPADONI, DHIEGO MAIA e ESTELITA HASS CARAZZAI


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