Folha de S. Paulo


Mais usinas deverão fechar, diz setor de etanol

Mais usinas fecharão caso o novo governo não altere sua política para o setor do etanol, segundo empresas e consultorias do segmento.

À falta de competitividade com a gasolina e o alto endividamento de muitas companhias somou-se a seca, que antecipou o fim da safra. Parte das empresas poderá não conseguir suportar a entressafra mais longa.

"Se for um governo que reconheça erros e que a situação é de emergência, ele poderá ser mais efetivo e focado em buscar soluções", diz o presidente de uma grande empresa do setor.

"Ainda tem muita gente importante para fechar, que não se espera que esteja em situação insustentável. Os nomes e a velocidade da lista dos que irão para recuperação judicial vai impressionar", afirma.

"Para quem já está no sufoco, será indiferente", diz outro executivo.

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A Unica (entidade do setor) afirma que ainda não se pode prever quantas plantas poderão parar em 2015. No setor e em consultorias estima-se que ao menos dez usinas deixarão de processar por dificuldades financeiras.

De cerca de 330 usinas de açúcar e etanol da região centro-sul, 60% correm o risco de fechar as portas ou mudar de dono em dois ou três anos.

De 2008 a 2013, mais de 70 usinas foram desativadas no país e outras 67 entraram em recuperação judicial.

O segmento acusa o governo Dilma Rousseff de ter focado no pré-sal e deixado de lado as políticas pró-etanol.

Até 2008, as usinas se endividaram com empréstimos para expandir a produção e atender ao aumento da demanda por álcool, puxada pelos carros flex.

A partir de 2011, no entanto, sem reajustes de preços da gasolina, o etanol perdeu competitividade e muitas empresas não conseguiram honrar os compromissos.

Só com o fim da cobrança da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) sobre a gasolina, o setor perdeu R$ 10 bilhões por ano, diz Antonio de Padua Rodrigues, diretor da Unica.

Apenas nos últimos dois anos, foram cortados 60 mil empregos diretos no setor produtivo, de acordo com dados da entidade.

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Estiagem piora cenário

A seca que atingiu os canaviais e forçará uma entressafra maior neste ano será um agravante para parte dos produtores de açúcar e álcool.

"Há usinas que pararam [mais cedo neste ano] e que provavelmente não vão conseguir reiniciar em abril de 2015", diz Antonio de Padua Rodrigues, diretor da Unica.

"Acho que não serão muitas, mas também teremos usinas em dificuldades, que não vão honrar compromissos com arrendamento de terra ou fornecedores de cana."

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Até 15 de outubro, 22 empresas concluíram a safra, segundo a entidade. Na mesma data do ano passado, apenas seis plantas haviam encerrado o processamento de cana.

Na região de Ribeirão Preto (SP), uma das principais produtoras do país, algumas fábricas já haviam concluído a moagem no fim de agosto.

Em anos considerados normais, a produção se estenderia até perto de dezembro.

"Não sei como as usinas que não têm crédito nem estoque vão sobreviver durante esse período todo, vai ser uma situação bem difícil."

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Consumo europeu

O poder de compra dos consumidores europeus terá um crescimento médio nominal de 2% neste ano, na comparação com 2013, de acordo com estudo da GfK.

A alta ficará um pouco acima da inflação do período, cuja projeção é de cerca de 1% para 2014 no continente.

O total disponível para despesas e poupança atingirá € 8,83 trilhões (aproximadamente R$ 27,7 trilhões) neste ano nos 42 países avaliados pela consultoria, o que representa uma média por pessoa de € 13,1 mil (R$ 41 mil).

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A lista das dez nações com os maiores valores per capita foi mais uma vez liderada por Liechtenstein, onde o poder de compra dos moradores em 2014 é estimado em € 54,8 mil (cerca de R$ 183 mil).

Maior economia do continente, a Alemanha ganhou uma posição em relação a 2013. A projeção para este ano é de uma média de € 21,5 mil (cerca de R$ 67,4 mil).

A Suécia, por sua vez, perdeu três lugares ante 2013 –a média anual neste ano é calculada em € 21,3 mil (R$ 66,8 mil) por habitante.

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Empresa de MG investe R$ 150 mi em condomínios

A Parcelar Urbanismo, de Minas Gerais, investirá R$ 150 milhões na instalação de dez empreendimentos no interior do Estado. Nove deles serão de loteamento urbano e um de condomínio industrial.

Os projetos serão lançados até 2017. Outros quatro estão em fase de negociação.

"Buscamos cidades que sejam polos regionais, com universidades de referência, como São João Del Rey e Viçosa", diz Gustavo Lobato, um dos sócios da empresa.

A procura pelo interior também está relacionada ao desaquecimento do setor. "Em municípios menores, a concorrência costuma ser menos acirrada", acrescenta.

Os dez empreendimentos somarão 10 mil lotes. O maior deles, com 4.000, ficará em Divinópolis (a 120 quilômetros de Belo Horizonte).

O condomínio industrial foi projetado para Manhuaçu (a 280 km da capital) –cidade produtora de café próxima do Espírito Santo.

O capital aportado é próprio. A Parcelar é formada por sócios que têm participações em companhias de transporte (a transportadora Transavante e a Expresso Unir, que faz a linha entre o aeroporto de Confins e Belo Horizonte), rede de postos e imobiliárias, entre outros setores.

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Dieta europeia

A Guabi, de alimentação animal, investirá R$ 30 milhões para reformular e lançar novos produtos.

O objetivo é alinhar as marcas brasileiras com as da europeia Affinity, com quem a empresa fez uma joint venture no ano passado.

"Passamos a ter referências de inovação internacional e bagagem de uma empresa 'global', mas com grande conhecimento sobre o Brasil", afirma Eduardo Aron, que está há seis meses à frente da companhia.

Uma das primeiras ações é o relançamento da linha mais nobre de rações, que recebeu somente conservantes naturais, segundo Aron.

"A fórmula traz ingredientes que focam em maior longevidade para o animal, uma ação que já é bem explorada em outros países."

A estratégia também inclui uma nova categoria de alimentos úmidos para gatos obesos. Hoje, a Guabi produz apenas rações secas com essa finalidade.

"Do aporte total, investiremos quase R$ 10 milhões em compra de equipamentos para melhorar a qualidade da produção", conclui.

260
é o número aproximado de produtos fabricados para cães, gatos, bovinos, equinos, frangos e suínos, entre outros

2
são as fábricas em operação, em Campinas e em Bastos (SP)

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Carrinho... O índice de intenção de consumo das famílias paulistanas subiu 0,6% de setembro para outubro. Foi a segunda alta consecutiva.

...de compras Na comparação com outubro do ano passado, porém, houve queda de 12,2%, de acordo com dados da FecomercioSP.

com LUCIANA DYNIEWICZ, LEANDRO MARTINS e ISADORA SPADONI


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