Folha de S. Paulo


Escrito em alemão, livro com teoria racista de Jorge de Lima é traduzido

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O poeta Jorge de Lima, autor do romance
O poeta Jorge de Lima

Um texto quase desconhecido do poeta modernista Jorge de Lima, "Rassenbildung und Rassenpolitik in Brasilien" (formação e política racial do Brasil), ganhará sua primeira tradução em breve.

A tradução é dos pesquisadores Niraldo de Farias, da Universidade Federal de Pernambuco, que encontrou o livro numa biblioteca americana, e Antonio Dimas, da USP. A obra é vista pela dupla como "intrigante e controversa".

Ela foi publicada na Alemanha, em 1934, e aqui, em 1951, sempre em alemão. O prefaciador estrangeiro, Otto Schneider, não tem identidade conhecida. O nome é o mesmo de um agente da SS nazista, mas pode ser um homônimo.

Embora o texto refute pensadores racistas então em voga, as ideias eugenistas prevalecem na obra de Lima, que via na miscigenação uma solução para branquear o Brasil. Com estatísticas, ele "prova" a preponderância dos brancos sobre negros e índios no país.

"Não devemos antecipar conclusões. Primeiramente, é preciso traduzir o livro para a língua portuguesa e pesquisar o contexto em que ele surgiu, relacionando-o a outras obras da época, para não cairmos em anacronismos apressados", diz Farias, que vê o livro em contradição com a obra literária do escritor.

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Imagem de Simplesmente Samuel, da editora A Bolha Credito Divulgacao
Ilustração de 'Simplesmente Samuel' (A Bolha), de Tommi Musturi, narrativa visual sem palavras, cujo protagonista com cara de fantasma caminha invisível

Encalhe A partir do segundo semestre, a Edusp terá um depósito menor do que seu estoque. Por isso, a editora começou uma campanha de doação de 77 títulos para professores e funcionários da universidade.

Encalhe 2 Um e-mail interno mostra que é possível levar quantos livros quiser, num limite de até cinco exemplares por obra. Entre os livros na lista, está o volume com "O Nariz" e "A Terrível Vingança", de Nikolai Gógol, e os dois volumes de "Bibliografia da Impressão Régia do Rio de Janeiro".

Recalque O crítico de arte Sebastian Smee deseja a todas as inimigas vida longa em "A Arte da Rivalidade" (Zahar).

Recalque 2 Smee estuda o relacionamento de artistas consagrados, como Degas e Manet, Picasso e Matisse, para defender a ideia de que a inveja, a competitividade e a traição motivaram o desenvolvimento criativo deles. O livro sai em junho.

Folhetim A editora da UFSCar lança, em julho, "Ao Correr da Pena", com oito folhetins de José de Alencar inéditos em livro. Descobertos pelo pesquisador Wilton José Marques, da universidade, eles foram publicados entre 1854 e 1855.

Trump A Bertrand Brasil publica, no segundo semestre, "No Is Not Enough", livro da ativista Naomi Klein sobre "os males" da era Trump.


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