Folha de S. Paulo


Com estratégia agressiva, Saraiva tenta controlar descontos no mercado

Ironicamente, o preço fixo do livro, visto por críticos como política intervencionista e contra a livre concorrência, pode passar a valer no Brasil em breve -e não implantado pelo Estado, mas pelo mercado. Nas últimas semanas, a Saraiva deixou assustadas 18 editoras que procurou para apresentar seu plano de crescimento para 2016: a rede de livrarias ameaça interromper a comercialização de títulos que tenham sido alvo de promoções na concorrência. Embora haja outras lojas que dão grandes descontos, o nome que os executivos da empresa repetem nessas reuniões é principalmente um: Amazon.

A Saraiva garante que, caso o site americano ou outro concorrente dê descontos maiores que os seus, vai devolver livros às editoras, que consideraram a estratégia muito agressiva, apesar de não verem como reagir, porque a rede é a maior varejista do mercado editorial. Há editor tão surpreso que prefere achar que é blefe e que a Saraiva faz exigências absurdas para conseguir pelo menos parte delas.

Ainda sobre o assunto...

O incômodo da Saraiva com as promoções da Amazon, além de um 2015 que só foi bem porque a rede vendeu sua editora para a Somos Educação, motivou as exigências.

A coluna apurou que editoras já procuraram a Amazon tentando limitar não só descontos, mas outras parcerias. Questionada, a empresa diz apenas que segue a lei brasileira e, por isso, não combina com fornecedores a forma como é estabelecido o preço ao consumidor final.

Uma apresentação em Power Point, à qual a coluna teve acesso, mostra livros da Amazon vendidos a preços menores do que a Saraiva paga por eles -sugerindo que o site vende títulos com prejuízo. Procurada, a Saraiva disse que não comenta estratégias comerciais.

Zuzanna Celej/Divulgação
Ilustração de Zuzanna Celej pra "O Barco das Crianças", livro infantil de Mario Vargas Llosa acaba de lançar no Brasil pela editora Objetiva

Gritos e correria

Daqui a pouco, já vai dar para ouvir os gritos dos adolescentes correndo cheios de energia, como é toda vez. A Bienal do Livro de São Paulo, que acontece entre 26 de agosto e 4 de setembro de 2016, já tem seis autores confirmados para este ano.

Entre os nomes estão Ava Dellaira, autora de "Cartas de Amor aos Mortos" (Seguinte), que está sendo adaptado para o cinema; Jennifer Niven, de "Por Lugares Incríveis" (Seguinte), que também vai para a telona; e Lucinda Riley, que já veio em 2014 mas volta para lançar "A Garota Italiana" e o terceiro volume da série "As Sete Irmãs", ambos da Arqueiro.

Pelo Anhembi, também passarão Amy Ewing ("A Cidade Solitária", ed. Leya), Tarryn Fisher ("A Oportunista", ed. Faro) e Kevin Hearne "Herdeiro do Jedi" (ed. Aleph).

Vai ter dúvida De volta da Feira de Londres, que aconteceu na semana passada, os editores contam que este foi o ano de dar explicações. Editores e agentes gringos queriam saber que diabos está acontecendo no Brasil -e se há um golpe de Estado em curso.

Vai ter dúvida 2 Quem é contra o impeachment disse que sim, quem é a favor disse que não, como esperado. "Devíamos ter feito duas cartilhas para distribuir, para economizar tempo", comenta um editor.

Íidiche A Rocco comprou os direitos de "Here I Am" (aqui estou), novo livro de Jonathan Safran Foer, que narra um mês na rotina de uma família judaica americana. A editora americana Farrar, Straus and Giroux prometeu um novo "O Complexo de Portnoy", clássico sacana e hilário de Philip Roth, que esta coluna aprecia muito. Veremos.

O mandarim A editora Boitempo lança em meados de junho "Estação Perdido" (assim mesmo), do britânico China Miéville, aquele escritor de literatura fantástica que aproveitou o dinheiro de seus livros para fundar um partido de esquerda. A história, primeira de uma trilogia, se passa em Nova Crobuzon, lugar imaginário com outras espécies racionais além dos humanos.


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