Folha de S. Paulo


Novos tempos

A transmissão da final do campeonato de futebol americano é, todos os anos, o programa de TV mais visto –e lucrativo– nos Estados Unidos. Em 2015, a partida decisiva foi vista por 114,4 milhões de espectadores.

Desde 2007, o Super Bowl vem sendo exibido em forma de rodízio por três grandes redes, CBS, Fox e NBC, no primeiro domingo de fevereiro. No Brasil, os direitos pertencem à ESPN, que vai mostrar o confronto entre Denver Broncos e Carolina Panthers a partir das 21h.

Nas mãos da CBS neste domingo, o jogo já assegurou um recorde –cada publicidade de 30 segundos foi vendida por US$ 5 milhões (cerca de R$ 20 milhões). Mas como garantir aos anunciantes, em tempo de perda de espectadores, que a mensagem comercial chegará ao destino?

A CBS vai permitir que a partida seja vista gratuitamente pela internet, sem necessidade de se conectar a qualquer operadora de TV paga. O aplicativo da emissora poderá ser baixado sem custo por quem dispõe de aplicativos como Apple TV, Roku, Chromecast, Xbox One e Amazon.

A emissora já havia feito algo parecido em 2013, mas neste ano, pela primeira vez, os anúncios comerciais serão vistos nos aplicativos enquanto estiverem sendo exibidos na televisão.

Até recentemente, analistas de mídia consideravam que a transmissão de eventos esportivos ao vivo era uma espécie de fortaleza protegida pelas emissoras de TV, onde a internet não entraria.

Na visão do jornal "The New York Times", que publicou reportagem a respeito nesta semana, a facilidade oferecida ao público para ver o Super Bowl vai aumentar a rejeição às operadoras de TV paga, que cobram caro por seus pacotes com centenas de canais.

O jornal cita números da eMarketer, uma empresa de pesquisas, segundo os quais 5 milhões de pessoas "cortaram o cabo" em 2015 nos EUA, um crescimento de 10% em relação ao ano anterior.

Bem mais arraigado e disseminado do que no Brasil, o consumo de TV por assinatura nos Estados Unidos vive a sua maior crise por conta das inúmeras possibilidades oferecidas pela revolução digital.

Para explicar ao seu leitor que ele não precisa de TV paga nem mesmo de internet para assistir ao Super Bowl, o repórter do "New York Times" foi às ruas testar antenas digitais.

Parece cômico, mas as gerações mais novas talvez não saibam ou se lembrem que basta ligar uma boa antena, agora capaz de captar sinais digitais, para ver a programação das grandes redes de TV de graça, como era antes.

EM PÉ OU DEITADO?

Prometendo investir em jornalismo, Gugu Liberato voltou à TV nesta semana "averiguando" se o caixão de Dercy Gonçalves foi colocado em pé ou deitado no seu mausoléu. É impressionante a capacidade do apresentador em piorar com o tempo.

O programa de Gugu está subordinado ao departamento de jornalismo da Record, o que também me espanta. A "reportagem" sobre Dercy durou 70 minutos, calcada integralmente na exploração do "mistério" do caixão. A emissora está se tornando expert em um novo gênero, o "jornalismo de suspense". Ou pseudo-jornalismo.


Endereço da página: